São Paulo - O São Paulo Fashion Week estreou sua 43ª temporada nesta segunda-feira (13) com desfiles da Animale, UMA, João Pimenta, Lilly Sarti e Osklen mais a presença do prefeito da capital paulista, João Doria. De volta à Fundação Bienal (a edição passada ocorreu na Arena de Eventos do parque), a semana de moda tem como tema "In-pactos". "Este é um chamado às pessoas para acordarem. Saírem da letargia de um passado sem volta. Um chamado para abraçar o novo e exercer novos pactos. O mundo é de agora para o amanhã", diz um trecho do "Manifesto para um futuro", texto de divulgação do SPFW.
O visual desta edição está menos glamoroso, mais simplista. De destaque, projeções de folhagens "desenhando" sobre as paredes, que salvam a ambiência do monocromático branco da construção de Niemeyer e da falta de cores pelo espaço afora. Mas é um sinal clarividente de que a semana de moda passa por mudanças impactantes, 20 anos depois. Que mexem, inclusive, com o modelo do evento. A edição passada - com o tema "Trans" - já alertava sobre isso, diga-se.
Interior da Fundação Bienal - AgênciaFotosite/Divulgação
Nesta temporada, a falta de nomes de peso, como Ronaldo Fraga, Reinaldo Lourenço, Gloria Coelho, Iódice e também Helo Rocha, abateram o line-up. Decerto que há as novidades... os novos pactos. Uma delas, a estreia da Maison Alexandrine com coleção assinada pelo pernambucano Dinho Batista, a primeira dele. Desfila na quinta-feira (16).
A mudança no calendário da moda, que trouxe esta temporada, antes feita em abril, para este mês de março - e que trará a do fim de outubro para o fim de agosto -, para se aproximar do calendário do varejo e por em prática o "see now, buy now" (veja agora, compre agora), já abreviado como SNBN, fez os estilistas citados acima cancelarem as suas participações e é possível que ainda leve um tempo para ser assimilada.
No mais, entre os jornalistas reflete-se que um dos principais rompimentos que esse novo modelo pode trazer ao São Paulo Fashion Week, e quem sabe já venha trazendo, é com o caráter autoral, a quebra da moda-expressão, arte, provocação, experimentação, para uma moda basicamente comercial. Há quem diga que o SNBN seja o novo "fast fashion", só que com preço mais acima. A conferir os próximos dias e o tempo.
João Doria na fila A do SPFW
Paulo Borges, idealizador do SPFW, com Bia, João e Carolina Doria - Foto: Romero Rafael/Social1
O prefeito de São Paulo, João Doria, esteve com a mulher, Bia, e a filha, Carolina, na primeira fila do estilista João Pimenta, ao lado do idealizador do SPFW, Paulo Borges. Chegou à sala quando todo mundo já tinha se acomodado, com as luzes ainda apagadas. Foi vaiado, mas mais ainda tietado ao fim.
A jornalistas, disse que estava ali para apoiar o evento e os estilistas, "que podem e devem utilizar a cidade como cenário natural para os desfiles". Falou, ainda, que conversou com Borges sobre capitalizar empresas a apoiarem a semana de moda: "Do setor automobilístico, de cosméticos, imobiliário, design... A moda permeia por vários setores, essa é a vantagem".
A Prefeitura de São Paulo reduziu de R$ 5,6 milhões (ano passado, no governo de Fernando Haddad) para R$ 3,5 milhões a verba destinada ao evento. O corte é de 37%. A Folha de S. Paulo, Paulo Borges contou que também perdeu na arrecadação junto aos patrocinadores. São necessários R$ 10 milhões para botar um São Paulo Fashion Week em pé.
Voltando à passarela, Doria e sua entourage viram homens de saia plissada, calças pantacourt, muito volume na peça de baixo e menos na de cima; recortes e bordados na alfaiataria impecável de João Pimenta, ao mesmo tempo, clássica e moderna, elegante e esportiva... Um primor autoral. Que assim conserve!
Criações de João Pimenta - AgênciaFotosite/Divulgação
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