A música de Naná Vasconcelos, falecido nesta quarta-feira (9) ingrata, era mais internacional do que nacional, do ponto de vista do reconhecimento do público. Em julho de 2015, em entrevista à gente, ele expôs suas impressões sobre o seu trabalho: o não ser popular, apesar de tocar música popular, e o não estar na moda ou não pertencer a um grupo. A conversa, com a repórter Lindainês Santos, ocorreu por ocasião do workshop orgânico, teoria dele sobre ritmos, com a qual garantia que um gringo batesse palma no tempo da música, acompanhando o ritmo, e não no contratempo. Pinçamos duas frases dessa conversa:
Eu sou o Brasil que o Brasil não conhece. O que toco não faz parte do que acontece na música popular, nem para pular, mas é brasileiro.Cada ritmo de cada lugar se comporta de uma maneira diferente. Eu brinco dizendo que pernambucano brinca, mineiro se esconde, carioca enrola, paulista propaga e consome, baiano beija e ganha tudo (risos)."
Naná Vasconcelos, sobre a própria música
Eu criei esse tipo de ideia, de uma certa forma, por causa da solidão, pois fiquei muito tempo sozinho pelo mundo. O fato de eu não fazer parte da moda me dá o direito de ousar, de ter minhas ideias e expor para o público.Do percussionista sobre a criação do workshop
Foto: Edmar Melo/Arquivo JC Imagem