Árbitro da CBF afirma "passar necessidade" após se assumir homossexual
O auxiliar John Andson denunciou que tem sofrido retaliações por ser homossexual
Apesar de inúmeras ações entre os clubes contra a homofobia no futebol, o buraco do preconceito acaba sendo muito mais em baixo. Nessa terça-feira (14), o árbitro John Andson Alves Ribeiro - auxiliar da CBF - desabafou em entrevista ao Fórum Esportivo, da Rádio Jornal, sobre a perseguição que ele vem sofrendo após ter se assumido homossexual.
Segundo o auxiliar, ele tem sofrido retaliação da Comissão Estadual de Arbitragem de Futebol (CEAF) e recebendo cada vez menos partidas para atuar. Vivendo apenas da arbitragem, John relatou que vive momentos de dificuldade financeira.
"Eu estou passando necessidade. Mas essa necessidade que estou passando hoje... Eu sei que Deus vai me abençoar. Hoje eu só tenho a arbitragem para dar o meus sustento", ressaltou.
"Minha mãe é dona de casa. Meu padrasto é caminhoneiro, às vezes não pega frete, às vezes pega, e assim a gente vai se virando", completou o árbitro.
John Andson ainda relatou uma suposta ameaça de um dirigente da CEAF, alertando sobre algum tipo de comportamento que o árbitro poderia ter.
"Eu segurei esses dois anos de uma forma muito dolorida. Teve presidente da CEAF que disse para mim: 'cuidado nas fotos que você posta com seu companheiro'. Eu disse: 'Como é a história?', 'É isso mesmo. Cuidado nas fotos que você posta com seu companheiro'. Eu nunca postei uma foto beijando meu companheiro. E se postasse, que mal há?", contou.
O presidente da Associação Nacional de Árbitros de Futebol (ANAF), Salmo Valentim, também estava presente no Fórum Esportivo e se surpreendeu com a denúncia.
"É um ambiente de disputas desiguais, de egoísmo total. Esse desabafo que John fez, poucos têm coragem", disse Salmo.
"Existe, de fato, um preconceito, é um assunto que precisa ser debatido e combatido. Alguns presidentes de comissões estaduais agem dessa maneira, eles não vem a público dizer nada mas cometem retaliações tirando o profissional que é um prestador de serviço, como eu costumo dizer: ceifando sonhos. Eu lamento", completou.
Questionado pelo repórter João Victor Amorim, Salmo também falou sobre a postura da ANAF em relação a esse tipo de situação:
"Para qualquer pessoa que me procura, eu tento disponibilizar recursos ou meios para que o árbitro possa suprir a necessidade momentânea". Confira a resposta completa no vídeo abaixo:
Confira o Fórum Esportivo desta semana na íntegra