ELEIÇÕES 2016

Fórum de Saúde Mental do Recife emite nota de repúdio a declaração de Geraldo Julio

Entidade critica falta de estrutura nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

Da editoria de Política
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Publicado em 22/09/2016 às 17:16
Foto: JC Imagem
Entidade critica falta de estrutura nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) - FOTO: Foto: JC Imagem
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Declarações recentes do prefeito do Recife, Geraldo Julio, candidato à reeleição, foram alvo de questionamento do Fórum de Trabalhadores de Saúde Mental do Recife. O foco da crítica é uma entrevista concedida pelo gestor, na última terça-feira (20), na TV Globo, em que ele afirmou ter realizado “amplas reformas” nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). A entidade soltou nota de repúdio nessa quarta (21) afirmando que a fala do prefeito não condiz com a realidade das unidades. 

“Há um claro desmonte do parque de Saúde Mental com rebatimento na baixa qualidade dos serviços hoje ofertados: recorrente falta de medicações básicas para a garantia do tratamento de casos graves de transtorno psíquico; retirada do transporte que garantia o cuidado à atenção à crise na comunidade, bem como, a continuidade do cuidado junto à Atenção Básica; oferta de alimentação de péssima qualidade e quantidade insuficiente; enfraquecimento dos espaços de controle social e de interlocução entre gestão e trabalhadores”, afirma o Fórum, em nota.

Segundo representantes do Fórum, um dos exemplo das unidades em situação precária é o CAPS Galdino Loreto, em Areias.

“Alguns centros tiveram reformas, mas algumas foram de baixíssima qualidade. Alguns serviços ainda não foram sanados e depois de quatro anos continuam a mesma coisa. Os CAPS precisam de manutenção, reparos”, disse um membro do Fórum, que pediu sigilo por temer represálias. 

Na entrevista, Geraldo diz que recebeu os CAPS em situação de muita precariedade, mas afirma ter feito amplas reformas. “Não foi só uma pintura, um conserto, mas uma reforma completa. Contratamos mais profissionais para colocar lá. Melhoramos muito o atendimento, a quantidade e a humanização do atendimento e a gente pretende, sim, ampliar a rede, porque essa é uma questão que enfrentamos diretamente, de frente”, disse o prefeito.

A assessoria do candidato foi procurada para comentar a nota, mas até o momento não se posicionou. Nos bastidores, membros da campanha se queixam de vinculação partidária do Fórum. 

NOTA DE REPÚDIO

O Fórum de Trabalhadores de Saúde Mental do Recife vem manifestar seu repúdio às últimas declarações do Prefeito do Recife, candidato à reeleição, Sr. Geraldo Júlio, em entrevista proferida à TV GLOBO/NETV na última terça-feira, 20 de setembro de 2016.

As afirmações concernentes às “amplas reformas” nos Centros de Atenção Psicossocial – CAPS não condizem com a realidade em que estas unidades se encontram. Profissionais trabalhadores desses espaços, usuários e familiares podem, contrariamente, testemunhar no cotidiano a experiência de utilizar serviços em precárias condições de funcionamento.

Historicamente, vimos construindo uma Rede de Cuidado em acordo com os preceitos da Reforma Psiquiátrica/SUS, tendo em vista a garantia de acesso ao tratamento humanizado, desinstitucionalizado e de base comunitária, com ênfase na reinserção das pessoas com sofrimento psíquico em seus contextos familiar e social.

No entanto, os profissionais da Rede de Saúde Mental de Recife reconhecem que o momento atual tem sido de retrocesso em relação às muitas conquistas e garantias as quais a população tem acesso. Há um claro desmonte do parque de Saúde Mental com rebatimento na baixa qualidade dos serviços hoje ofertados: recorrente falta de medicações básicas para a garantia do tratamento de casos graves de transtorno psíquico; retirada do transporte que garantia o cuidado à atenção à crise na comunidade, bem como, a continuidade do cuidado junto à Atenção Básica; oferta de alimentação de péssima qualidade e quantidade insuficiente; enfraquecimento dos espaços de controle social e de interlocução entre gestão e trabalhadores, entre outros aspectos que devem preconizar o cuidado e a responsabilidade com a saúde da população.

O desinvestimento nos Centros de Atenção Psicossocial - CAPS e nos demais dispositivos da Rede de Saúde Mental representa a volta do modelo manicomial como principal forma de cuidado e o total desrespeito aos Direitos Humanos daqueles que sofrem psiquicamente. 

Sendo assim, dada a relevância do tema na agenda municipal, esperamos que essa nota possa esclarecer a população sobre o atual cenário da Saúde Mental, bem como, sensibilizar os gestores quanto a importância do fortalecimento da Rede de Atenção Psicossocial – RAPS na cidade do Recife.

“Nenhum passo atrás, manicômio nunca mais!”
Recife, 21 de setembro de 2016.

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