Mercosul

Argentina assume presidência do Mercosul ante oposição da Venezuela

Decisão ocorre após o vencimento do prazo para que a Venezuela cumprisse requisitos administrativos e técnicos para se manter no Mercosul

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Publicado em 14/12/2016 às 17:58
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Decisão ocorre após o vencimento do prazo para que a Venezuela cumprisse requisitos administrativos e técnicos para se manter no Mercosul - FOTO: FOTO: EITAN ABRAMOVICH / AFP
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A Argentina assumiu nesta quarta-feira a presidência rotativa do Mercosul, diante da oposição da Venezuela, em uma reunião extraordinária de chanceleres do bloco em Buenos Aires, informou a ministra argentina de Relações Exteriores argentina, Susana Malcorra.

"Assumi a presidência pró-tempore", disse Malcorra em uma coletiva de imprensa no Palácio San Martin, sede da chancelaria argentina, aonde sua contraparte venezuelana, Delcy Rodríguez, foi sem ser convidada, sendo excluída do encontro com seus colegas de Brasil, Uruguai e Paraguai.

A chanceler argentina, anfitriã do encontro, fez o anúncio ao final de uma reunião com seus contrapartes paraguaio, Eladio Loizaga; brasileiro, José Serra; e uruguaio, Rodolfo Nin Novoa.

A decisão ocorre depois de vencido o prazo para que a Venezuela cumprisse os requisitos administrativos, técnicos e políticos para se manter como membro pleno do bloco e a suspensão depois de uma gestão colegiada de Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, fundadores do Mercosul.

No entanto, após o anúncio de Malcorra, Delcy Rodríguez reiterou em sua conta no Twitter que Caracas se manterá na presidência rotativa do Mercosul.

Mudanças no bloco

O Mercosul deu uma virada ideológica de 180 graus com os presidentes conservadores Michel Temer no Brasil e Mauricio Macri na Argentina. 

Já se passaram os tempos em que os acordos levavam em consideração as afinidades latino americanas entre o venezuelano Hugo Chávez, o brasileiro Lula da Silva, o argentino Néstor Kirchner e o uruguaio José Mujica.

Agora são outros tempos. Brasil e Argentina dizem estar esperando que a Venezuela cumpra "o mais rápido possível" os compromissos do Mercosul para reintegrar-se plenamente ao bloco.

Dando outro enfoque, o governo uruguaio de Tabaré Vázquez reafirmou na terça-feira (13) seu apoio à continuidade da Venezuela no Mercosul com voz e sem voto, após uma conversa na segunda-feira (12) com Nicolás Maduro.

A suspensão imposta a Caracas foi aplicada por não haver incorporado à sua legislação uma série de medidas comerciais e políticas, incluindo o respeito aos direitos humanos.

Neste contexto, a chanceler venezuelana afirmou que o afastamento do seu país era "uma conspiração. Eles alegam uma suposta violação da Venezuela, que não é verdade. Com boa fé a Venezuela incorporou 95% do acervo normativo do Mercosul às suas leis".

O sensível caso venezuelano domina as conversas dessa quarta-feira no aristocrático palácio San Martín, de estilo francês. Ali se encontrará Malcorra com seus parceiros do Brasil, José Serra; do Paraguai, Eladio Loizaga, e do Uruguai, Rodolfo Nin Novoa.

Prioridade com a Europa

Oficialmente se denomina XI Reunião Extraordinária do Conselho do Mercado Comum. Ela antecede outro encontro que será realizado na quinta-feira em Montevidéu.

A prioridade da presidência argentina do bloco será em avançar na negociação de um acordo de livre comércio com a União Europeia, sem incluir a Venezuela. Caracas "sempre foi alheia a essas negociações", declarou a chanceler.

A criação da união alfandegária do Mercosul no começo da década de 90 prouziu um impulso formidável às economias dos quatro países fundadores.

O comércio se multiplicou. A Argentina e o Brasil passaram a ser os maiores sócios com grandes negócios bilaterais. Porém as crises internas em ambas nações fizeram o grupo entrar na zona nublada em que se encontra.

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