PRONUNCIAMENTO

Em cadeia nacional, Bolsonaro reabre guerra com imprensa e critica gestores estaduais por isolamento do coronavírus

Para Bolsonaro, não há lógica em suspender as aulas se o grupo de risco do novo coronavírus é formado por pessoas acima dos 60 anos

Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 24/03/2020 às 20:53 | Atualizado em 25/03/2020 às 9:32
SERGIO LIMA/AFP
O presidente Bolsonaro - FOTO: SERGIO LIMA/AFP

Atualizada às 23h56

Em pronunciamento feito em rede nacional, nesta terça-feira (24), o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), voltou a atacar a imprensa, afirmando que, no começo da então epidemia do coronavírus, os meios de comunicação brasileiros foram "na contramão", espalhando, segundo ele, a sensação de pavor na população acerca da covid-19. Bolsonaro também atacou os gestores estaduais, alegando que as pessoas "precisam voltar à normalidade" e que é necessário reabrir o comércio e retirar a proibição de transportes públicos nas ruas, o que ele denomina de "conceito de terra arrasada". O presidente também se mostrou contra a quarentena para prevenção do vírus e atacou o doutor Drauzio Varella, da TV Globo, que, em um vídeo, ressaltou a importância da quarentena para as pessoas do grupo de risco.

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O presidente relembrou a repatriação que aconteceu em fevereiro, dos 58 brasileiros que estavam em Wuhan, na China, até então, o epicentro do coronavírus. Dali, ele afirma que surgiu um "sinal amarelo" e que a doença chegaria no País mais cedo ou mais tarde. "Desde quando resgatamos nossos irmãos, em Wuhan, na China, numa operação coordenada pelos Ministérios da Defesa e Relações Exteriores, surgiu para nós o sinal amarelo. Começamos a nos preparar para enfrentar o coronavírus, pois sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, ele chegaria ao Brasil", disse.

O trabalho do ministro da Saúde, Henrique Mandetta, foi exaltado pelo presidente no discurso. Bolsonaro relatou que Mandetta se reuniu com os secretários de Saúde das cidades brasileiras para discutir estratégias de enfrentamento à covid-19. "Nosso ministro da Saúde reuniu-se com quase todos os secretários de Saúde dos Estados para que o planejamento estratégico de enfrentamento ao vírus fosse construído e, desde então, o doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS para atendimento de possíveis vítimas", afirmou o presidente.

Ainda sobre a imprensa, o presidente se mostrou contraditório em seu discurso, isso porque, no começo, ele disse que a mídia foi responsável por espalhar o pavor à população, noticiando os muitos casos de mortes na Italia pelo coronavírus. Depois, Bolsonaro parabenizou os profissionais de comunicação brasileiros por "mudar o seu editorial", pedindo calma e tranquilidade. "É essencial que a verdade e o equilíbrio prevaleçam entre nós. O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e, brevemente passará", garantiu.

Diferente do que os decretos dos Estados dizem, Bolsonaro concorda que as pessoas devem voltar à vida normal. "Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de "terra arrasada": A proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa", apontou.

No meio do pronunciamento, o presidente relembrou que o grupo de risco da covid-19 é formado por pessoas acima dos 60 anos de idade e fez uma pergunta: "por que fechar as escolas?". Na oportunidade, Bolsonaro voltou a subestimar o novo coronavírus, chamando a doença de "gripezinha" e "resfriadinho", fazendo também menção do doutor Drauzio Varella que, em um vídeo, informou a importância da quarentena para conter a pandemia do coronavírus. "Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando às orientações do Ministério da Saúde", indicou.

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Cloroquina

A cloroquina foi mencionada novamente mencionada por Bolsonaro, que voltou a defender a ideia que pregou no último sábado (21), dizendo que o medicamento pode servir como uma possível cura do novo coronavírus. "Enquanto estou falando, o mundo busca tratamento para a doença. O DFA americano e o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, buscam a comprovação da eficácia da cloroquina no tratamento do covid-19", explicou, revelando que tem recebido resultados positivos dos cientistas.

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No final do pronunciamento, o líder brasileiro elogiou os profissionais da saúde, ressaltando a importância que eles têm para o enfrentamento ao novo coronavírus. "Aproveito para render minha homenagem a todos os profissionais da saúde, médicos, enfermeiros, técnicos e colaboradores que, na linha de frente, nos recebem nos hospitais, nos tratam e nos confortam sem pânico ou histeria, como venho falando desde o princípio".

Confira o pronunciamento do presidente Bolsonaro na íntegra

"Desde quando resgatamos nossos irmãos, em Wuhan, na China, numa operação coordenada pelos Ministérios da Defesa e Relações Exteriores, surgiu para nós o sinal amarelo. Começamos a nos preparar para enfrentar o coronavírus, pois sabíamos que, mais cedo ou mais tarde, ele chegaria ao Brasil.

Nosso ministro da Saúde reuniu-se com quase todos os secretários de Saúde dos Estados para que o planejamento estratégico de enfrentamento ao vírus fosse construído e, desde então, o doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS para atendimento de possíveis vítimas. Mas o que tínhamos que conter, naquele momento, era o pânico, a histeria e, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa. Assim fizemos, quase contra tudo e contra todos.

Grande parte dos meios de comunicação foram na contramão. Espalharam, exatamente, a sensação de pavor, tendo, como carro-chefe, o anúncio do grande número de vítimas da Itália, um país com grande número de idosos e com um clima totalmente diferente do nosso, um cenário perfeito, potencializado pela mídia, para que uma verdadeira histeria se espalhasse pelo nosso país.

Contudo, percebe-se que, de ontem para hoje, parte da imprensa mudou o seu editorial. Pedem calma e tranquilidade. Isso é muito bom. Parabéns, imprensa brasileira! É essencial que a verdade e o equilíbrio prevaleçam entre nós. O vírus chegou. Está sendo enfrentado por nós e, brevemente passará.

Nossa vida tem que continuar, os empregos devem ser mantidos, o sustento das famílias deve ser preservado. Devemos sim voltar à normalidade. Algumas poucas autoridades estaduais e municipais devem abandonar o conceito de "Terra arrasada": A proibição de transportes, o fechamento de comércio e o confinamento em massa.

O que se passa no nundo tem mostrado que o grupo de risco é o das pessoas acima dos 60 anos, então por que fechar escolas? Raros são os casos fatais de pessoas sãs, com menos de 40 anos de idade. 90% de nós não teremos qualquer manifestação, caso se contamine. Devemos sim é ter extrema preocupação em não transmitir o vírus para os outros, em especial aos nossos queridos pais e avós, respeitando às orientações do Ministério da Saúde.

No meu caso particular, pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria se preocupar. Nada sentiria ou seria quando muito acometido de uma 'gripezinha' ou 'resfriadinho', como bem disse aquele conhecido médico daquela conhecida televisão.

Enquanto estou falando, o mundo busca tratamento para a doença. O DFA americano e o Hospital Albert Einstein, em São Paulo, buscam a comprovação da eficácia da cloroquina no tratamento do covid-19.

Nosso governo tem recebido notícias positivas sobre esse remédio fabricado no Brasil, largamente utilizado no combate à malária, ao lúpus e à artrite.

Acredito em Deus, que capacitará cientistas e pesquisadores do Brasil e do mundo na cura dessa doença. Aproveito para render minha homenagem a todos os profissionais da saúde, médicos, enfermeiros, técnicos e colaboradores que, na linha de frente, nos recebem nos hospitais, nos tratam e nos confortam sem pânico ou histeria, como venho falando desde o princípio.

Venceremos o vírus e nos orgulharemos de estar vivendo neste novo Brasil que tem tudo, sim, tudo para ser uma grande nação. Estamos juntos, cada vez mais unidos. Deus abençoe nossa pátria querida."

Confira a linha do tempo do novo coronavírus em Pernambuco

O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (máscara cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

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Escolha para o líder da bancada de oposição ainda está em discussão - FOTO:RINALDO MARQUES/ARQUIVO ALEPE

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