Primeiro Bailarino mergulha no universo do brasileiro Thiago Soares

Documentário mostra o artista no palco e nos bastidores do Royal Opera House

Los Bragas/Divulgação
Documentário mostra o artista no palco e nos bastidores do Royal Opera House - FOTO: Los Bragas/Divulgação

"You are as special as you make your own journey", diz o bailarino brasileiro Thiago Soares no final do trailer de Primeiro Bailarino (algo que pode ser traduzido como "Você é especial na medida em que faz a sua jornada ser especial"). Essa ideia de caminhada, processo contínuo, pode ser uma chave para o espectador adentrar no universo do filme que estreia neste domingo, às 21h (horário de Brasília), no canal Max, após ter sido exibido pela primeira vez na 41ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo.

A coprodução com a Los Bragas não mostra linearmente a história de um brasileiro que nasceu no Rio de Janeiro, também expressou-se com o hip hop antes de se dedicar às aulas de balé clássico na adolescência (idade que muitos considerariam tarde para quem pretende seguir uma carreira) e chegou ao ápice que representa o posto de primeiro bailarino do Royal Opera House, em Londres.

Na tela são entrelaçados trechos das apresentações no luxuoso palco inglês com os ensaios na sala cercada de espelhos, mostrados os aplausos do público e os momentos de dúvida do próprio bailarino. Em outra parte do filme, sentado no chão de casa, com uma bolsa de gelo sobre a perna, Thiago massageia o ombro, enquanto o espectador ouve a voz dele fazendo perguntas como: "Por que eu ainda faço isso?" e "Por que eu ainda fico nervoso?”.

Primeiro Bailarino remete também o momento em que ele retornava aos palcos brasileiros para uma série especial de apresentações. "Foi muito desafiador. Era a pressão que tinha de estar voltando para casa, junto com dançar no Theatro Municipal do Rio de Janeiro retratando minha trajetória, os 15 anos de carreira e esse repertório que eu não sabia no início, quando escolhi as obras, como seria porque o cálculo do esforço físico necessário você só vai saber durante o processo. A seleção era um desafio físico extremo. Mesmo as pessoas que estavam me dirigindo tinham dúvidas se eu conseguiria fazer. Foi um desafio muito grande e uma grande celebração", lembra Thiago, que completa: "Eu estava vivendo um momento muito obcecado, muito gostoso com a dança. Estava muito metido na preparação desse espetáculo. Vivendo isso com toda a dua força".

Palco e bastidores

"Uma coisa que me deixou muito impressionado quando Felipe (Braga, diretor) falou sobre o projeto é que ele queria um olhar mais profundo, extremamente honesto da maquinaria, do que é esse dia a dia, o que leva um bailarino a ter o protagonismo. Como é o cotidiano desse cara? A relação com os outros profissionais? Mostrar as vitórias, os momentos de dor e incerteza. Admiro filmes de outros artistas que têm uma pegada mágica, acho muito válido, mas eu não queria isso. Eu achava que só seria relevante se fosse extremamente aberto para girar todas essas chave", cita Thiago.

"Com um grande artista e uma grande instituição, a gente tinha a facilidade de criar uma obra que abre uma janela para experiências que talvez o público nunca tinha tido. Falar sobre quais esforços são investidos na grande tarefa de ser um grande bailarino, feito para parecer perfeito, cristalino. Parece que é fácil o que ele está fazendo, mas, por trás disso, há todo um universo. Quando você tem contato com isso, passar a entender melhor e eu acho que uma consequência disso é que você passa a admirar mais aquela arte, pois conhece o que está por trás, sente o esforço envolvido", avalia Felipe.

O diretor conta que já conhecia Thiago há alguns anos quando surgiu o projeto. “Assisti a uma entrevista dele e o achei muito consciente dos novos desafios, da jornada dele como artista. Primeiro Bailarino é um retrato envolvente e intimista dos desafios de ser um primeiro bailarino e é um retrato também de grandes talentos do balé clássico e contemporâneo que estão no filme ao redor de Thiago, trabalhando com ele”, continua Felipe, remetendo às participações de Alessio Carbone, Deborah Colker, Lauren Cuthbertson, Marianela Núñez, Sarah Lamb e Wayne McGregor.

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