Rita Lee dedicou a Roberto de Carvalho todas as suas canções de amor. Boas línguas dizem que foi paixão na certa, verdadeira, urgente, no momento em que os dois se encontraram, pela primeira vez, no show Ney Matogrosso, em 1976. Naquele ano, Roberto era guitarrista de Ney e a rainha fazia parte da banda Tutti Frutti.
Ao Estadão, há três anos, quando acumulavam 44 anos juntos, o músico entregou, como sempre, seu coração à ruiva, e desejou mais 44 voltas ao sol juntos. ''Sou teleguiado pela paixonite há 44 anos, espero que tenhamos pelo menos mais 44 anos pela frente'' disse.
Além dos álbuns, letras e uma história que inspira, eles também são pais de Beto, de 45 anos; João, de 44; e Antônio, de 42. Uma neta também é fruto deste 'harém' (como Rita costumava apelidar, carinhosamente, o ambiente familiar). Ela se chama Ziza. A jovem foi, inclusive, o motivo pelo qual a cantora saiu de vez das drogas.
Rita não economiza ao falar de Roberto: “O gato, além de lindo, cheiroso e excelente guitarrista, também se mostrava exímio pianista. Amor à primeira tecla. Humm”. Roberto define o mesmo momento: ''Foi a primeira vez que a gente conversou, se olhou e alguma coisa aconteceu em nossos corações". Em entrevista a Marília Gabriela, nos anos 2000, ela ainda assume que a carcaça revolucionária cai por terra quando o assunto é amar: Rita também é clichê, e como ela bem lembra, 'careta'. Mas também é fogo e paixão ardente.
Uma curiosidade é que a letra de 'Mania de Você' surgiu após uma noite de amor, que terminou com uma melodia no violão e um caderninho para rabiscar versos.
A outra é que o casamento oficial só veio após 26 anos juntos. O pedido, a cantora recebeu ''toda quebrada'', como ela diz, após um grave acidente. Ela se via desajeitada, em recuperação. Roberto, mais uma vez, narra de outra forma: ''Eu estava mais apaixonado''.
Roberto de Carvalho saiu de um ambiente tradicional, casa dos tios, formação em direito, porque o que o fascinava era a música. Apesar do gosto pelo rock, a personalidade do grande amor de Rita Lee é calma e serena. Ao contrário dela. Ele diz que, se fosse para definir a história, chamaria o sentimento de vocação. Vocação para amar a ruiva. Isto é, aptidão, vontade, algo que se nasceu para fazer.
Do apoio na época da dependência das drogas e álcool, ao diagnóstico da bipolaridade, paternidade e descoberta do câncer de pulmão, Roberto se orgulha de ter seguido a sua vocação até o último dia de Rita Lee, ontem, dia 08 de maio.
O Brasil perdeu um símbolo do rock, emancipação, coragem. A dona do bordão ''Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa''. Roberto, o grande amor da sua vida. A versão mãe, careta, clichê, a que, após uma crise de ciúme, se desculpou em forma de música e, junto a ele, emplacou um hit nacional - Desculpe o Auê -. Tudo nos dois gira em torno da arte.
Falando em arte, a dupla lançou diversos álbuns e com o caderninho e o violão, deram vida aos grandes sucessos da música brasileira, como "Baila Comigo", "Cor de Rosa Coque", "Lança Perfume", "Doce Vampiro" e "Nem luxo nem lixo". Ao todo, são autores de 5 álbuns:
• Rita Lee e Roberto de Carvalho (1982);
• Bombom (1983);
• Rita e Roberto (1985);
• Flerte Fatal (1987);
• Rita Lee & Roberto de Carvalho "Perto do Fogo" (1990).
Veja registros:
Rita e Roberto - Reprodução
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Rita e Roberto - Reprodução
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Rita e Roberto - Reprodução
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Rita e Roberto - Reprodução
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Causa da morte
Há dois anos, Rita tratava um câncer de pulmão. O tratamento foi efetivo levou a remissão da doença. Pelo Instagram, Roberto e os filhos publicavam atualizações sobre a saúde cantora.
O velório acontece nesta quarta-feira (10), das 10h às 17h, e será aberto ao publico, no Planetário do Parque Ibirapuera, em São Paulo.
