Reprise de entrevista com Clodovil Hernandes abre velhas feridas
Conhecido pelo seu trabalho como apresentador, estilista e deputado, Clodovil faleceu em 2009
Resgatou-se do vasto acervo televisivo do SBT a participação de Clodovil Hernandes (1937 - 2009) e Hebe Camargo (1929 - 2012) no programa de Silvio Santos, numa reprise exibida nesse domingo (18). Apesar da televisiva ludicidade das as imagens, o programa também causou reações negativas.
Ao se depararem com as falas resgatadas, as novas gerações se espantaram com discursos até então mantidos em segundo plano na biografia de Clodovil. Ele, conhecido pela sua trajetória como estilista, apresentador e político, foi quem mais repercutiu nas redes sociais.
A começar pela fala sobre Luísa Mell. Na entrevista, ele diz ter sido colocado para fora da Rede TV! pela "amante de uma das pessoas".
"Perdi um trabalho que tinha adoração por ele. Nunca fiz nenhum trabalho na televisão que tivesse tanto amor quanto tinha pela A casa é sua. As pessoas pensam que eu não gostava. Conheci a Vida Vlatt nessa época. A gente fazia quatro horas de televisão por dia, às gargalhadas, sem texto, tudo de improviso. Era de verdade, a gente tinha amor pelo trabalho da gente. (...) Eu ia com alegria para a televisão e fui posto pra fora de lá pela amante de uma das pessoas", disse Clodovil.
Silvio Santos, então, interrompeu a fala do apresentador. A referida amante seria a protetora de animais, na época namorada de Almicare Dallevo, presidente da Rede TV!, casado com Dani Albuquerque. Ao Yahoo, a ativista comentou: "Não vou brigar com um defunto, né? A vida respondeu para ele".
Discursos de Clodovil resgatados
Além da polêmica com Luísa Mell, usuários não ficaram satisfeitos com o resgate dos discursos do apresentador. O estilista, homossexual, não era bem resolvido com sua sexualidade. Internautas apontam, inclusive, que suas falas prestam um desserviço para a comunidade LGBTQIA+.
Na sua passagem pela Câmara, o deputado pelo PTC de São Paulo acumulou falas preconceituosas. Numa ocasião, em 2007, ele causou revolta ao afirmar que mulheres tinham ficado muito ordinárias, pois "trabalhavam deitadas e descansavam em pé".
Além disso, segundo contou a deputada Maria do Rosário (PT-RS) na ocasião, Clodovil teria tentado se justificar ao afirmar se referir a mulheres ordinárias bonitas, alegando não ser o caso da deputada, pois, segundo ele, ela não servia nem para ser prostituta.
Além disso, a figura do estilista é utilizada por simpatizantes da direita conservadora como um "exemplo", uma espécie de padrão para o comportamento homossexual na sociedade.