ATENTADO

Khuram Butt, um extremista adepto da musculação, do futebol e da Jihad

Suas posturas extremistas haviam levado muitas pessoas a denunciá-lo às autoridades

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Publicado em 06/06/2017 às 4:43
Foto: AFP PHOTO / METROPOLITAN POLICE
Suas posturas extremistas haviam levado muitas pessoas a denunciá-lo às autoridades - FOTO: Foto: AFP PHOTO / METROPOLITAN POLICE
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Khuram Shazad Butt, identificado pela autoridades nesta segunda-feira (5) como um dos três autores do atentado de Londres, figurava nas bases de dados dos Serviços de Inteligência, e seu nome estava, inclusive, em um documentário intitulado "Os jihadistas moram ao lado" (em tradução livre).

Butt fez os alarmes dispararem por suas posturas extremistas e seus supostos vínculos com pregadores radicais detidos, mas seus vizinhos do bairro de Barking, no leste de Londres, descreveram-no como um homem amável.

Na noite de sábado, foi morto a tiros pela Polícia junto com outros dois cúmplices depois de ter assassinado sete pessoas e ferido dezenas no atentado na London Bridge e na zona de bares e restaurantes de Borough Market.

Nascido no Paquistão há 27 anos, mas nacionalizado britânico, trabalhou por seis meses no metrô de Londres, informou à BBC a TFL, a empresa de Transportes de Londres.

A imprensa britânica informou ainda que ele trabalhou na rede de fast-food KFC e que era um grande fã de futebol.

Segundo a imprensa britânica, Butt foi um dos protagonistas do documentário da televisão Channel 4 "The Jihadis Next Door" ("Os jihadistas moram ao lado", em tradução livre) sobre um grupo de fundamentalistas muçulmanos de Londres.

Suas posturas extremistas haviam levado muitas pessoas a denunciá-lo às autoridades.

Entre eles, um adolescente que frequentava a mesma academia disse que Butt lhe havia contado que estava perto de se unir ao grupo Estado Islâmico (EI) e uma mulher que advertiu a Polícia que o suspeito estava tentando radicalizar crianças, informou o jornal The Times.

O diretor do centro de estudo islâmico Ramadhan Foundation, Mohammed Shafiq, relatou que Butt o agrediu verbalmente em 2013 na saída do Parlamento britânico.

Segundo seu testemunho, Butt lhe disse, em árabe, que era um traidor e o acusou de ser uma marionete do governo.

Shafiq afirmou ainda que, nesse momento, Butt estava com o pregador radical Anjem Choudary, antigo líder do grupo denominado Al-Muhajiroun.

Choudary foi detido em setembro com uma condenação de cinco anos e meio por apoiar extremistas do EI. Atualmente, está incluído em uma lista negra de "terroristas" elaborada pelo Departamento de Estado americano.

Entre as pessoas que se radicalizaram no grupo Muhajiroun, está um dos suicidas que mataram 52 pessoas nos transportes públicos de Londres em julho de de 2005 e os homens que mataram o soldado Lee Rigby, em 2013.

"Não me surpreende que Khuram Butt tenha cometido um ataque terrorista e aqui há questões sérias, às quais as autoridades devem responder", afirmou Shafiq.

Em Barking, um bairro multiétnico, os vizinhos o descreveram como um sujeito amigável, "família" e frequentador assíduo de academia. Era conhecido como "Abz".

Depoimentos

"Costumava ser amigável, mas, de repente, mudou de atitude. Não agia com naturalidade. Não é que fosse agressivo, mas costumava falar com a gente e, de repente, dizia apenas oi, tchau", contou para a AFP um dos moradores, o professor de autoescola que se identificou apenas como Salahudeen, de 40 anos.

Segundo ele, Abz tinha dois filhos, um garoto e uma menina pequena.

A Polícia identificou Rachid Reodouane, de 30, como um dos cúmplices de Butt. Ainda não há informações do terceiro agressor.

Redouane dizia ser marroquino e líbio e também usava o nome de Rachid Elkhdar, disse a Polícia.

O agressor portava um título de residência irlandês e havia morado em Dublin, indicou a rede local RTE, citando fontes de segurança. A emissora informou também que ele havia se casado com uma britânica na Irlanda em 2011 antes de se mudar para o Reino Unido. Segundo o jornal The Guardian, ele trabalhava como padeiro.

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