O Brasil perdeu uma das suas damas do teatro e da televisão: a atriz Nicette Bruno faleceu na manhã deste domingo (20), aos 87 anos, vítima de Covid-19. Ela estava internada no Centro de Terapia Intensiva (CTI) da Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro, desde o dia 26 de novembro.
Nicette Bruno - que foi infectada após a visita de um familiar que não sabia estar com o coronavírus - deu entrada na unidade de saúde apresentando um quadro estável, que agravou com o passar dos dias. A atriz precisou ser sedada, intubada, respirava com ajuda de ventilação mecânica e passava por hemodiálise.
"A Casa de Saúde São José informa que a atriz Nicette Bruno, que estava internada no hospital desde 26 de novembro de 2020, faleceu hoje, às 11h40, devido a complicações decorrentes da Covid-19. O hospital se solidariza com a família neste momento", diz comunicado do hospital enviado à imprensa neste domingo.
As complicações de saúde advindas da Covid-10, doença infecciosa causada pelo coronavírus, vitimou outros artistas recentemente, como o ator Eduardo Galvão, os cantores Paulinho, do Roupa Nova, e Ubirany, do grupo Fundo de Quintal, além da atriz Christina Rodrigues.
Nicette recebeu corrente de orações
Durante o período em que esteve internada, Nicette Bruno - de tão querida - recebeu o carinho e orações de muitos famosos e anônimos nas redes sociais. A atriz Beth Goulart, filha dela, comandava a corrente Oração pra Nicette, todos os dias, sempre às 18h.
"Faz 15 dias que não vejo minha mãe, que saudade! Saudade das nossas conversas na cozinha. Se Deus quiser logo, logo, estaremos juntas de novo. Eu creio", escreveu Beth Goulart, há alguns dias, compartilhando um vídeo em que elas recitam, na cozinha de casa, trecho do livro "A Arte de Viver", do filósofo Epicteto.
A trajetória de uma estrela
Nicette Bruno era uma das atrizes mais queridas de sua geração, com diversos trabalhos no teatro e na TV. Filha da atriz Eleanor Bruno, tornou-se matriarca de uma das principais famílias de artistas brasileiros – casou em 1954 com o ator Paulo Goulart, que conheceu no teatro e com quem viveu por 64 anos, até o falecimento dele, em 2014, devido a um câncer renal. O casal teve três filhos: Beth Goulart, atriz, cantora e dramaturga; Bárbara Bruno, atriz, diretora e produtora; e Paulo Goulart Filho, ator, diretor e bailarino.
Batizada Nicette Xavier Miessa, ela nasceu em Niterói (RJ), no dia 7 de janeiro de 1933. Aos 4 anos, participou de um programa infantil na Rádio Guanabara. Com cerca de nove anos, ingressou no grupo de teatro da Associação Cristã de Moços (ACM)
A estreia profissional de Nicette Bruno ocorreu aos 14 anos, na Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais, na qual estreou na peça "A filha de Iório". Anos mais tarde, recebeu o Prêmio Molière de Melhor Atriz pela peça "O Efeito dos Raios Gama sobre as Margaridas do Campo" (em 1974) e o Prêmio Shell na mesma categoria por "Somos Irmãs" (1988). Antes da pandemia, ela estrearia a peça "Quarta-feira, sem falta, lá em casa", ao lado da atriz Suely Franco.
Na TV, foram muitos os papéis marcantes. Viveu, inclusive, a Dona Benta na segunda versão de "O Sítio do Picapau Amarelo", exibido pela Globo entre 2001 e 2004. Sua última novela completa foi "Órfãos da Terra" e a última participação ocorreu em março deste ano, na novela "Éramos Seis". Tratou-se de uma homenagem: ela vivera a protagonista, Lola, na primeira adaptação do texto para a televisão, em 1977, na TV Tupi, trabalho que lhe deu o Troféu APCA de Melhor Atriz.