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Uber completa 1 ano de funcionamento no Recife em meio a polêmicas

O serviço começou a funcionar às 14h do dia 3 de março de 2016 no Recife

JC Online
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Publicado em 03/03/2017 às 10:25
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O serviço começou a funcionar às 14h do dia 3 de março de 2016 no Recife - FOTO: Foto: Arnaldo de Carvalho/JC Imagem
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No dia 3 de março de 2016, o Jornal do Commercio produziu uma matéria testando um serviço de transporte individual de passageiros que havia acabado de aportar no Recife: o Uber. Ao longo deste ano, o aplicativo deu o que falar. Inicialmente, causou muito frisson entre os usuários, devido à qualidade do serviço e aos baixos preços que eram cobrados nas corridas. A resposta da concorrência foi imediata: ainda em março, os taxistas realizaram o primeiro de uma série de protestos. 

A discussão sobre a legalidade e regulamentação do Uber no Recife foi um tema recorrente. Inclusive, por medo das fiscalizações realizadas pela Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), os motoristas passaram a pedir para que os usuários sentassem no banco da frente, evitando assim que eles fossem identificados como "parceiros do Uber", como são chamadas as pessoas que trabalham na empresa. 

Aos poucos, os motoristas começaram a conseguir liminares que impediam que eles tivessem o carro apreendido e fossem multados. Até que uma liminar concedida pelo juiz Haroldo Carneiro Leão, da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, garantiu aos motoristas o direito de trabalhar no serviço, proibindo a prefeitura do Recife autuá-los. Em Olinda e Jaboatão dos Guararapes, o Ministério Público Federal (MPF) enviou um pedido para que as prefeituras não aplicassem leis que proíbam o uso de carros particulares cadastrados em aplicativos. 

Neste ano foram feitas mudanças no aplicativo. Para citar exemplos, os usuários tiveram a possibilidade de pagar suas corridas em dinheiro e foi retirado o multiplicador do preço dinâmico das corridas. Este foi um dos motivos para os usuários alegarem a queda na qualidade dos serviços do Uber, além do aumento da frequência em que o preço dinâmico estava sendo cobrado e da diminuição de regalias oferecidas aos passageiros, como água e balas.

Entenda as principais polêmicas que envolveram o Uber no Recife:

Protestos

No Grande Recife, tanto os taxistas quanto os próprios motoristas do Uber realizaram protestos. Os taxistas, contrários ao serviço, fizeram oito atos no último ano. Já os motoristas de Uber organizaram apenas um. Confira onde e como aconteceram as manifestações:

Queda no serviço

Para testar o Uber, o Jornal do Commercio fez duas viagens, no primeiro dia de funcionamento do aplicativo no Recife. No vídeo, a repórter Emídia Felipe conversa com o motorista, que oferece água, bala e até uma toalha para ela se enxugar (a reportagem foi feita em um dia de chuva). Se os diferenciais do Uber sempre foram os baixos valores das corridas e algumas regalias, os usuários relatam que houve uma queda na qualidade do serviço. 

Em janeiro, o JC Trânsito fez uma matéria que mostra passageiros insatisfeitos com o aumento na frequência da tarifa dinâmica do aplicativo. Outra reclamação é com o estado de conservação dos veículos e o tratamento dos motoristas, como relata a aposentada Josefa Cavalcante. "Eu estava indo a um casamento e o veículo estava com um forte cheiro de cigarro. O carro era desconfortável e velho. Nos últimos tempos tem aparecido muitos veículos aquém do padrão que o Uber costuma oferecer", relata.

Sobre o assunto, a assessoria de comunicação do Uber comentou que apenas os motoristas com médias acima de 4,6 (em uma escala de 1 a 5 estrelas) permanecem no sistema. Assim como o condutor, o passageiro também pode ser excluído da plataforma se tiver uma nota baixa de avaliações ou conduta que viole os termos de uso.

Justiça

Em fevereiro, o Ministério Público Federal (MPF) enviou às prefeituras de Olinda e de Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife (RMR), um pedido para que os órgãos não apliquem leis que proíbam o "uso de carros particulares cadastrados em aplicativos (carona solidária ou remunerada) no âmbito do município", resguardando, assim, o funcionamento do Uber nestas cidades. O documento foi assinado pelo procurador da república Alfredo Carlos Gonzaga Falcão Júnior.

No Recife, em outubro do ano passado, uma liminar concedida pelo juiz Haroldo Carneiro Leão, da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, garantiu aos motoristas do Uber o direito de trabalhar no serviço, proibindo a prefeitura autuá-los. O magistrado ainda estipulou uma multa diária de R$ 5 mil em caso de restrição de atividade e de R$ 1 mil para cada veículo que venha a ser recolhido pelo executivo municipal. 

Ainda em outubro, a 3ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) indeferiu o recurso impetrado pelo município do Recife para suspender a liminar que permite o funcionamento do Uber. O relator do recurso, o desembargador Anterno Cardoso, comentou na decisão que não notava "prejuízo à ordem pública", em relação às razões elencadas pela prefeitura no recurso.

Falta de novidades

Ao completar um ano, o Uber não tem previsão de novidades para Recife, como a implantação dos formatos UberBLACK, a famosa versão dos grandes carros pretos; o UberPOOL e o UberEATS. Estima-se que essa não ampliação dos serviços se dê por razões estratégicas e análise de mercado. 

Vovó da Uber

A história da aposentada Edna Albuquerque, de 62 anos, viralizou em janeiro deste ano. Ela resolveu completar a renda da casa virando motorista do Uber. Pela sua simpatia, Edna recebeu o apelido de "Vovó do Uber". A história dela ficou famosa após relato de outro motorista do aplicativo, Cândido Junior, no Facebook. "Essa senhora encosta o carro perto de mim perguntando se eu sabia onde era o píer em Olinda... prontamente expliquei, quando do nada ela diz: 'sou Uber, estou indo buscar uma cliente lá. Independente da idade, quanto queremos algum objetivo temos que ir atrás... Parabéns vovó", afirmou. 

Em janeiro deste ano, a Vovó da Uber foi assaltada, enquanto trafegava com uma passageira na Avenida Presidente Dutra, em Jaboatão dos Guararapes. Os bandidos, armados, levaram o veículo e os pertences das duas. Comovido com a história, o dono de um lava jato na Zona Norte do Recife ofereceu um trato geral no carro dela, deixando o veículo pronto para que ela retornasse ao trabalho. 

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