Esculturas

Vândalos danificam esculturas do Circuito da Poesia no Recife

Inaugurado em 2006, Circuito da Poesia é composto de 12 estátuas representando escritores, poetas e músicos

Da Editoria Cidades
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Publicado em 05/11/2016 às 8:08
Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
Inaugurado em 2006, Circuito da Poesia é composto de 12 estátuas representando escritores, poetas e músicos - FOTO: Foto: Ricardo B. Labastier/JC Imagem
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A estátua do poeta Joaquim Cardozo (1897-1978), recolhida pela Prefeitura do Recife em agosto deste ano depois de ter sido danificada por vândalos, será colocada novamente na Ponte Maurício de Nassau até o fim de novembro de 2016. Pelo menos é essa a previsão da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), responsável pela conservação do Circuito da Poesia, composto de 12 esculturas.

Numa vistoria de rotina na Ponte Maurício de Nassau, que liga os bairros de Santo Antônio e do Recife, no Centro da cidade, a Emlurb encontrou a estátua de Joaquim Cardozo deitada no chão e com uma das mãos quebrada. A peça foi encaminhada ao artista plástico Demétrio Albuquerque, autor das 12 esculturas do circuito, inaugurado dez anos atrás, em 2006, para ser restaurada.

De acordo com a Emlurb, não estão programadas obras de recuperação nas outras 11 estátuas, embora parte delas necessite de reparos. A escultura do poeta modernista Ascenso Ferreira (1895-1965), no Cais da Alfândega, uma movimentada via do Bairro do Recife, encontra-se com o sapato do pé esquerdo quebrado, a perna direita da calça e as duas mãos rachadas, além de uma pichação nas costas do paletó.

Na Praça da Independência, bairro de Santo Antônio, a estátua de Carlos Pena Filho (1929-1960) exibe o nariz quebrado e desgastes nos dedos das mãos, na orelha direita e no paletó. A mesa na qual o poeta apoia os braços está com as ferragens aparentes e teia de aranha se acumula debaixo da coxa da figura que representa Carlos Pena Filho. Um dos bancos de concreto está rachado.

Vândalos também danificaram a estátua do poeta Manuel Bandeira (1886-1968), na Rua da Aurora, em frente à sede da Assembleia Legislativa de Pernambuco, no bairro de Santo Amaro. O precursor do movimento modernista teve boca e olhos pintados. O nariz está quebrado e há fissuras na mão esquerda. Ano passado, a Emlurb gastou R$ 115 mil na manutenção das esculturas do Circuito da Poesia.

Em 2014, duas das estátuas sofreram graves avarias e tiveram de ser restauradas. A escultura de Luiz Gonzaga (1912-1989), na Praça Visconde de Mauá, em frente à Estação Central, no bairro de São José, foi derrubada no chão no mês de maio. E a estátua de Ascenso Ferreira ficou com o rosto, o chapéu e as mãos destruídos depois de ser apedrejada.

OPINIÃO

Moradores do Recife que passam pelo Circuito da Poesia lamentam a destruição das esculturas. “É um absurdo, as pessoas não percebem que as obras frequentes de recuperação das peças quebradas são feitas com dinheiro público que poderia ser investido em outra coisa. No lugar de recuperar outro monumento, a prefeitura gasta a verba consertando as estátuas repetidas vezes”, comenta a professora da rede municipal Tereza de Souza.

“Isso é feio para os moradores da cidade e uma vergonha diante dos turistas. A gente deveria se orgulhar de mostrar nossos poetas famosos para o mundo”, observa a estudante universitária Patrícia Melo. O artigo 163 do Código Penal prevê detenção de seis meses a três anos para quem destrói ou inutiliza o patrimônio público e pagamento de multa.

Completam o circuito esculturas de Chico Science (1966-1997) e Antônio Maria (1921-1964), no Bairro do Recife; Capiba (1904-1997), Mauro Mota (1911-1984) e Solano Trindade (1908-1974), no bairro de Santo Antônio; Clarice Lispector (1920-1977), na Boa Vista; e João Cabral de Melo Neto (1920-1999), em Santo Amaro.

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