Liana Cirne responde pastor: "confunde propositalmente adoração e veneração"
Vereadora denunciou pastor ao MPPE por chamar Maria de "demônio"
Liana Cirne (PT) enviou ao Blog de Jamildo uma resposta à defesa feita pelo pastor Aijalon Berto, que tentou justificar suas falas sobre Nossa Senhora. No início do mês, o religioso foi denunciado pela vereadora ao Ministério Público de Pernambuco por chamar Maria de "demônio".
Confira a nota, na íntegra, de Liana Cirne:
Por ocasião da “nota de esclarecimento” do senhor por nós denunciado ao Ministério Público de Pernambuco por intolerância religiosa durante as festividades do Morro da Conceição, para quem "tudo o que é feito em nome de Maria e suas estátuas é entregue ao ser identitário demoníaco" coube-me, na véspera de Natal, falar sobre a importância do apostolado de Maria para os cristãos e a sua mensagem de esperança e libertação.
O denunciado tenta justificar seus atos de intolerância em Mateus 4:10: somente a Deus devemos adorar e servir. Confunde propositalmente adoração e veneração. Nós, católicas e católicos, não adoramos, mas veneramos.
E devemos sim venerar a importância do apostolado de Maria, pois se não fosse o seu “sim”, Jesus não teria nascido e não haveria Natal, nem o Renascimento que ele representa em nós. Não podemos - nem devemos - esquecer que o Evangelho de Lucas - o evangelho dos pobres, da mulher, da inclusão, da misericórdia - nos revelou que o anjo disse a Maria que “O Espírito Santo virá sobre ti e a energia (dínamis) do Altíssimo armará sua tenda sobre ti e é por isso que o Santo gerado será chamado Filho de Deus” (Lc 1,35).
Como ensina Leonardo Boff, “Nela está atuando o Espírito Santo que nela habita e que está criando a santa humanidade do Filho de Deus. Nela estão presentes duas Pessoas divinas: o Espírito Santo e o Filho eterno do Pai. Ela é o templo que alberga a ambos”.
Veneramos sim a Maria, pois foi ela a escolhida pelo próprio Deus para cumprir a missão magna. E no Cântico de Maria (Magnificat), ela anuncia “minha alma proclama a grandeza do Senhor, meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, porque olhou para a humilhação de sua serva” (Lc 1:46-48) e “Ele realiza proezas com seu braço: dispersa os soberbos de coração, derruba do trono os poderosos e eleva os humildes; aos famintos enche de bens, e despede os ricos de mãos vazias” (Lc 1:51-53). Maria canta as maravilhas que Deus fez em sua vida e ao longo da história do seu povo e profetiza o Evangelho de Jesus de Nazaré.
A Festa do Morro é a festa da classe trabalhadora que venera a Mulher que anunciou que Deus dispersa os soberbos de coração e eleva os humildes. Que essa mensagem mariana transborde o nosso Natal de esperança e ilumine os corações para a tolerância e o respeito a todas as manifestações de fé.
Que nenhuma manifestação de ódio ou intolerância possa sufocar a mensagem do Natal: o nascimento de “um menino que vem das profundezas do mistério para que saibamos acolher a toda criatura”.