A notícia de que o cearense Francisco José, 77 anos, considerado um dos maiores jornalistas brasileiros, havia sido demitido da Rede Globo após 46 anos de carreira na emissora pegou todos de surpresa.
O veterano estava atualmente na posição de repórter especial da emissora, especialmente em pautas sobre as belezas naturais do Brasil para o Globo Repórter. Francisco José, aliás, se pronunciou publicamente pela primeira vez sobre sua saída da Globo na tarde desta terça-feira (30). clique aqui e confira o que disse o jornalista.
Com uma longa carreira no telejornalismo brasileiro, Francisco José já visitou os cinco continentes e mergulhou nos sete mares, acumulando mais de duas mil reportagens. Entretanto, um episódio vivido no Recife, marcou profundamente a história do jornalismo brasileiro e da sua trajetória.
Em 1987, o jornalista realizava a cobertura de um assalto a um banco da capital pernambucana, quando trocou de lugar com uma das reféns que estava dentro da agência. A vítima era uma mulher grávida de dois meses.
- Globo demite os veteranos Francisco José e Renato Machado
- Francisco José se pronuncia sobre demissão da Globo: 'Acho triste essa política de renovação'
- Bianka Carvalho e outros jornalistas se pronunciam sobre demissão de Francisco José: 'Carta de uma fã'
- Após demissão da Globo, filha de Francisco José se pronuncia em rede social: "Empresa mudou e já não valorizava seus mestres"
- Francisco José fala publicamente pela primeira vez sobre demissão da Globo: 'vou voltar a trabalhar'
Os assaltantes autorizaram que Francisco José subisse sem câmera e microfone para negociar os termos de como eles sairiam do banco. O acordo entre os criminosos e a polícia, mediado pelo jornalista, era de que eles deixariam o local junto com os 10 reféns, entrariam em um carro e libertariam o grupo durante a fuga.
Entretanto, a polícia descumpriu o acordo e iniciou uma longa e tensa perseguição por mais de 800 km, chegando até a cidade de Salvador, na Bahia.
Francisco José ligou para família anunciando que ajudaria a resolver o assalto
O jornalista, em entrevista ao programa “Conversa com Bial”, falou que precisou ligar para uma das suas filhas para alertar sobre o que iria acontecer. “Liguei para uma das minhas filhas e disse: 'Vou entrar e sair com o bandido. Vocês vão ver imagens da arma na minha cabeça. Mas não se preocupe que eu volto sempre'", disse.
“Na hora que decidi substituir a mulher grávida, eles queriam o delegado e disseram que iam matar o delegado. Nós seguimos até Salvador, 800 km dentro do carro com dez pessoas. Considero que virei o chefe do bando, só eu conhecia bem a estrada”, contou Francisco José.
Em vídeo da época, postado no YouTube, é possível acompanhar o momento em que Francisco José se entrega aos assaltantes e, logo depois, quando eles entram no carro e inicia-se a perseguição da polícia. Um outro repórter que acompanha o acontecimento chega a entrevistar Francisco dentro do carro, onde ele explica que se a polícia não estivesse perseguindo o carro os reféns já estariam soltos.
“Se acontecer alguma coisa, o responsável é o secretário de Segurança Pública quando me pediu para ficar como refém, quando me pediu para ir negociar com eles, que não aconteceria perseguição. E houve perseguição”, explica o jornalista no vídeo.