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Radicalizado detido na França jurou fidelidade ao Estado Islâmico

A prisão acontece dois dias antes do 2º turno das eleições presidenciais, em um contexto de grande ameaça terrorista na França.

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Publicado em 05/05/2017 às 13:52
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A prisão acontece dois dias antes do 2º turno das eleições presidenciais, em um contexto de grande ameaça terrorista na França. - FOTO: FOTO: AFP
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Um islamita que jurou fidelidade ao Estado Islâmico (EI) foi preso na madrugada desta sexta-feira perto de uma base militar na França, no último dia de uma campanha presidencial que opõe o centrista Emmanuel Macron à sua rival da extrema-direita, Marine Le Pen.

Antes do final oficial da campanha às 22h00 GMT (19h00 de Brasília), que vai impor um silêncio midiático, Emmanuel Macron viu sua liderança confirmada nas últimas pesquisas: 61,5% contra 38,5% para Marine Le Pen, ou mesmo 62% a 38%.

Um ex-militar convertido ao Islã e sob vigilância desde 2014 por sua radicalização foi preso na madrugada desta sexta-feira perto da base militar de Evreux, a alguns quilômetros de Paris. Foi seu veículo estacionado próximo à base que alertou as autoridades.

O suposto islamita jurou lealdade ao grupo Estado Islâmico (EI) segundo uma gravação encontrada em um dispositivo USB descoberto em seu carro, informaram fontes ligadas à investigação.

Foram achadas várias bandeiras do EI no veículo e um fuzil, dois revólveres e munição escondidos em um matagal perto da base militar.

A prisão acontece dois dias antes do segundo turno da eleição presidencial, em um contexto de forte ameaça terrorista na França.

A seção antiterrorista da Procuradoria de Paris está encarregada da investigação, mas os investigadores ainda não determinaram o motivo de sua presença neste local, nem seus motivos.

As fontes caracterizaram o suspeito como um homem "de perfil psicológico muito instável" e em seu carro acharam um exemplar do Corão.

Os investigadores tentam agora descobrir se ele pretendia realizar uma ação violenta ou se ainda era uma etapa preparatória.

Na noite de 20 de abril, três dias antes do primeiro turno presidencial, um policial foi assassinado na famosa avenida dos Champs-Élysees, no coração da capital francesa.

O ataque foi reivindicado pelo grupo Estado Islâmico (EI), que organizou e cometeu a maior parte dos atentados ocorridos no país desde janeiro de 2015, nos quais morreram 239 pessoas.

Intervalo áspero entre dois turnos

A dois dias do segundo turno presidencial, Macron e Le Pen realizaram suas últimas intervenções midiáticas e visitas.

Le Pen, sob investigação por suspeita de colocar em empregos fantasma assistentes de seu partido no Parlamento Europeu, foi recebida aos gritos de "Marine, devolva o dinheiro!" na catedral de Reims (noroeste), onde eram coroados os reis da França. Uma visita surpresa, que não estava na agenda oficial.

"Os partidários de Macron agem de forma violenta em todos os lugares, mesmo na catedral de Reims. Nenhuma dignidade", acusou.

Alguns manifestantes vieram munidos com balões nas cores da União Europeia ou cartazes com os dizeres "fechemos a estrada para a extrema-direita".

Emmanuel Macron, em visita ao sudoeste do país desde o dia anterior, continuou seu programa nesta sexta-feira, visitando a catedral de Rodez.

Mantendo certa precaução oratória, afirmou nesta sexta-feira que já escolheu seu primeiro-ministro, "se for eleito", e que trabalha na composição de sua equipe de governo.

No início de março, havia dito que gostaria de ter uma mulher para chefiar o governo.

Homem ou mulher, será este primeiro-ministro que será responsável, segundo ele, por conduzir a campanha eleitoral legislativa, que dará ou não uma maioria ao próximo chefe de Estado.

O intervalo entre os dois turnos foi particularmente áspero, atingindo seu clímax na quarta-feira durante um debate televisionado que se transformou em uma batalha verbal, com Le Pen hostilizando seu oponente desde o primeiro minuto.

Sua performance não foi apreciada, mesmo dentro de seu próprio campo. E no dia seguinte, a candidata da Frente Nacional perdeu três pontos, de acordo com uma pesquisa Elabe, em comparação com uma consulta anterior, realizada entre 28 de abril e 2 de maio, enquanto seu rival pró-europeu do movimento Em Marcha! ganhou três pontos.

A dois dias da votação, a participação potencial permanece relativamente baixa: apenas 68% dos entrevistados dizem que estão determinados a votar.

Emmanuel Macron irá ao final da tarde para o norte da França, em Le Touquet, onde vai votar no domingo antes de voltar para Paris. Marine Le Pen, vai votar em seu reduto de Henin-Beaumont, também no norte.

Por sua parte, o atual presidente socialista François Hollande desejou nesta sexta-feira a "maior pontuação possível" no domingo para Emmanuel Macron, que recebeu muito apoio nas últimas semanas.

O mais recente, na quinta-feira, veio do ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, o que provocou a ira da sobrinha de Marine Le Pen, a deputada Marion Maréchal Le Pen, que considerou ser "absolutamente incrível que um ex-presidente americano possa vir a interferir tão diretamente na política francesa.

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