Morre a pintora Tereza Costa Rêgo, aos 91 anos; "Sou o que consegui ser", disse ela na última entrevista ao Social1

ROMERO RAFAEL
ROMERO RAFAEL
Publicado em 26/07/2020 às 14:03
Tereza Costa Rêgo - Foto: Sérgio Bernardo / Acervo JC Imagem
Tereza Costa Rêgo - Foto: Sérgio Bernardo / Acervo JC Imagem

Faleceu neste domingo (26) a pintora Tereza Costa Rêgo, aos 91 anos. A artista, que deixa como legado uma das principais produções artísticas do modernismo em Pernambuco, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) na madrugada de sábado (25), deixoando-a em estado gravíssimo. Tereza, que estava internada no Hospital Santa Joana Recife, também teria sofrido uma parada cardíaca a caminho do hospital, quando era socorrida.

O presidente da Fundarpe, Marcelo Canuto, enviou nota: "Tereza Costa Rêgo vai viver eternamente na memória de todos que a conheceram. Não só pelo conjunto de sua obra, política por essência, mas também pelo exemplo de mulher que foi: bem posicionada em relação ao seu tempo, generosa, militante, apaixonada, intensa. Na Fundarpe, antes de começar a pandemia, estávamos planejando uma exposição dela para o primeiro semestre desse ano. Na época, a visitamos, e depois conversamos em várias oportunidades. Pudemos aproveitar de sua vivacidade e amor pela vida. Pernambuco e o mundo perdem uma das maiores pintoras do século 20. Ficamos com seu exemplo e sua obra, que eternizam o nome de Tereza por esta e pelas próximas gerações".

O prefeito do Recife, Geraldo Julio, também divulgou nota sobre o falecimento da artista. "Irrecuperável a perda de Tereza Costa Rêgo, que nos deixou hoje. Artista de profunda sensibilidade, Tereza é um símbolo de resistência e liberdade, e um grande exemplo da força da mulher recifense. No ano passado, a Prefeitura do Recife a homenageou na edição da agenda da Secretaria da Mulher, que a cada ano celebra uma grande mulher de nossa cidade. Feliz de poder ter deixado essa pequena homenagem ainda em vida à artista cuja força da obra não deixará morrer o legado. Quero mandar meus mais sinceros sentimentos à família e amigos."

Já o presidente da Fundação Joaquim Nabuco, Antônio Campos, escreveu: "Tereza Costa Rêgo foi uma grande artista plástica e uma grande figura humana. Sua relação especial com Olinda está refletida em suas obras. Pernambuco perde uma de suas maiores artistas. Minhas condolências à familia".

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"Sou o que consegui ser"

Em abril de 2019, por ocasião dos 90 anos de Tereza Costa Rêgo, o Social1 entrevistou a artista plástica. Sobre os planos para a vida, contou que queria pintar - "Pintar até não conseguir mais. Sempre fui muito feliz pintando aqui, mas quero, agora, fazer uma exposição nacional, pelo País, com alguns dos quadros mais importantes da minha carreira. Alguns desses quadros contam a história do século 20, eu estava lá, vivi muito daquilo, o que aumenta a minha responsabilidade". À época, ela havia acabado de concluir a pintura de um parto; segundo ela, o primeiro parto da carreira.

Questionada se nutria arrependimentos da vida, disse: "De nada, tenho apenas algumas lamentações. Lamento minha infância e minha juventude, eu era muito reprimida, não podia nada, tudo era proibido. A sociedade era muito pesada".

E se imagina ser a mulher que se tornou, foi enfática: "Não, quando a gente é jovem, nunca espera nada. Sou o que consegui ser. Tenho consciência do começo da finitude, muitos amigos se foram. Mas vou seguir pintando, subindo essa escada até não poder mais".

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Tereza Costa Rego: aos 90 anos e a pintura sempre presente (abril de 2019)

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