Pronunciamento

Após Bolsonaro pedir reabertura do comércio e escolas e fim da quarentena do coronavírus, políticos reagem

Presidente criticou o isolamento social e afirmou que 90% da população não vão apresentar sintomas da covid-19

Douglas Hacknen
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Publicado em 24/03/2020 às 22:46 | Atualizado em 25/03/2020 às 9:26
Wilson Dias/Agência Brasil
MP está sobre a mesa, mas ele não assina - FOTO: Wilson Dias/Agência Brasil

Atualizada às 23h56

Após o pronunciamento do president Jair Bolsonaro (sem partido), em Rede Nacional de Rádio e TV, na noite desta terça-feira (24), sobre o coronavírus, várias organizações e políticos não pouparam críticas a ele. Durante a fala, o presidente criticou a cobertura que tem sido feita pela imprensa, as atitudes preventivas tomadas pelos governadores, como fechar comércios e escolas, e pediu o fim da quarentena no País.

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), em nota, criticou a atitude do presidente, que segundo ele, "vai na contramão das ações adotadas em outros países e sugeridas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)". Alcolumbre também declarou que o Brasil precisa de uma liderança séria, responsável e comprometida com a vida e a saúde da população. "A nação espera do líder do Executivo, mais do que nunca, transparência, seriedade e responsabilidade", diz um trecho da nota, após um pedido de união.

Já Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, usou o Twitter para se manifestar. Ele disse: "Desde o início desta crise venho pedindo sensatez, equilíbrio e união. O pronunciamento do presidente foi equivocado ao atacar a imprensa, os governadores e especialistas em saúde pública". Em outra tuitada, Maia pediu que todos seguissem as recomendações que já estão sendo dadas, e não o que falou Bolsonaro. "Cabe aos brasileiros seguir as normas determinadas pela OMS e pelo Ministério da Saúde em respeito aos idosos e a todos que estão em grupo de risco".

Em carta conjunta, os secretários de Saúde da região Nordeste informaram que assistiram "estarrecidos" ao pronunciamento do presidente desfazendo todo o esforço adotado no combate ao novo coronavírus (covid-19). Os secretários defenderam o Ministério da Saúde e consideram que a fala de Bolsonaro não reflete as diretrizes do ministério "essa fala atrapalha não só o ministro mas todos nós!".

Como resposta, o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), gravou um vídeo reafirmando as recomendações de autoridades de saúde. "Nós continuaremos firmes, segundo as recomendações médicas e preservando vidas. Peço a você, por favor, fique em casa", disse o governador. 

No Maranhão, o governador Flávio Dino (PCdoB) expressou haver pouca esperança de que Bolsonaro possa exercer o cargo de chefe da Nação com responsabilidade e eficiência.

João Amoedo, que concorreu à Presidência da República pelo partido Novo nas Eleições 2018 também foi outro político a engrossar o tom de críticas a Bolsonaro. No Twitter, ele disse que o pronunciamento do presidente era inaceitável e chegou até a falar de renúncia. "O pronunciamento do presidente é inaceitável. Temos um quadro muito grave e incerto pela frente. Ele deveria vir a publico amanhã, apresentar um plano, mostrar a gravidade da situação, demostrar equilíbrio e bom senso. Ou renunciar ao cargo.

Outro que criticou veemente o discurso de Bolsonaro foi o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, que classificou as declarações dadas em rede nacional como "desastradas". "O momento é grave, não cabe politizar, mas opor-se aos infectologistas passa dos limites. Se não calar estará preparando o fim. E é melhor o dele que de todo o povo. Melhor é que se emende e cale", disse.

Para o petista Fernando Haddad, que disputou o segundo turno das Eleições em 2018, "Bolsonaro apostou milhares de vidas e a própria presidência nesse pronunciamento. Qualquer que seja o desfecho, vai custar caro ao país."

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