MUDANÇA

Escritor Samarone Lima abre sebo de livros em Olinda

O jornalista e poeta realizou uma vontade antiga ao encontrar uma casa ampla no Sítio Histórico da cidade

Diogo Guedes
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Diogo Guedes
Publicado em 14/05/2017 às 6:10
Alexandre Gondim/JC Imagem
O jornalista e poeta realizou uma vontade antiga ao encontrar uma casa ampla no Sítio Histórico da cidade - FOTO: Alexandre Gondim/JC Imagem
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O endereço é a Rua 13 de Maio, número 121, no Sítio Histórico de Olinda. Para encontrar o local mais facilmente, no entanto, é importante procurar pela pintura em azul. É lá que mora agora o poeta e jornalista Samarone Lima, depois de anos vivendo na Rua da Aurora. Na verdade, a mudança foi um marco para o escritor mais do que na troca de ares: foi na ampla casa que encontrou em Olinda que ele pôde realizar um sonho antigo, o de criar o próprio sebo de livros.

A Casa Azul, nome escolhido por conta da pintura da casa e por uma homenagem a Carlos Pena Filho, o poeta do azul, começou a funcionar em abril. É um espaço amplo, mas só duas salas são ocupadas por estantes – bem organizadas – com livros usados. Não é um sebo apertado, tomado por obras em todos os locais possíveis, como se costuma ver por aí.

“Queria que fosse uma coisa concentrada, de boa qualidade, que você não precisa procurar em um monte de livros entulhados”, explica Samarone, autor de obras de poesia como O Aquário Desenterrado e A Praça Azul/Tempo de Vidro e do livro-reportagem Viagem ao Crepúsculo. “Tentei quebrar um pouco essa ideia de que um sebo é um lugar empoeirado e bagunçado”.

ACERVO SELETO

De fato, para a ideia comum de um sebo, a Casa Azul tem poucos livros. Afinal, desde o início, Samarone não busca comprar livros em lotes e hospedar qualquer tipo de obra no espaço. É fácil ver, aliás, com um passar de olhos pelas estantes, que muito do que ali está é parte da bibliografia recente ou antiga consultada por ele (inclusive com anotações nas margens e grifos em lápis).

Samarone resume o foco do sebo: alguns livros de teoria, uma boa parte de prosa literária (romances e contos) e uma estante
dedicada à poesia. “Meu objetivo é que todo mundo encontre pelo menos três livros legais quando vier aqui. Tem essa ideia de perguntar recomendações, de conversar sobre os livros”, comenta. Até por essa proximidade pretendida, o autor não tem a menor vontade de vender seus títulos virtualmente. “Só uso a Estante Virtual (portal que reúne sebos) para tirar a média de quando custa um livro”, aponta. Alguns, por enquanto, são difíceis de se desfazer – Samarone chamar esses casos de “livros em decantação”.

Como a Casa Azul tem bastante espaço – incluindo um grande quintal –, a proposta é não se restringir a venda de livros. “Quero que seja um lugar da literatura, com lançamentos, encontros. Vou também receber cursos como o de filosofia com J. C. Marçal e um de poesia – melhor dizendo, de ler poesia – comigo. Vai ser uma vez no mês, das 8h às 12h”, adianta.

De terça a domingo, o sebo fica aberto das 17h às 19h ou quando o dono está em casa – o que nem sempre é fácil de saber. “Ainda vou botar uma campainha. De certa forma, estou aprendendo a viver em Olinda, tem outro ritmo, outras pessoas”, afirma. O que já aprendeu sobre Olinda e sobre o sebo, no entanto, já o agrada. “Estou em outro ciclo. O pessoal diz que não me encontra mais por aí, que eu sumi. Estou mais quieto mesmo, curtindo o silêncio. Mas quero receber pessoas, conversar sobre poesia e música”, define Samarone, poeta, jornalista e, agora, dono de um belo sebo de livros.

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