Argentina

Kirchner será denunciada por 'encobrimento' no atentado da associação judaica

Kirchner teria promovido acordo com o Irã para que uma delegação internacional de juristas pudesse interrogar ex-dirigentes iranianos

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Publicado em 29/12/2016 às 21:54
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Kirchner teria promovido acordo com o Irã para que uma delegação internacional de juristas pudesse interrogar ex-dirigentes iranianos - FOTO: Foto: AFP
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A Câmara Federal de Cassação Penal argentina determinou nesta quinta-feira que a ex-presidente Cristina Kirchner seja denunciada por suposto encobrimento do atentado em 1994 contra a associação judaica AMIA, que deixou 85 mortos e cerca de 300 feridos, informou uma fonte judicial.

Na prática, trata-se da retomada da denúncia formulada pelo promotor Alberto Nisman, encontrado morto em sua residência com um tiro na cabeça em janeiro de 2015.

Segundo a denúncia, Kirchner teria acobertado dirigentes iranianos envolvidos no ataque à associação judaica, em Buenos Aires.

A Câmara determinou o prosseguimento da denúncia, arquivada após a morte de Nisman em condições ainda não esclarecidas, atendendo a um recurso da Delegação de Associações  Israelitas Argentinas (DAIA).

Segundo o tribunal, "a hipótese acusatória da DAIA (...) estaria relacionada a uma manobra dirigida a retomar as relações comerciais do nosso país com o Irã em troca da impunidade dos iranianos envolvidos".

Quatro dias antes de morrer em circunstâncias ainda não esclarecidas, em 18 de janeiro de 2015, Nisman acusou Kirchner e o ex-chanceler Héctor Timerman de encobrimento no caso AMIA.

Kirchner teria promovido um acordo com o Irã para que uma delegação internacional de juristas pudesse interrogar ex-dirigentes iranianos, entre eles o ex-presidente Ali Rafsanjani, mas Teerã jamais cumpriu o acerto.

Justiça argentina também afastou juiz do caso

A justiça argentina também determinou o afastamento do juiz Daniel Rafecas do caso, e o sorteio de um novo magistrado para dirigir o processo "com a celeridade que se impõe".

Rafecas rejeitou, em agosto passado, o pedido da DAIA para reabrir o caso, o que motivou o recurso à instância superior.

A morte de Nisman passou em setembro passado para à alçada federal, que deverá elucidar se foi homicídio ou suicídio, algo que não pôde ser estabelecido até o momento.

A mudança de competência significa que a Justiça vê a morte de Nisman como algo com implicação superior, por suas possíveis conotações políticas.

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