Bonita de rosto e de corpo: o mercado plus size já é uma realidade

Samantha Oliveira
Samantha Oliveira
Publicado em 13/01/2020 às 10:30
A modelo Gisele Luz é uma influencer pernambucana que dá voz às mulheres plus size (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)
A modelo Gisele Luz é uma influencer pernambucana que dá voz às mulheres plus size (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)

Gorda. Pode falar alto, sem receio da palavra. Aliás, ela deveria ser mais comum do que se imagina, já que mais da metade dos brasileiros está acima do peso. Em uma pesquisa de 2019 pelo Ministério da Saúde, 55,7% da população se encontra nessa condição.

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Ao contrário do que muitos pensam, isso não é incentivo à obesidade ou problemas de saúde, mas sim uma característica real e comum. Porém, quando se trata de roupas ainda custa relembrar que pessoas gordas existem - e se vestem. 

É fato que a moda plus size vem ganhando espaço no mercado. Além de combater os padrões inalcançáveis de beleza e desenvolver a autoestima em corpos gordos, esse nicho também movimenta o mercado.

Números da Associação Brasileira do Vestuário (Abravest), apontam que o crescimento previsto para esse tipo de mercado é de 10% ao ano, além do movimento de 5 bilhões de reais no país. Pouca coisa é que não é. 

No entanto, por que ainda se fala tão pouco sobre a moda plus size? Seja por preconceito ou falta de informação, marcas e lojas vêm surgindo aos poucos e conquistando seu espaço. Porém, muito ainda precisa ser feito. 

Nada de pretinho básico

Falar sobre moda e estilo plus size não é esconder ou disfarçar a gordura, mas sim valorizar todo o corpo. Tamanhos acima do 48 já são uma realidade no Brasil, mas que precisam de mais acessibilidade para o público.

A internet tem sido o melhor canal para encontrar uma maior variedade de peças e estilos. Com 10 lojas no Brasil, a Kaue Plus Size é exemplo de como esse mercado vem se expandindo - ou melhor, se popularizando. 

A responsável pela marca, Márcia Chican, conta que é possível pensar na modelagem e conforto ao mesmo tempo. Ainda assim, é necessário muita pesquisa. “Pensamos no que o consumidor quer vestir, o que ele gostaria de ver em lojas de departamento, por exemplo, já que não se pode esperar que essas marcas produzam todos os tamanhos”. 

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De acordo com a Associação Brasil Plus Size (ABPS), a produção é uma dificuldade dentro do próprio mercado. Muitas empresas, por mais que invistam em números maiores, produzem até o tamanho 52, o que invisibiliza homens e mulheres com o manequim maior. 

Na pele

O sonho de Gisele Luz era ser modelo desde criança (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)

Quem vivencia isso diariamente é a modelo pernambucana Gisele Luz. Quem vê seus dois títulos de Miss Pernambuco Plus Size 2018 e Miss Brasil Plus Size 2018 - em terceiro lugar - não imagina a caminhada para a aceitação e construção de autoestima. 

"Quando criança eu sonhava em ser modelo, mas sempre fui gorda e ouvia muitos comentários", conta. Em 2014, Gisele participou do Miss Pernambuco Plus Size, e ficou em terceiro lugar.

"Acho que a minha colocação no concurso se deu por conta da minha autoestima. Eu me perguntei como queria me enxergar de verdade e fui construindo minha autoestima com trabalho de formiguinha”. 

Foi a partir dali que ela não só entrou em contato consigo mesma como também trilhou os caminhos na vida de influenciadora digital. Agora aos 38 anos, Gisele compartilha o dia-a-dia de uma mulher gorda, conversando com os mais de 27 mil seguidores. 

Gisele Luz conta que amar o próprio corpo é um trabalho diário (Foto: Dayvison Nunes/JC Imagem)

"Recebo todo o tipo de desabafo. Sempre me perguntam lojas que vendem determinado tipo de roupa, que é muito difícil de achar". Lingeries, vestidos de festa e até mesmo roupas baratas são verdadeiros 'achados'. 

A influencer também rebate as famosas 'regrinhas' para parecer mais magra.

"Quando eu não aceitava meu corpo, meu guarda-roupa só tinha preto. Hoje, sinto como se eu estivesse na Primavera - por dentro e por fora". 

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