SUBMARINO

IMPLOSÃO DO SUBMARINO: Jornalista diz que 'escapou' da morte: "Era para eu estar no submersível"

Sharael Kolberg havia enviado um e-mail para a OceanGate no qual pedia à empresa que subisse a bordo do submarino para cobrir a expedição ao Titanic

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Suzyanne Freitas

Publicado em 09/07/2023 às 7:46 | Atualizado em 09/07/2023 às 7:47
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Neste domingo (09/07) marca duas semanas desde o desaparecimento do sumbarino Titan, que sofreu uma implosão a mais de 3.000 metros de profundidade no Oceano. Na embarcação estavam cinco pessoas.

O CEO da empresa, Stockton Rush, Hamish Harding, Paul Henry Nargeolet, Shazada Dawood e seu filho Suleman. Todos eles morreram como resultado da implosão do submarino.

Após as mortes, muitas foram as histórias de diferentes pessoas que puderam embarcar mas que, por motivos diversos, acabaram recusando de viajar a bordo.

Outros, por outro lado, não compareceram por divergências com os representantes da OceanGate. Foi o caso do escritor Sharael Kolberg, que contatou a empresa para viajar a bordo e cobrir a expedição que se dirigia ao Titanic.

Esta mulher enviou um e-mail para a OceanGate no qual pedia à empresa que subisse a bordo do submarino para cobrir a expedição ao Titanic.

“Como escritora de viagens de aventura, imediatamente enviei um e-mail para a OceanGate para ver se conseguiria um assento no submersível Titan”, disse ela em declarações relatadas pela Newsweek, depois de receber um e-mail oferecendo uma cobertura sobre a aventura no ecossistema oceânico profundo e seu impacto sobre o planeta.

Por fim, a empresa aprovou seu pedido e que ela seria a primeira jornalista a embarcar no submersível.

Uma viagem que lhe teria custado 5.000 dólares (4.580 euros), um preço para cobrir as despesas de "cama e alimentação". “Como regra geral, para atribuições de trabalho, nunca pago mais do que ganho”, disse Kolberg, que ainda aceitou a proposta da OceanGate.

Fonte: AS.com

FALTA DE PATROCÍNIOS 

Porém, houve um aspecto que atrasou todo o processo e pelo qual, por fim, a escritora não mergulhou no Titã.

Foi a falta de patrocínios e subsídios de empresas e entidades com as quais estabeleceu contactos que deixou a escritora sem uma viagem ao fundo do oceano.

“Tentei convencer o representante de relações públicas da OceanGate de que a quantidade de cobertura que eu receberia excederia em muito o preço que eles pagariam em publicidade por publicidade semelhante. Decidiram ceder o meu lugar a um cliente pagante", disse ao referido jornal.

O e-mail que assustou Kolberg

Em 19 de junho, o escritor recebeu este e-mail.

"Sinto muito por ler sobre o desaparecimento de um submersível esta manhã, só queria verificar brevemente e confirmar que você está bem." Um e-mail que ele recebeu de um editor da Scientific American que trabalhou com Kolberg. Foi assim que ele se lembrou de como recebeu a notícia que confirmava a morte dos cinco tripulantes do submersível.

“Quando o anúncio foi feito ao vivo na TV, meu marido começou a chorar e me abraçou forte. Meu coração afundou pelas famílias dos tripulantes. Não consigo imaginar como teria sido para minha família se eu estivesse no Titã. Por que não fui eu? (...) Deve haver uma razão para eu estar aqui”.

FALHA MECÂNICA 

A tragédia poderia ter ocorrido antes, porque em uma outra viagem o submersível já havia apresentado problemas na estrutura.

Outros incidentes foram relatados sobre falhas mecânicas. Segundo Jaden Pan, que viajou no Titan em 2021 para capturar imagens dos restos do Titanic, a aventura por pouco não terminou em tragédia.

Segundo ele, o transporte marinho ficou sem bateria durante o mergulho, que já estava na viagem por cerca de duas horas.

A falha foi apontada pelo diretor executivo da OceanGate, Stockton Rush, uma das vítimas da implosão do submarino Titan.

No entanto, o que surpreendeu o documentarista foi a atitude do diretor, que sugeriu aos viajantes que "dormissem enquanto os pesos do submarino fossem dissolvidos".

De primeira, Jaden considerou ser uma brincadeira, já que estavam muito perto do fundo e viajando por mais de duas horas.

Todavia, o aviso foi real, Rush teria confirmado a falha mecânica, assumindo que seria difícil retornar à superfície, processo que deveria demorar cerca de 24 horas.

A tripulação ficou dividida entre aguardar ou retornar, mas Stockton conseguiu emergir o submarino a tempo, o que culminou no retorno do submersível à terra.

'RUÍDO MUITO ALTO'?

Segundo informações do portal Independent En Espanol, o CEO da OceanGate Expeditions, Stockton Rush, descartou as preocupações sobre um "ruído muito alto" durante um mergulho anterior no submersível Titan.

Rush foi filmado conversando com passageiros em um episódio de 2022 do The Travel Show da BBC, quando mencionou que um membro da tripulação ouviu um som preocupante vindo do submarino enquanto estava na superfície do oceano.

Ele mencionou que o ruído não era "um som reconfortante", mas minimizou o perigo, acrescentando que "quase todos os submarinos de mergulho profundo fazem barulho em algum momento".

O casco de fibra de carbono "experimental" do submersível não era adequado para profundidades extremas na exploração em alto mar, e a cola havia vazado das costuras dos sacos de lastro, explicaram os denunciantes.

PERIGOS

O Titan não tinha sido certificado de forma independente. Em comentários no programa da BBC, Rush alertou os tripulantes e passageiros sobre os perigos de descer nos destroços do Titanic.

“Queremos que todos participem disso totalmente informados. É um submarino experimental, é um ambiente perigoso."

No mês passado, o ex-consultor da OceanGate Expeditions, Rob McCallum, revelou que havia escrito para Rush em 2018 dizendo que estava "potencialmente colocando a si mesmo e a seus clientes em uma dinâmica perigosa".

“Por mais que eu aprecie o empreendedorismo e a inovação, você pode estar colocando todo um setor em risco”, alertou McCallum.

Rusch descartou as preocupações como "reclamações infundadas" e afirmou que as considerava um insulto pessoal.

Em uma entrevista de 2021, Rush parecia se gabar de "quebrar as regras" em sua construção de Titã.

SUBMARINO QUE IMPLODIU: Veja FOTOS DOS DESTROÇOS DO SUBMARINO TITAN

Dado como desaparecido no dia 18 de junho, o submarino da empresa OceanGate, realizava uma de suas viagens para acompanhar de perto os destroços do famoso navio afundado em 1912, Titanic.

 Paul Daly/The Canadian Press via AP

DESTROÇOS DO SUBMARINO - Paul Daly/The Canadian Press via AP

 

No entanto, a tripulação perdeu contato com a superfície após cerca de 1 hora e 45 minutos de viagem. Após alguns dias, no dia 22 de junho, destroços do submarino foram encontrados ao redor do Titanic.

 Paul Daly/The Canadian Press via AP

IMPLOSÃO DE SUBMARINO: Saiba como ocorreu a destruição do SUBMARINO DESAPARECIDO e as IMAGENS dos DESTROÇOS DO TITAN - Paul Daly/The Canadian Press via AP

 

SUBMARINO IMPLODIDO: QUEM ESTAVA NO SUBMARINO QUE IMPLODIU?

Estavam presentes na viagem do submersível:

  • O mergulhador francês Paul-Henri Nargeolet, especialista nos destroços do Titanic;
  • Hamish Harding, empresário brasileiro;
  • Stockton Rush, CEO da OceanGate Expeditions;
  • Shahzada Dawood, empresário paquistanês vice-presidente do conglomerado Engro e seu filho Suleman Dawood.

QUANTAS VIAGENS O SUBMARINO TITAN JÁ FEZ? O SUBMARINO AINDA ESTÁ FAZENDO VIAGENS?

A primeira viagem oficial do Titan ocorreu em 2021. No ano seguinte, em 2022, o submarino fez 10 viagens, e nem todas chegaram aos destroços do Titanic.

A empresa responsável pelo submersível já havia cancelado algumas viagens por conta de problemas na estrutura, no entanto, teria ignorado o alerta de especialistas na área.

Após o trágico acidente, a OceanGate suspendeu todas as explorações comerciais.


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