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Quem é Beto Skubs, roteirista brasileiro no time de 'Grey's Anatomy'?

Beto Skubs, roteirista brasileiro, ingressou numa das mais longevas e famosas séries televisivas do mundo

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Cadastrado por

Augusto Tenório

Publicado em 27/07/2021 às 12:20 | Atualizado em 27/07/2021 às 21:06
Entrevista
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Graças à influência de Denise, sua mãe, as primeiras leituras chegaram às mãos e aos olhos de Beto Skubs, que então era apenas uma criança curiosa da década de 80. De origem humilde, o paulistano criado em Piracicaba viu florescer um gosto peculiar pela leitura e pela escrita, caminhando a passos largos até ingressar no time de roteiristas de uma das mais longevas e premiadas séries televisivas: Grey's anatomy.

"A gente era muito pobre na época, mas minha mãe sempre acreditou muito em nos educar, eu e minha irmã. Então eu lia muitos quadrinhos infantis, e aí comecei a ler livros, inclusive alguns que provavelmente eu não deveria aos 7 anos. Fiquei muito bom nas redações da escola. Então, a influência da minha mãe e a leitura de coisas que eu adorava foram a origem da minha paixão por criar histórias", conta Beto Skubs ao Jornal do Commercio.

Na conversa com a reportagem, ele contou a sua história. Mas, mesmo sem sua narração, os passos do roteirista não deixam dúvida: o êxito profissional foi resultado do talento, dedicação e, claro, oportunidades.

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O roteirista Beto Skubs - Divulgação

Beto ingressou na faculdade de Jornalismo em 1999, pois pensava em se tornar escritor. Ele, porém, assume que "não tinha a menor ideia do que estava fazendo". Infeliz com o andar do curso, só entendeu o motivo da insatisfação ao se deparar com diversas fitas VHS na faculdade. Eram curtas-metragens do curso de Rádio e TV.

"É isto que eu quero escrever: roteiros!”, brilhou a ideia na sua cabeça. Ele conta ter aprendido inglês na adolescência, sozinho, para conseguir ler livros e roteiros de Star Wars. "Nunca tinha clicado que isso poderia ser uma profissão. Aí transferi o curso", recorda o roteirista, que se formou em Rádio e TV em 2004, pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep).

"Mas foi só quando fui estudar nos Estados Unidos que as coisas deslancharam para mim", avalia. A aventura foi possível após receber uma bolsa CAPES-Fulbright para estudar Roteiro e Produção de TV e Cinema na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), considerada uma das melhores faculdades de roteiros de cinema e TV do mundo.

 

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Beto Skubs - Divulgação

Ainda na instituição estadunidense, Skubs viu sua carreira ser impulsionada: vendeu uma série de ficção científica, batizada de Singular, para a Sony, mas a produção não foi adiante. "Mas foi meu primeiro contato com um grande estúdio, com o processo de criar, escrever e desenvolver para um grande estúdio de Hollywood. Pouco depois conheci meu agente, que hoje é meu empresário. Depois de me formar, passei um bom tempo escrevendo como freelancer para tudo o que aparecia. Séries infantis, Ben 10, série da Disney Channel Brasil, etc", recorda.

Bons ventos voltaram a soprar para o roteirista em 2018, quando recebeu da Globo um convite para retornar às terras brasileiras e participar do processo de criação de uma série da emissora. A produção ainda é inédita. Assim que retornou aos Estados Unidos, recebeu a oferta para ingressar no time Grey’s anatomy.

A produção criada por Shonda Rhimes encerrou recentemente sua 17ª temporada, com a 18ª já no forno. "A expectativa é fazer a melhor temporada de todas. Todas as temporadas tem que ser assim, a gente tem que fazer de tudo para ser sempre melhor, nunca se acomodar. E para mim, pessoalmente, orgulhar os fãs brasileiros da série, que eu sei que são muito apaixonados e tem me dado muito carinho desde que eu comecei. Assim como a minha família, e a minha mãe, que sempre foram muito fãs da série. Ou seja, como profissional, espero que a 18ª temporada seja a melhor de todas. Como pessoa, espero orgulhar os fãs da série e a minha família!".

"Escreva ou morra"

"A vida só faz sentido quando começa a ser narrada", diz um dos personagens do romance Tupinilândia (Samir Machado de Machado, 2018). Beto parece adotar um tom mais fatalista: ao fundo do seu escritório, é possível notar a frase "write or die" (escreva ou morra) em destaque no seu quadro de ideias.

Talvez por isso, valorize tanto os métodos para a criação das suas histórias: "As pessoas às vezes pensam que é só ter 'talento', que qualquer um pode escrever. Não é verdade. Eu levei muitos anos para virar um roteirista decente, estudei muito. A técnica é 90% da profissão. Daí vem o seu talento, a inspiração, e sua história pessoal. Tudo o que acontece com você faz parte do seu processo criativo. Tudo o que eu vejo, leio, ouço, aprendo, vivo, tudo faz parte da minha profissão, e acaba de uma forma ou de outra nos meus roteiros".

Ele completa: "Às vezes as pessoas perguntam sobre inspiração. Eu sou roteirista profissional, e tenho que trabalhar todos os dias, assim como outros profissionais. Se não estiver inspirado, se estiver cansado, doente, tenho que escrever do mesmo jeito. Por isso existe o estudo, a técnica. Mas quando estou num dia inspirado, juntando tudo, aí saem os melhores trabalhos!".

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