Jogador brasileiro relata "dias de terror" durante fuga na Ucrânia
Jogador do Kolos Kovalivka, Diego Silva voltou ao Brasil nessa terça-feira (01)
O casal Mayara Faria, 21 anos, e Diego Silva, 24, chegou ao Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, o Galeão, por volta das 19h dessa terça (01) em clima de sobrevivência. O jogador de futebol relatou os momentos de "angústia e ansiedade" no bunker na Ucrânia e de terror na caminhada de cerca de duas horas em direção à fronteira com a Romênia.
"Para atravessar a fronteira existe muita burocracia. A gente conseguiu como sobrevivente mesmo, correndo com a mochila nas costas. É desesperador", afirmou Silva.
Mayara chegou à Ucrânia para ficar com o namorado há um mês e quatro dias e esperava aproveitar a viagem para conhecer a Ucrânia.
"O que eu tive foram quatro dias de terror, desde que estourou a guerra. Na fronteira, tinha gente de todo lugar do mundo. Mas nem todos passavam. As pessoas eram escolhidas a dedo", contou Faria.
Os dois só conseguiram voltar para o Brasil porque a prefeitura de Niterói (RJ), onde moram as famílias de ambos, pagou a passagem, que custou R$ 7,5 mil, as duas.
Eles saíram da Romênia, 1h de Brasília, fizeram conexão em Amsterdam, e voaram para o Rio.
A mãe de Silva contou que sua única preocupação hoje foi em preparar o prato predileto do filho, jogador de futebol do time ucraniano de Kolos Kovalivka. O prato especial é um "mexido com ervilha e jiló".
Silva estava fora de casa há dois anos, sendo que, no último ano, foi para a Ucrânia, após receber uma proposta para trabalhar em novo time.
"A distância é muito grande. A gente não tinha o que fazer. Então eu falei: meu filho vai vir de cavalo, de jegue", afirmou Luciana da Silva, mãe do jogador.
O secretário de Direitos Humanos de Niterói, Raphael Costa, disse que recebeu o pedido de ajuda de Faria na sexta-feira, por Whatsapp. A prefeitura, segundo ele, entrou em contato com o Ministério do Exterior, mas, até agora, não obteve retorno do governo federal.
Outros três niteroienses estão em contato com o governo municipal à espera de uma ajuda com passagem, que chegou a custar R$ 35 mil na semana passada.
No Brasil, a trajetória de Silva no futebol é longa. Como júnior, ele jogou em times de grande porte, como Flamengo e Botafogo. "Agora, só quero descansar", afirmou o jogador.