A marca Hamilton, de "showman" a "empreendedor social"
Marca construída em torno da imagem de Hamilton persistirá mesmo quando ele se aposentar
Além de seu brilhante histórico, ao qual pode somar um oitavo título mundial de Fórmula 1 neste domingo (12), Lewis Hamilton construiu uma marca em torno de sua imagem, que persistirá quando o piloto de 36 anos deixar os circuitos.
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Oitavo esportista mais bem pago do mundo em 2021, segundo a revista Forbes, o britânico ganharia 62 milhões de dólares só por suas atividades esportivas, com um salário fixo de 55 milhões.
Segundo o site especializado RaceFans, seu salário, negociado em meio à pandemia, seria de mais cerca de 30 milhões até 2021, contra 40 milhões antes. A isso se acrescentariam cerca de 12 milhões de dólares em contratos de publicidade, de acordo com a Forbes.
A fortuna do heptacampeão mundial, na F1 desde 2007, é avaliada em 339 milhões de dólares, tornando o piloto da Mercedes o esportista mais rico da história do Reino Unido, de acordo com o Sunday Times.
Tendo Max Verstappen (Red Bull) como grande rival, Hamilton ainda é o mais bem pago, à frente do holandês de 24 anos (que tem um contrato estimado em 25 milhões de dólares, mais 17 milhões de bonificações).
"Grande showman"
Além dos patrocinadores ligados à sua equipe (Petronas, Ineos, IWC, Epson... ), Hamilton emprestou a sua imagem à marca de som Bose, L'Oréal, Sony, Vodafone e Puma.
Ele co-projetou dois modelos para a marca de motocicletas MV Agusta, criou uma bebida energética para Monster Energy e coleções para Tommy Hilfiger e Police.
Para administrar seus negócios, ele tem sua própria empresa, "Project Forty Four" (Projeto 44, seu número nas corridas).
"Ele é um grande showman, o que é ideal para a F1. Todos os patrocinadores adoram isso", explicou o ex-piloto francês Jean Alesi em 2017, em sua primeira incursão no Top 10 da Forbes dos atletas mais bem pagos.
Ele é o "único piloto a ultrapassar o âmbito de seu esporte" desde Michael Schumacher, disse então Hervé Bodinier, ex-vice-diretor administrativo da Lagardère Plus, uma agência de consultoria voltada para marcas.
Amigo ou conhecido de muitas celebridades, assíduo em desfiles de moda e noites do show-biz, ele gosta de fazer incursões no mundo dos sucessos de bilheteria ("Cars", "Zoolander 2") e videogames ("Call of Duty").
Um filme sobre a F1 também estaria em preparação com a participação de Brad Pitt.
"Ele tem as qualidades do piloto, uma personalidade atraente e usa todos os meios de comunicação modernos", resumiu Bodinier. "É isso que faz a sua força como marca: para os apaixonados são as suas atuações, e para os não iniciados é um dos poucos esportistas que são citados em todo o mundo", acrescentou.
"Empresário social"
Muito popular nas redes sociais, Hamilton tem 25,6 milhões de seguidores no Instagram, 6,8 milhões no Twitter e 5,9 no Facebook (contra 6,5, 2,2 e 2 para Verstappen).
Condecorado no final de 2020, Sir Lewis agora usa esse público para comunicar questões sociais (ecologia, causa animal, veganismo, racismo e diversidade).
"Suas opiniões sobre meio ambiente, gênero e questões étnicas são muito 2021", avalia Simon Chadwick, especialista em indústria esportiva da EM Lyon Business School. "Hamilton, é o senhor 2021."
Quando o piloto, que fará 37 anos em janeiro, não se vê necessariamente continuando nas pistas depois dos 40, Chadwick também estima que ele está preparando seu futuro: "Não acho que suas posições sobre as causas sociais sejam inteiramente anódinas"
"É bem assessorado, adota posicionamentos estratégicos sobre aspectos que interessam aos consumidores das gerações mais jovens", continua. "Ele está em transição para uma espécie de 'influenciador' social, de empreendedor social".
Mas, sobretudo por causa dessas posições que podem dividir ou provocar ironia vindas de um piloto, como as que se referem à ecologia, "Hamilton não recebe apoio unânime", aponta o especialista.
Comparado a uma personalidade mais plana como o tenista Roger Federer, Chadwick acredita que Hamilton "poderia ter sido ainda mais bem-sucedido comercialmente".
No ranking da Forbes, ele está logo atrás de Federer, sétimo apesar das lesões, mas ainda muito atrás do astro das artes marciais mistas Conor McGregor e dos jogadores de futebol Cristiano Ronaldo e Lionel Messi, com rendimentos de 180, 130 e 120 milhões de dólares.