A história da política nacional é permeada por figuras que marcaram época e sobreviveram a ela, seja por seus feitos (positivos e/ou negativos) ou pela capacidade de provocar paixões e ódios devido às suas personalidades e ideias. Enéas Ferreira Carneiro foi um desses casos. Três vezes candidato à presidência da República, voltou a ter suas ideias revisitadas recentemente, com seus discursos viralizando na internet. É justamente a retórica do político, falecido há dez anos, o material utilizado pelo ator pernambucano Márcio Fecher no solo Meu Nome É Enéas – o Último Pronunciamento, que estreia hoje, às 21h, no Espaço Cênicas, dentro da programação do Trema! Festival.
Médico cardiologista, Enéas nasceu na miséria, no Acre, e posteriormente iniciou seus estudos em meio à carreira militar. Sua desilusão com o socialismo e a aproximação com ideias ultranacionalistas fizeram-no fundar o Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona). Candidato à presidência em 1989, 1994 e 1998, ficou conhecido pelo bordão “meu nome é Enéas” e por propostas como a construção de uma bomba atômica e ampliação do efetivo militar.
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IDEIAS
Interessado pelas ideias do político, cujo falecimento completa dez anos amanhã, Fecher se lançou no estudo de seu pensamento. O ator, dramaturgo e diretor bebeu na experiência com Júnior Aguiar na Trilogia Vermelha, que levou pensamento de ícones da esquerda ao palco (Paulo Freire, Glauber Rocha e Dom Helder), para compor o trabalho. Com Enéas, busca observar o indivíduo com afeto, ainda que suas ideias apontem para caminhos muitas vezes retrógrados.
“Me apaixonei pela figura de Enéas vendo os vídeos que viralizaram no Facebook recentemente. Conto a biografia dele a partir de suas ideias, de recortes de seus discursos políticos e ão acho que Enéas seja de direita, nem de esquerda. Ele queria proteger a pátria, a indústria nacional. Acho que ele era uma figura importante na construção de uma nova ideia de política”, acredita o intérprete.
