É alta a possibilidade de você já ter se deparado com uma morena de voz grave, cabelão, cílios delineados e boca carnuda dando conselhos ácidos (e com bom humor) no Instagram sobre como se casar com um milionário. Esta é Karen Kardasha, personagem criada pelo modelo e ator Renato Shippee, que é natural de Bauru (SP), mas vive em Los Angeles. O fato é que a figura - e o que ela tem a dizer - tornou-se um case de sucesso. À Marie Claire, Shippee contou que, por dia, no Instagram, são cerca de 50 mil novos seguidores: no acumulado, 1,7 milhões. E no TikTok, 7,3 milhões de likes.
"Ela [Karen Kardasha] foi criada sem nenhum planejamento. No meu Instagram pessoal, fiz um story com filtro de maquiagem - coisa que eu nunca faria, porque me preocupava muito com a imagem do Renato - e todo mundo começou a responder 'Que legal, que divertido. Dessa vez você vai estourar'. Era apenas uma brincadeira. Mas eu acabei levando a sério mesmo, e comecei a responder perguntas, e a perder seguidores. No primeiro dia, perdi mil seguidores", contou Renato Shippee sobre o jeito despretensioso com quem a personagem nasceu.
"Decidi fazer uma página só para a Karen, fiz um filtro próprio dela no primeiro dia que fiz a brincadeira, já acreditei tanto na personagem. E naquele dia ela começou a crescer. As pessoas começaram a seguir, mandar para amigos, e aí ela cresceu até hoje com a ajuda das pessoas. A Karen nunca pediu, nunca pagou, as pessoas que compartilharam entre elas."
Embora os conselhos de Karen Kardasha sejam para a mulher conseguir se casar com um homem milionário, o criador da personagem, Renato Shippee, na entrevista à Marie Claire afastou qualquer interpretação de que sua fala tenha a ver com a dependência da mulher ao homem por dinheiro:
"As pessoas podem confundir isso com a dependência da mulher em relação ao homem, o que não é verdade. A Karen não depende do homem, ela se casou e apenas usufrui daquilo que o homem já tinha, da riqueza que ele tinha. Ela demonstra para as mulheres que isso é algo inteligente, e não algo de dependência, de fraqueza. Não significa que você é submissa. Ela inicia ali e parte para outras questões de independência feminina, como por exemplo não aceitar abuso, relacionamento tóxico, agressões."
Renato Shippee disse, ainda, que, ao dar conselho, "Karen tenta tomar muito cuidado para que ela não represente nenhum tipo de preconceito, racismo, discriminação" nem fala palavrão, visto que seu público é composto por uma faixa-etária diversa. Sendo a maioria (90%) formado por mulher; 80% delas com idade entre 18 e 35 anos.
Nome
Karen Kardasha foi assim batizada a partir de duas referências. "No primeiro vídeo dela, fiz uma brincadeira no qual a Karen estava sofrendo na pandemia porque ela é milionária, dona de uma empresa, e não pode fazer viagens internacionais, não pode comprar em lojas de grife", revelou Renato Shippee à Marie Claire sobre a ideia inicial.
"Achei que tinha tudo a ver com as Karens que têm aqui nos EUA; que são essas mulheres predominantemente brancas que se acham superiores, ricas, que praticam discriminação racial, de gênero, de todas as formas. Essas pessoas são chamadas de 'Karen', tipo as que entram numa loja e se recusam a usar máscara porque não são obrigadas. Eu achei que tinha tudo a ver ‘Karen’ com o tipo de personagem que eu criei no começo", explicou.
Já o Kardasha, como podemos supor, é uma homenagem às Kardashian, família de socialites, influenciadoras digitais e empresárias dos EUA.