Foi embalada por samba a solenidade que deu a Alcione o título de Cidadã de Pernambuco, na noite desta quinta (31), no Plenário da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). O título, normalmente, é concedido no auditório da Casa Legislativa, mas a presença de fãs e admiradores da artista maranhense fizeram a Presidência da Alepe transferir a sessão para seu principal espaço.
Alcione usava um caftã com estampa de gibão de vaqueiro, da grife pernambucana Praiana Ateliê. Ao lado da Marrom, como é conhecida, sentaram o presidente da Alepe, o deputado Eriberto Medeiros ( autor da proposta de concessão do título, aprovada pelos deputados por unanimidade) e o secretário de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas do Estado, Cloves Benevides. Fãs de Alcione - e Cloves, ainda mais, amigo pessoal - cantarolam "Não Deixe o Samba Morrer", durante discurso.
Apesar de rouca, Alcione também deu canja. Soltou "Não Deixe o Samba Morrer" junto à pernambucana Andreia Luiza e, ao fim, "Minha Missão", clássico do samba, de João Nogueira. A cantora recebeu várias homenagens - entre elas, do poeta Toinho Mendes, que a saudou como "Minha Nossa Senhora Alcione Dias Nazaré". Ainda foi exibido um vídeo em que os pernambucanos Anastácia, Lenine, Nando Cordel, Maciel Melo, Ayrton Montarroyos e Fabiana Karla saudaram a mais nova pernambucana.
Entre os presentes no Plenário estavam os sambistas Belo Xis, Gerlane Lops e Karynna Spinelli. Muitos deputados também compareceram - entre eles, Teresa Leitão, Tony Gel, Antônio Moraes e Alessandra Vieira. O título, inclusive, foi entregue a Alcione por todos os parlamentares. A cantora recebeu, ainda, uma gola de maracatu e uma xilogravura de J. Borges.
"Ser homenageada fora do seu Estado é a glória!"
"Ser reconhecida num Estado como esse, por um povo como esse, que tem orgulho de ser o que é - igual a mim, que tenho orgulho de ser quem eu sou, de onde eu vim -, eu tenho orgulho... Tenho orgulho quando me encontro na mesma vibração dessas pessoas, e nós estamos na mesma vibração. Obrigada, Pernambuco. Obrigada a todos vocês, amigos, que me deram essa oportunidade", falou Alcione, durante seu discurso, após saudar artistas pernambucanos - de Luiz Gonzaga, Dominguinhos e Reginaldo Rossi, a Alceu Valença, Lenine, Anastácia e a atriz Arlete Salles.
"Vocês sabem que a Mangueira já quis que eu fosse enredo. E eu nunca aceitei, porque eu sempre achei que tem gente muito antes de mim que tem que ser. Mas mais do que ser enredo de uma escola de samba, ser homenageada fora do seu Estado, posso dizer a vocês, como se diz no mundo do samba, é a glória!"
Cirurgia espiritual no Recife
Um dos momentos de maior intimidade e emoção durante a solenidade foi quando o instrumentista Rafael Oliveira Queiroz lembrou do pai, Edson Queiroz, médico ginecologista e médium, já falecido, que operou Alcione no Recife, numa cirurgia espiritual atribuída ao espírito do Dr. Fritz. À época, diagnosticada com um edema nas cordas vocais do tamanho da cabeça de um alfinete, a cantora revelou que os médicos haviam lhe dado apenas um ano mais cantando. Até que foi curada. Depois do problema de saúde e da cura, a Marrom ganhou mais 18 discos de ouro.
"Ninguém é como o pernambucano"
Antes da solenidade de entrega do título, Alcione deu entrevista a jornalistas, quando exaltou a gente: "O pernambucano tem um jeito especial de ser. Ninguém é como vocês, ninguém é como o pernambucano. Você pode ver que uma pessoa pode passar por carioca, mas uma pessoa não pode passar por pernambucano. O pernambucano tem um acento, que você sabe, e tem uma força que você sabe quando é pernambucano que 'tá' falando. O maranhense também é assim, e o baiano também".
"Vocês tem essa força: quando a gente chega nessa terra, e começa a participar das coisas, como eu já participei, essa força está em todos vocês. Pernambuco está dentro de cada um de vocês. Por isso eu estou aqui, e estou muito feliz por isso."
Assista ao depoimento de Alcione sobre os pernambucanos:
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