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Catamaran Tours completa 20 anos com a cara do Recife

Hoje, a Catamaran Tours é a principal empresa de passeios de barco pelos rios da capital pernambucana

Luiza Freitas
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Luiza Freitas
Publicado em 04/12/2016 às 7:21
Foto: André Nery/JC Imagem
Passeio de Catamaran no Recife - FOTO: Foto: André Nery/JC Imagem
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Muitas foram as mudanças vistas a partir dos catamarãs da família Britto. Há 20 anos, a paixão de um engenheiro pelo mar tomou um novo rumo e deu à capital pernambucana um dos mais simbólicos investimentos em turismo que perdura até hoje. A Catamaran Tours – principal empresa de passeios de barco pelos rios da cidade – conta atualmente com seis roteiros dentro da cidade e outros três em praias próximas, realizadas em 12 embarcações que chegam a transportar 15 mil pessoas por mês.

Os números representam o sucesso no enfrentamento à crise em pleno ano de aniversário da empresa. Após o Carnaval deste ano, o faturamento foi reduzido à metade em comparação ao mesmo período de 2015. “A gente decidiu, então, inovar. Criamos um produto novo, o Catamaran Assombrado, pensado para durar até julho, mas acabou se tornando um roteiro fixo, todos os sábados à noite”, diz a diretora da empresa, Juliana Britto, 40 anos. 

O lançamento desse e de mais dois outros roteiros junto a ajustes administrativos já fizeram a empresa retomar cerca de 20% do movimento perdido. O passeio de barco é um dos três segmentos da empresa – que ainda trabalha no ramo de eventos e de restaurante – e representa atualmente mais da metade de sua receita. A fórmula para a recuperação foi olhar novamente para as origens, focando no transporte por catamarã.

Tudo começou com a paixão de Júlio Britto pelo mar. Em 1988 construiu uma pousada familiar na praia de Nova Cruz, Litoral Norte de Pernambuco e poucos anos depois decidiu oferecer como diferencial aos hóspedes passeios de catamarã. Até que em 1996 o serviço foi transferido para o Recife, partindo da Praça do Marco Zero, com a proposta de conhecer a cidade a partir de um ângulo diferente, em um restaurante flutuante durante a noite.

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A Catamaran Tours completou 20 anos com bolo e um passeio de catamarã no último dia 30 - Foto: André Nery/JC Imagem
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O passeio de catamarã é uma das três atividades da empresa, além dos ramos de restaurante e eventos - Foto: André Nery/JC Imagem
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O passeio de catamarã de aniversário levou os visitantes para a Bacia do Pina e o Centro do Recife - Foto: André Nery/JC Imagem
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Entre os pontos do passeio, estava a Praça do Marco Zero - Foto: André Nery/JC Imagem
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Para se manter durante a crise, a empresa lançou novos roteiros, como o Catamarã Assombrado - Foto: André Nery/JC Imagem
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O passeio de barco representa metade da receita da empresa - Foto: André Nery/JC Imagem
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A Catamaran Tours transporta 15 mil pessoas em 12 embarcações por mês - Foto: André Nery/JC Imagem
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A Catamaran Tours conta, atualmente, com 6 roteiros diferentes - Foto: André Nery/JC Imagem
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Para o futuro, a Catamaran Tours estuda implantar catamarã climatizado, que está em fase de testes - Foto: André Nery/JC Imagem

Na época, o negócio da família ganhou força com a revitalização da área do Recife Antigo, com o funcionamento de muitos bares e projetos de lazer que movimentavam as ruas do bairro. Era a transição entre as gestões municipais de Jarbas Vasconcelos e Roberto Magalhães. Mesmo assim, a relação com o rio ainda era negativa e os passeios eram vistos com desconfiança pelos próprios recifenses.

“Muita gente dizia ‘Deus me livre navegar nessa coisa suja’. Havia uma resistência. Mas quanto mais uma pessoa dizia isso, mais a gente segurava pela mão e ia mostrar o passeio. Houve uma mudança no comportamento do próprio recifense, que hoje acha o rio lindo e gosta de passear de barco”, relata Juliana. 

Ela e toda a família trabalhavam no barco: os irmãos operavam o barco, o pai administrava, a mãe cantava e tocava violão. Todos moravam em Maria Farinha, onde o único catamarã ficava à serviço dos hóspedes. Nas noites de quinta-feira a sábado partiam ao fim da tarde para o Recife, oferecer a novidade aos que passeavam.

“A gente fazia tudo na cara e na coragem. Eu ia tocando violão, cantando MPB, músicas que não saem de moda. E a gente ia navegando pela Bacia do Pina”, lembra a viúva de Júlio, Solange Britto, 66. O lugar é até hoje o mais simbólico para ela, que continua trabalhando na empresa como guia turística. Em comemoração aos 20 anos, o roteiro foi retomado, também com música e serviço de bar.

O engenheiro faleceu no ano de 2000, pouco depois da aquisição do terreno próximo ao Forte das Cinco Pontas, no bairro de São José. Foi também o início do fim do período de “auge”, segundo a família, mas o negócio resistiu firme ao abandono do centro histórico da cidade e hoje resiste à crise econômica. 

RIO

A empresa está bem atenta ao futuro e não para de pensar em novos projetos. A próxima novidade é o catamarã climatizado, que começará a ser testado em breve. Preços e tipo de serviço ainda serão definidos a partir do desempenho da embarcação nas águas recifenses, mas a ideia é usá-lo para festas e roteiros diferenciados. 

Mas o sonho mesmo da família é um dia tornar os rios da cidade uma atração nos padrões de cidades turísticas que exploram bastante passeios de barco como Buenos Aires, na Argentina, e Paris, na França. As duas cidades exploram seus rios oferecendo serviços variados que encantam e atraem turistas de todo o mundo. 

“Recife já é conhecida como a Veneza Brasileira, então ter um serviço desse tipo com segurança e qualidade é muito importante para o turismo da cidade como um todo”, afirma o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens de Pernambuco (Abav-PE), Marcos Teixeira. 

Ele pondera ainda que a capital pernambucana tem uma demanda turística principalmente focada em negócios, o que demonstra ainda mais a relevância do serviço prestado pela empresa. “É, realmente, um case de sucesso, eles estão no caminho certo”, conclui Teixeira.

Mas os planos da família ainda esbarram em problemas que estão além de sua essência desbravadora e empreendedora. O projeto de navegabilidade do Rio Capibaribe, por exemplo, poderia iniciar um novo capítulo tanto para o negócio familiar quanto para a possibilidade de surgimento de outras empresas. 

“A navegabilidade ajudaria a cidade como um todo. É uma coisa diferente da que oferecemos, não é turismo. Seria um transporte turístico, onde as pessoas poderiam contemplar a cidade enquanto se deslocam”, comenta um dos irmãos à frente da Catamaran Tours, Marcos Britto.

O projeto em questão, inicialmente orçado em R$ 289 milhões e financiado pelo Ministério das Cidades, está parado há mais de um ano. A obra iniciada em 2012 previa a construção de cinco estações de embarque e desembarque com capacidade para transportar 100 mil passageiros por mês a partir de duas rotas, uma pela Zona Oeste da cidade e outra pelo Centro. 

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