Dragão Fashion 2015: o que o Social1 viu e adorou

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 12/05/2015 às 10:00
ivanildo1 FOTO:

Fortaleza (CE) - A 16ª edição do Dragão Fashion Brasil, que se intitula como o maior evento de moda autoral do País, escureceu a passarela na noite de domingo (10), somando 32 desfiles, no novíssimo Terminal de Passageiros do Porto de Fortaleza. Da primeira noite, quinta (7), a renda de Almerinda Maria - associada ao jeans Tencel, em alguns looks - mais as criações modernas de João Paulo Guedes para o guarda-roupa masculino e os cortes elegantes e geométricos de Aládio Marques ficaram exaltados na memória até o último dia de catwalk. Leia mais aqui.

https://www.youtube.com/watch?v=K-m4-5oMxJ0

https://www.youtube.com/watch?v=nSNlbR74kBk

https://www.youtube.com/watch?v=hRWjrXN363A

Na sexta-feira (8), Melk Z-da, único pernambucano a figurar no line-up, encerrou a noite com delicadeza, em coleção inspirada na palha, no lenço e na flor de maracujá. Inovou ao levar noivas para a passarela. Leia mais aqui.

Melk apronta modelo para seu desfile/Foto: Divulgação Melk apronta modelo para seu desfile/Foto: Divulgação

melk Modelos no backstage para o desfile de Melk/Foto: Divulgação

https://www.youtube.com/watch?v=1jvOQrV-nZA

Antes de Melk, no entanto, outros dois desfiles elevaram muito a energia das salas: Bikiny Society e Lindebergue Fernandes. A primeira, da estilista cearense Paula Pinto Villas-Boas, única de beach wear na grade, prendeu os olhos com sofisticação e sensualidade. Paula contemplou o P&B, as estampas e invocou o já não tão mais assediado nude, posto em biquínis e maiôs com belos detalhes de corda azul marinho usadas margeando as peças, como amarrações ou formando estruturas geométricas. Aliás, para as costas e os ombros, Paula fez um trabalho caprichado. Um sutiã, por exemplo, era desprovido de fechamento nas costas - ficava aderente ao corpo por uma estrutura que acabava na parte de trás do ombro. Também saltaram à vista peças de crochê e macramê, feitas inteiramente a mão. O público babou. Paula vive na Suíça, onde criou a marca que só há pouco abriu loja em Fortaleza, e diz que suas inspirações vêm das viagens que faz, por praias do mundo todo, uma vez que o marido é surfista. Conta, ainda, que o conceito da sua marca, casual-chic ou natural-chic, contempla a mulher que vai da praia de Jericoacoara ao verão europeu.

bikiny3 Fotos: Roberta Braga/Leila Motta/Ricardo K.

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https://www.youtube.com/watch?v=SO-o3Nt6QPE

Na sequência, Lindebergue Fernandes levantou ainda mais alto a peteca, ao desfilar coleção afetiva. Primeiro homenageou João Sobarr, estilista cearense de quem era muito amigo, morto no ano passado. Numa alusão à alegria de Sobarr e ao quão noturno ele era, o desfile foi entremeado pelo elenco do espetáculo cearense Quem tem medo de travesti?, que vestia camisetas com expressões do universo queen, como "neca", "close" e "cafuçu". Usando trilha que remetia a um rádio pulando de estação, num caldeirão de sucessos populares, Lindebergue caprichou aplicando o artesanato em propostas novas: pôs homem usando renda, mas fez outras travessias mais possíveis para a moda real - com a renda mesmo, no uso dela em looks, digamos, esportivos. Também se saiu bem com a colocação de pequenas franjas de canutilhos no jeans, inclusive para homens. Sobre sua coleção, ele fala: "Resolvemos reprocessar alguns hits da minha história, desconstruindo e remontando, como um quebra-cabeças composto por peças que se encaixam, mas que, ao mesmo tempo, não formam nenhuma imagem definida". Havia ainda bastante crochê, muitos deles desconstruídos, como que esmiuçando o handmade, tema do DFB. A última peça pesava nove quilos.

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Na noite seguinte, o sábado (9), ninguém foi mais feliz do que Ivanildo Nunes, aplaudido por todos em pé por sua coleção de vestidos de festa, todos pretos, nos mais variados comprimentos. Nunes buscou para a sua roupa referências em Oscar Niemeyer. Havia de curvas a desenhos que remetiam a vitrais. A transparência levada ao máximo por Nunes, em rendas francesas e tules, era de uma elegância desmedida. Alguns bordados desafiavam os olhos, parecendo terem sido colados ao corpo, como tatuagens - ou "como construções sólidas que se lançam no vazio", conforme o estilista apresenta. Em se tratando de modelagem, quase toda a coleção une a silhueta bastante marcada com saias esvoaçantes. As pedrarias entregavam um luxo que fez a passarela brilhar.

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https://www.youtube.com/watch?v=8PAIush7sCk

No domingo (10), último dia de DFB, Ronaldo Silvestre e Gisela Franck causaram as melhores impressões. Silvestre prendeu os olhos de quem viu seu trabalho de criar texturas, e também formas, com técnica de costura de jeans como se fosse viés, sobre seda, criando outro tecido. Vários costurados, juntos, retamente ou formando desenhos que se aproximavam de flores, em sintonia com o tema escolhido pelo estilista, Flores de guerra, baseado no poema A flor e a náusea, de Carlos Drummond de Andrade, que cita uma flor que brota num asfalto rígido. Ótimas criações ficaram a camisa e o casaco vermelhos com estampas florais - que parecem chita - "cortadas" pelos tais vieses costurados, como se fossem nervuras. Silvestre fez um dos desfiles mais felizes, julgando ideia, realização e o quão sua criação é uma roupa-desejo.

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https://www.youtube.com/watch?v=0zV5m7ZtD2o

Por fim, a cearense Gisela Franck desfilou looks elegantes usando a palha em detalhes usuais, como na barra do short. Aqui e acolá uma flor remetendo à fonte que a inspirou - a obra Flor dalinae, de Salvador Dalí. Na coleção, além da palha, Gisela fez uso basicamente de organza de seda, linho puro e gaze de linho.

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https://www.youtube.com/watch?v=tG0_nvsjHH4

* Repórter viajou a convite da organização do evento.

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