Christiane Torloni se mostrou estarrecida com a situação das queimadas no Pantanal e o crescimento do desmatamento na Amazônia em conversa com Quem. A indignação da atriz, de 63 anos, se tornou uma das vozes do meio artístico mais ativas na luta pela proteção ao meio ambiente, é tão grande que declarou que se não fosse do grupo de risco da Covid-19, seria voluntária no combate aos focos dos incêndios na floresta.
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“Se eu pudesse, me candidataria a voluntária no combate às queimadas no Pantanal. Fiquei pensando como ter um jeito de fazer isso. É muito angustiante ficar da nossa casa só vendo, sem fazer nada. Descobri (depois de tentar) que não posso ir porque sou do grupo de risco. Se pudesse, estaria lá apagando fogo para criar um anticlímax. As pessoas criaram fake news até em cima dos ficais da ICMBio, dizendo que eles estavam provocando as queimadas criminosas. Queria ver alguém falando que fui para lá botar fogo na floresta”, declara.
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A atriz ainda falou sobre a atuação do atual governo federal em relação às queimadas. “Nós sabemos que está muito pior do que os dados divulgados. É desesperador ver que um governo federal diz que isso é mentira. Nós, brasileiros, estamos sendo desqualificados no mundo inteiro. Em 30 anos, nunca estive tão angustiada não só com a questão do meio ambiente, como também com a nossa democracia. É um momento muito terrível, muito delicado. Houve uma política de desmonte. Houve um aval para isso. ‘Podem desmatar que vamos fazer vista grossa’. Quem votou nesse atual governo, votou sabendo de tudo isso. Elas não estão percebendo o crime que está acontecendo”, lamenta.
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Diretora do documentário Amazônia – O Despertar da Florestania, Torloni se chocou com os dados mostrados no Jornal da Globo de que o desmatamento na Amazônia cresceu 68% comparado a agosto do ano passado, passando 886 km² para 1499 km².“O filme está ficando cada vez mais atual. Ele está passando em um festival nos Estados Unidos inteiro e mês que vem será exibido em Portugal. Estava vendo matérias da Amazônia e é desesperador que temos as mesmas questões de 10 anos atrás. Só que piorou e vai piorar muito mais. Não temos um governo favorável ao meio ambiente, muito pelo contrário. Do jeito que está, tínhamos que ir para o Tribunal de Haia, porque o que essas queimadas vão provocar causará efeitos negativos no mundo todo. Infelizmente, temos um governo que desautoriza os melhores institutos de pesquisa do mundo, diz que estão mentindo. Satélite não é pessoa, é tecnologia. Existe uma organização contra o meio ambiente, e ela é burra, porque vemos países e bancos internacionais cobrando uma posição e o governo brasileiro age no negacionismo. Ser negacionista e terraplanista em pleno século 21 não dá”, ressalta.
Para quem acusa ela e outros colegas artistas de se irritarem pelos cortes do governo federal destinados à cultura por meio de mecanismos como a Lei Rouanet, Torloni é enfática. “É um desrespeito quando dizem ‘acabou a mamata’. Sou uma trabalhadora. Basta você ligar a televisão para ver. Sou uma trabalhadora há 45 anos. Só o trabalho responde. O filme para mim é uma resposta a isso. Ele será usado em redes de universidades pelo mundo. Prefiro responder pelo meu trabalho do que entrar nessa guerra de egos. Não alimento isso de maneira nenhuma e isso nunca me interessou. Vou seguindo o meu caminho. Se cada um fizer a sua parte, teremos uma sociedade melhor”, conclui.Conteúdo Publicitário