A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) divulgou nota em defesa de Alessandra Negrini, que, no domingo (16), foi ao bloco Acadêmicos do Baixo Augusta, em São Paulo, usando cocar e pintural corporal. A produção visual da atriz rendeu-lhe acusações de apropriação cultural, sobretudo, nas redes sociais. Ainda no domingo, Alessandra falara à Folha de S. Paulo: "A luta indígena é de todos nós, e por isso eu tive a ousadia de me vestir assim". No bloco, aliás, ela esteve acompanhada por lideranças indígenas.
A nota da Apib endossa a fala de Alessandra Negrini, defendendo a atriz da acusação de apropriação cultural e relevando a importância de, neste momento, ter outras vozes, além das dos povos indígenas, lutando por pautas urgentes a eles, como a Medida Provisória que tenta regularizar a grilagem. "Reafirmamos que o momento é de união entre todos, e não atacar uma aliada por se juntar a nós em um protesto. Alessandra Negrini colocou seu corpo e sua voz a serviço de uma das causas mais urgentes. Fez uso de uma pintura feita por um artista indígena para visibilizar o nosso movimento. Sua construção foi cuidadosa e permanentemente dialógica, compreendendo que a luta indígena é coletiva", lê-se num trecho.
Nota da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Estamos vivendo a maior ofensiva em séculos de nossa história. Essa semana está tramitando no Congresso uma MP que tenta regularizar a grilagem, o PL da Devastação quer impor a mineração e a exploração das terras indígenas, um evangélico missionário está em um posto estratégico da FUNAI e pode provocar a extinção de povos não contactados. São muitos os ataques. Não nos esqueçamos, o momento é grave e dramático, querem nos dizimar!
APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil
Por isso, reafirmamos que o momento é de união entre todos, e não atacar uma aliada por se juntar a nós em um protesto. Alessandra Negrini colocou seu corpo e sua voz a serviço de uma das causas mais urgentes. Fez uso de uma pintura feita por um artista indígena para visibilizar o nosso movimento. Sua construção foi cuidadosa e permanentemente dialógica, compreendendo que a luta indígena é coletiva.
É preciso que façamos a discussão sobre apropriação cultural com responsabilidade, diferenciando quem quer se apropriar de fato das nossas culturas, ou ridiculariza-las, daqueles que colocam seu legado artístico e político à disposição da luta. Alessandra Negrini é ativista, além de artista, e faz parte do Movimento 342 Artes, que muito vem contribuindo com o movimento indígena. Esteve conosco em momentos fundamentais. Portanto, ela conta com o nosso respeito e agradecimento. E assim será, sempre quem estiver ao nosso lado.
17/02/2020