Argentina

Kirchner será réu em caso de política monetária na Argentina

Justiça argentina acusa a ex-presidente dede ter causado danos financeiros ao Banco Central por suas medidas contra a desvalorização em 2015

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Publicado em 23/03/2017 às 23:08
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Justiça argentina acusa a ex-presidente dede ter causado danos financeiros ao Banco Central por suas medidas contra a desvalorização em 2015 - FOTO: AFP
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A ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015) irá a julgamento oral por suposto prejuízo ao Estado em operações cambiárias do Banco Central ao fim de seu governo, segundo uma decisão do juiz Claudio Bonadio divulgada nesta quinta-feira.

A data do julgamento pelo caso chamado "dólar futuro" será definida pelo tribunal oral responsável pelo processo.
Junto a Kirchner, de 64 anos, serão julgados o ex-ministro da Economia e atual deputado Axel Kicillof e o ex-presidente do Banco Central da Argentina (BCRA) Alejandro Vanoli, informou o Centro de Informação Judicial (CIJ) que depende da Suprema Corte.

O magistrado os acusa de ter causado danos financeiros ao Banco Central por suas medidas contra a desvalorização em 2015 e já embargou 15 milhões de pesos (um milhão de dólares) de cada um.

Quando seu processo foi confirmado em novembro do ano passado, a ex-presidente desistiu de recorrer na intenção, segundo seu advogado, de defender-se em um julgamento oral e público.

"Não se pode descartar que a ex-presidenta aproveitará esta oportunidade do julgamento para ter uma plataforma política" em um ano eleitoral, disse à AFP o sociólogo Ricardo Rouvier, da consultoria Rouvier e associados, para quem a notícia do julgamento não incidirá na opinião pública.

Kirchner transformou seu comparecimento para depôr em abril em um enorme ato político em frente aos tribunais de Buenos Aires, em sua primeira aparição pública desde sua saída do governo em dezembro de 2015.

Dólares na mira

Kirchner, Kicillof e Vanoli serão julgados pelo delito de "administração fraudulenta em prejuízo à administração estatal", em uma polêmica acusação referida à política monetária do governo passado, segundo a decisão do juiz de 27 folhas na qual deu por encerrada a etapa de instrução.

Outros 12 acusados, ex-membros do Banco Central e da Comissão Nacional de Valores, serão julgados como supostos partícipes necessários da suposta manobra.

A operação com dólares a futuro consiste em fixar um preço da divisa a três ou quatro meses, como investimento. Se a taxa de câmbio cair, o Banco Central ganha dinheiro, mas se houver desvalorização a instituição perde.

Uma das primeiras medidas do presidente Mauricio Macri após assumir em 10 de dezembro de 2015 foi liberar a taxa de câmbio e a desvalorização chegou a 32%.

Em sua defesa, a ex-presidente afirmou que quem comprou os dólares a futuro foram os empresários, muitos deles funcionários do governo de Macri e todos eles foram autorizados pelo juiz Bonadio a cobrar os futuros.

Pesam contra a ex-presidente, que se diz "vítima de uma perseguição judicial e midiática", outras três acusações, uma delas por suposta corrupção com negócios imobiliários da família, um caso que também está nas mãos de Bonadio.

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