SPFW: o conforto de Vitorino, a sofisticação de Reinaldo Lourenço, a delicadeza de Isabela Capeto, a Iódice retrô e a estreia d'À la Garçonne

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 28/04/2016 às 7:30
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SÃO PAULO - O terceiro dia de desfiles da São Paulo Fashion Week, nesta quarta (27), foi uma maratona e tanto. Começou no meio da manhã com a roupa confortável de Vitorino Campos, em desfile na Galeria Casa Triângulo, tendo Henri Castelli e Gabriela Pugliesi entre os convidados. O estilista baiano inspirou-se na obra Salto no vazio, do artista francês Yves Klein. Trata-se de uma fotomontagem à época de expedições da Nasa para a lua - na coleção passada, foram fios condutores o filme Interstellar, de Christopher Nolan, e o "planeta rosa". Nessa temática espacial, com um quê de futurista de que tanto gosta, Vitorino viaja com peças que abraçam a pessoa: são descoladas do corpo e feitas de tweed, veludo molhado, malha canelada, piquet de algodão (aquele tecido de roupão), calças jeans folgadas ou de malha do tipo kimono... Nos pés, ainda mais conforto: sandálias de dedo da Melissa em parceria com ele, nas cores preta e branca.

colagem Looks de Vitorino, Reinaldo, Isabela, Iódice e À la Garçonne - Fotos: Agência Fotosite/Divulgação

Na Faap, Reinaldo Lourenço apresentou a coleção Pop couture, com as atrizes Bárbara Paz e Fiorella Mattheis na primeira fila. Na passarela, muitas listras e pregas, inclusive listras que se transformavam em pregas, ou faixas que viravam nesgas. Muitas faixas - vestidos lindos e longilíneos construídos à base de faixas. E, sobre as faixas, quando não listras, poás. Destaque para o laranja usado na coleção e para a botinha prateada que saltava à vista e, fruto de parceria de Reinaldo com a Morena Rosa Shoes.

Já na Fundação Bienal, no Ibirapuera, Isabela Capeto voltou à SPFW de mãos dadas com a Alice de Lewis Carroll. A inspiração, para ser mais preciso, está na adaptação da Disney Alice através do espelho, estrelada por Mia Wasikowska. À frente de um grande relógio vintage posicionado na boca de cena, Isabela quis refletir sobre o tempo e o slow fashion. É que, no filme previsto pra chegar aos cinemas no fim de maio, a personagem terá de lidar com o Senhor do Tempo, "assim como a estilista na produção de seu trabalho artesanal e de sua roupa eterna, sempre a serviço da atemporalidade", diz o texto que apresenta a coleção, na contramão do modelo see now, buy now (veja agora, compre agora), que grifes internacionais e o SPFW têm aderido. Rendas antigas, aplicações, bordados e rebordados, sobretudo de flores, delicadezas tantas, deixam mesmo atemporal a roupa da carioca, que teve a apresentadora Patrícia Poeta entre as convidadas.

Há uma intersecção entre Valdemar Iódice, da grife que leva seu sobrenome, e Alexandre Herchcovitch, que pôs em fila seu primeiro desfile para a À la Garçonne, do marido dele, Fábio Souza. Ambas fizeram reedições nas passarelas. A Iódice usou nós em quase tudo e robes de seda. Nos pés, "sandalhinha" ou saltos altos com bambu. Adriane Galisteu, nora de Valdemar, prestigiou.

No caso da À la Garçonne, a alfaiataria de Alexandre Herchcovitch flertou com clássicos da sua marca homônima (da qual não é mais diretor criativo), como o xadrez. E não à toa: parte dos tecidos é antiga, alguns reciclados até, garimpados entre as coisas dele e também na capital paulista e em Nova Iorque; outros são novos, como o neoprene. Jaquetas militares (resgatadas) receberam pinturas à mão do que seria uma corda náutica - se serve como metáfora, Herchcovitch ancorando outra vez. A marca, do marido dele, existe há oito anos. Primeiro como uma espécie de brechó e depois, e até agora, como loja de móveis e objetos antigos.

*Repórter em viagem a convite do evento

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