Demitido da Globo, William Waack diz que aprendeu a ser mais humilde

Waack foi afastado da bancada do Jornal da Globo em 9 de novembro de 2017, um dia depois do vazamento do vídeo em que aparece fazendo ofensas racistas.

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Waack foi afastado da bancada do Jornal da Globo em 9 de novembro de 2017, um dia depois do vazamento do vídeo em que aparece fazendo ofensas racistas. - FOTO: Foto: Reprodução/Record

Em entrevista ao Programa do Porchat, da Record, que retornou para sua temporada 2018 nesta segunda-feira (5), o jornalista William Waack falou pela primeira vez na televisão sobre a polêmica na qual se envolveu em novembro do ano passado, quando vazou um vídeo em que ele aparece fazendo ofensas racistas durante a cobertura das eleições presidenciais norte-americanas de 2016. Demitido da TV Globo cerca de um mês após o episódio, Waack disse que desde então aprendeu a ser mais humilde e que se arrependeu do comentário que fez.

"Você acha que eu levo esse negócio na boa? Óbvio que eu me arrependo. Eu sou um cara normal. Eu falo palavrão, eu falo coisa fora de hora, eu xingo sem querer. Eu sou normal, não é normal quem diz que todo mundo é santinho. E o nível de hipocrisia disso tudo é fenomenal", afirmou.

Apesar de mostrar-se arrependido, entretanto, Waack continuou na defensiva. Ele acredita ter sido mal interpretado pelo público e não considera que seu comentário "Isso é coisa de preto" foi racista, e sim "uma piada idiota contada completamente sem nenhuma intenção".

"Todas as piadas menos politicamente corretas que você possa imaginar eu faço. Sou terrivelmente piadista. Só que você arrumou um jeito de ganhar dinheiro com isso e eu arrumei um jeito de perder o emprego. Eu sempre botei apelido nas pessoas, sempre tirei sarro de tudo", disse, se dirigindo a Fábio Porchat.

Quando questionado pelo apresentador se essa "piada" não era de cunho racista, Waack respondeu que não. Segundo ele, "pelo simples fato de que um pensamento racista, jamais será uma piada".

"Não faz parte da minha índole nem do meu raciocínio nenhum tipo de coisa dessa", declarou, considerando ser chamado de racista "um absurdo completo". "Das acusações que podem ser feitas a mim, talvez a mais absurda é a de racismo. Por conta da minha biografia, por conta dos meus amigos, por conta dos meus colegas profissionais. Aliás, basta saber com quem eu contracenava toda noite no Jornal da Globo".

Sobre seu futuro profissional, Waack revelou que vai comandar um programa online. "Me sinto livre de um peso, na verdade, porque durante 48 anos fui empregado de alguém e agora vou ser dono do próprio nariz".

Ainda conforme o jornalista, muitas pessoas saíram em sua defesa após o vazamento do vídeo. "O tipo de apoio que eu recebi de pessoas que falaram por mim naquele período que eu me mantive voluntariamente em silêncio foi extraordinário. O tipo de solidariedade que eu recebi nas ruas, particularmente, é surpreendente".

RELEMBRE O CASO

Nas imagens que vazaram na internet no dia 8 de novembro de 2017, Wiliiam Waack está se preparando para uma entrevista de cobertura das eleições presidenciais norte-americanas de 2016, quando um carro passa e dispara uma buzina que ecoa pelo ambiente. Imediatamente, o jornalista xingue o responsável com palavras de baixo calão e solta um: "Isso é coisa de preto".

A imagem original foi conseguida por Diego Rocha Pereira, um ex-funcionário da Rede Globo ligado a movimentos de cultura negra. Ele contou que a equipe de link externo se preparava para a entrada de Waack ao vivo com um consultor. “Tudo aconteceu enquanto a produção estava colocando o microfone nele. Eu ainda voltei as imagens para ter certeza, não estava acreditando que ele teria falado aquilo. Fiquei tão revoltado que filmei com meu celular”, declarou Diego.

O vídeo repercutiu bastante na internet, provocando a ira de muitos, e em decorrência disso William Waack foi afastado das bancadas globais. Ele deixou o Jornal da Globo um dia após o vazamento do vídeo, em 9 de novembro, sendo demitido oficialmente da emissora no dia 22 de dezembro de 2017.

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