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Prêmios literários não preevem espaço para e-books

Nenhuma das principais honrarias nacionais abre espaço para livros publicados exclusivamente em formato virtual

Do JC Online
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Publicado em 01/07/2014 às 5:52
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Em sua maioria, os e-books são versões digitais de obras também impressas – e, até por isso, tendem a ter preços parecidos e caros. Novas iniciativas exclusivamente digitais, como a Formas Breves e a Cesárea, trazem textos inéditos de nomes de destaque da produção contemporânea, incluindo de Nuno Ramos a Fernando Monteiro. O problema é que o cenário literário, da crítica aos prêmios, ainda não dá a devida atenção aos lançamentos virtuais.

Nos três mais prestigiados concursos da área no Brasil, as obras digitais ainda não podem competir. O Jabuti, o São Paulo de Literatura e o Portugal Telecom, na edição deste ano, só previam a inscrição de obras impressas, sem espaço e oportunidade para e-books. O Prêmio São Paulo, por exemplo, deixa claro isso no regulamento: só são aceitos romances, em português, de autores vivos e em formato impresso.

O Portugal Telecom também aponta a exigência do “modelo impresso” para suas obras. O único que deixa menos claro a questão é o Jabuti, mas, segundo a assessoria de imprensa da premiação, a obra precisa ser inédita em formato impresso para concorrer (ou seja, obras digitais ainda não são consideradas títulos no prelo). “A Comissão Curadora do Jabuti está estudando a inclusão de livros digitais para as próximas edições. Para este ano, de acordo com o regulamento, somente podem participar obras impressas”, explicou a organização do concurso.

Para Carlos Henrique Schroeder, editor da Formas Breves, isso é um sintoma de como as premiações precisam se atualizar. “Nossos prêmios primeiro devem separar conto e crônica, como na maioria dos prêmios, pois são coisas muito distintas e com intenções muito diferentes. E aceitar inscrições em e-books, ou criarem versões dos prêmios em e-book. Os prêmios precisam olhar para frente, não para trás”, aponta o escritor catarinense.

O jornalista e editor Schneider Carpeggiani, da Cesárea, questiona o mesmo problema. Segundo ele, vai se tornar cada vez mais paradoxal a ausência de obras exclusivamente digitais nas premiações. “Quando você esbarra numa questão como essa, você se pergunta: os prêmios julgam o conteúdo ou o suporte? Não é o projeto gráfico ou a qualidade do papel que importam em um romance”, provoca. Ele ainda lembra que prêmios jornalísticos já aceitam inscrições com projetos digitais.

EM PRODUÇÃO
Para este ano, Schroeder antecipa que muitos autores novos vão sair pela Formas Breves. Da Argentina, vão ser publicados contos de Sérgio Chejfec e Marianna Enriquez, além de novas traduções de narrativas curtas de Virginia Woolf. A literatura contemporânea atual também será representada, com André Sant’Anna, Carola Saavedra, Cadão Volpato e Rodrigo Garcia Lopes.

A Cesárea também terá uma agenda cheia nos próximos meses. A terceira edição da revista, com a temáticas de fantasmas, sai no dia 9 de junho. Em livros, duas novidades estão sendo preparadas: uma reedição de Maçã agreste, de Raimundo Carrero, o melhor livro do autor salgueirense segundo ele mesmo, e um ensaio sobre as selfies, feito pelo jornalista e doutorando em comunicação Paulo Carvalho.

Leia mais no Jornal do Commercio deste domingo (1º/6)

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