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Quarentena do coronavírus eleva denúncias de violência doméstica no Brasil; saiba como se proteger

De províncias da China a Pernambuco, números de denúncias de violência contra a mulher aumentaram durante quarentena

Katarina Moraes
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Katarina Moraes
Publicado em 30/03/2020 às 12:45 | Atualizado em 30/03/2020 às 13:56
SÉRGIO BERNARDO/JC IMAGEM
Nova lei em Belém decreta que homens com histórico de violência contra a mulher não podem ocupar cargos públicos - FOTO: SÉRGIO BERNARDO/JC IMAGEM

Enquanto o Brasil se protege, em casa, de um inimigo em comum e invisível, para muitas mulheres o próprio lar pode ser sinônimo de medo e ainda mais silenciamento. Apesar de a quarentena ser essencial para frear o avanço do novo coronavírus, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), ativistas de direitos humanos na China, epicentro da covid-19, relataram que a medida teve como consequência o aumento de casos de violência doméstica. Em alguns estados do Brasil, o crescimento de denúncias também já começam a ser registrados.

A feminista, ativista e secretária da Secretaria da Mulher de Pernambuco, Silvia Cordeiro, explica que as vítimas de relacionamento abusivo estão mais sujeitas à sofrer violência neste período. "As mulheres em distanciamento social, que vivem uma situação já abusiva com seu companheiro, estão mais sujeitas a ser vítimas de uma violência doméstica, disse. “Em uma pandemia, a situação fica muito mais complicada. A jornada de trabalho dessa mulher aumenta, porque ela está em casa cuidando dos idosos e das crianças, e nisso os conflitos da relação afetivo-sexual com seu companheiro ou ex-companheiro também”, completou.

As mulheres em distanciamento social, que vivem uma situação já abusiva com seu companheiro, estão mais sujeitas a ser vítimas de uma violência doméstica
Silvia Cordeiro

Na China, à medida em que relatos de violência doméstica começaram a ser contados nas redes sociais, foram criados pôsteres pedindo que as pessoas não fossem passivas e que denunciassem os casos de violência doméstica quando tiverem ciência destes. Na plataforma social chinesa Sina Weibo, a hashtag #AntiDomesticViolenceDuringEpidemic (#AntiViolênciaDomésticaDuranteEpidemia) foi discutida mais de 3 mil vezes. 

A diretora da organização sem fins lucrativos Weiping, com sede em Pequim, Feng Yuan, contou à BBC que recebeu três vezes mais denúncias de vítimas do crime durante o período de isolamento. “A polícia não deve usar a desculpa da epidemia para não levar a sério a violência doméstica”, criticou. Já Guo Jing, uma ativista que mora em Wuhan, epicentro do vírus, diz que jovens que testemunharam violência doméstica entre seus pais a procuraram, porque as vítimas não sabiam onde pedir ajuda.

A polícia não deve usar a desculpa da epidemia para não levar a sério a violência doméstica
Feng Yuan

Brasil

No Rio de Janeiro, o plantão judiciário registrou crescimento de 50%, segundo o Instituto Patrícia Galvão, organização feminista de referência nos campos dos direitos das mulheres e da comunicação. Já em Curitiba, no Paraná, as delegacias de plantão tiveram aumento no número de casos de violência doméstica no primeiro fim de semana de confinamento. “Com a orientação para que as pessoas fiquem nas suas residências, o número de ocorrências entre as pessoas em casa, como briga entre marido e mulher, briga entre irmãos, tem aumentado muito”, afirma o comandante da Polícia Militar, coronel Hudson Teixeira.

Em Pernambuco, na primeira quinzena de confinamento, a 1ª Delegacia Especializada da Mulher de Santo Amaro, na área central do Recife, registrou um aumento significativo no atendimento da violência doméstica com solicitação de medidas protetivas, segundo a Secretaria da Mulher de Pernambuco. O percentual, no entanto, só será divulgado pela Secretaria de Defesa Social no dia 15 de abril, com os devidos estudos comparativos. “A grande procura das mulheres por atendimento indica que o machismo não nos dá trégua e as pernambucanas estão, cada vez mais, encorajadas a denunciarem”, disse o órgão, em nota.

Denúncias

É preciso se atentar, ainda, para os canais de atendimento de acionamento remoto, já que as mulheres estão isoladas em casa. Em Pernambuco, o governo estadual ampliou os serviços de denúncia online com a intenção de "evitar que as pessoas precisem sair de casa e também diminuir o fluxo de público nas delegacia". A medida, no entanto, não engloba casos de violência doméstica.

Segundo a Secretaria de Defesa Social, o atendimento às mulheres não é feito por meio da internet devido à natureza do crime, que requer a realização de exames de corpo de delito, perícias e outras provas técnicas, ou até mesmo efetuação de flagrantes. 

"Esse tipo de crime contra a vida e a integridade física não pode ser denunciado pela internet devido à necessidade de urgência de atendimento pela Polícia Civil e Polícia Científica. Dessa forma, evita-se que haja perdas para a investigação e para a capacidade das Polícias de prevenir e punir", respondeu a entidade, em nota.

A secretária Silvia Cordeiro orienta que mulheres em situação de perigo mantenham uma rede de contatos de confiança com pessoas que possa atendê-la em caso de violência. "Peça ajuda. E o mais urgente é: está sem situação de violência, ou em risco? Houve violência física? Ligue 190. Se a polícia chega e encontra o caso de violência doméstica, está orientada a chamar a Secretaria da Mulher, encaminhar para a delegacia e [esta] a pedir medida protetiva", elucidou.

Campanhas

Coletivos feministas já fazem alertas por meio das redes sociais contra possíveis casos de agressão contra a mulher nessa quarentena, como o Instituto Maria da Penha, que possui sede no Recife, a Organização Think Olga e o perfil Empodere duas Mulheres.

 
 
 
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O Ministério Público de Pernambuco também lançou campanha para informar sobre os meios de que as mulheres dispõem para denunciar a violência doméstica e familiar.

 
 
 
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O isolamento social é a medida mais eficaz para conter a disseminação do Novo Coronavírus, porém nem todas as mulheres se sentem seguras dentro de casa. Para evitar que a violência doméstica e familiar siga sendo uma epidemia no Estado de Pernambuco, o Núcleo de Apoio à Mulher do Ministério Público de Pernambuco (NAM/MPPE) lança a campanha para informar sobre os meios de que as mulheres dispõem para denunciar a violência doméstica e familiar. os canais de denúncia que estão à disposição das mulheres, como o Disque 190 (Polícia), Ligue 180 (Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência), 0800.281.8187 (Ouvidoria da Secretaria da Mulher de Pernambuco) e o site do MPPE (www.mppe.mp.br).

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Onde procurar ajuda?

A prefeitura do Recife lançou a campanha “Mulher, ficar em casa não quer dizer ficar calada” com a intenção de advertir a população feminina sobre a violência doméstica no período de quarentena. Os serviços de apoio às vítimas geridos pela cidade estão funcionando normalmente.

Liga Mulher

Telefone: 0800.281.0107

Funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 18h

Centro de Referência Clarice Lispector

Endereço: R. Bernardo Guimarães, 470, Santo Amaro

Telefone: 3355.3008/3009/3010

Funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 18h

Centro Sony Santos

Endereço: Dentro do Hospital da Mulher do Recife, BR-101, Curado

Telefone: 2011.0118

Funcionamento: Todos os dias, 24h

Jaboatão dos Guararapes

Centro de Referência da Mulher Maristela Just*

Endereço: R. Paralela São João, 64, Prazeres

Telefone: (81) 3468-2485

Funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 17h

*Durante a quarentena do coronavírus, só são atendidos os casos mais graves

Olinda

Centro de Referência da Mulher Márcia Dangremon

Endereço: R. Maria Ramos, 131, Bairro Novo,

Telefone: 0800.281.2008

Funcionamento: Todos os dias, 24h

Cabo de Santo Agostinho

Centro de Referência Maria Purcina Siqueira Souto de Atendimento à Mulher

Endereço: Rua José Bezerra Filho, Centro

Telefone: (81) 3524.9107

Funcionamento: Segunda a sexta, das 8h às 17h

Centrais e delegacias

A Rede Estadual de Proteção às Mulheres em Situação de Violência de Gênero conta com 593 serviços que funcionam, por meio de atendimento presencial e remoto, desde a Secretaria da Mulher de Pernambuco, aos Organismos Municipais de Políticas Públicas para as Mulheres, existentes em todos municípios pernambucanos, além do sistema de segurança. A Secretaria de Defesa Social do Estado informou, ainda, que todas as delegacias da mulher e centrais de Pernambuco estão funcionando normalmente.

Central de atendimento Cidadã pernambucana: 0800.281.8187

Central de Atendimento à Mulher do Governo Federal - 180

Polícia - 190 (se a violência estiver ocorrendo) - 190 MULHER

Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher:

Santo Amaro

Endereço: Travessa Pombal, s/n, Santo Amaro, Recife

Prazeres

Endereço: Estrada da Batalha, s/n, Prazes, Jaboatão dos Guararapes

Plantão: (81) 3184.7198

Petrolina

Endereço: Rua Castro Alves, 57, Centro, Petrolina

Atendimento: (87) 3866.6625

Caruaru

Endereço: Rua Dalton Santos, 115, São Francisco, Caruaru

Atendimento: (81) 3719-9107

Paulista

Endereço: Rua do Cajueiro, s/n, Centro Paulista

Recepção: (81) 3184-7072

Surubim

Endereço: Rua Santos Dumont, 65, Centro, Surubim

Garanhuns

Endereço: Avenida Frei Caneca, 460, Centro, Garanhuns

Vitória de Santo Antão

Endereço: Avenida Henrique de Holanda, 1333, Redenção, Vitória de Santo Antão

Cabo de Santo Agostinho

Endereço: BR 101, s/n , Pontezinha, Cabo de Santo Agostinho

#UmaporUma

A violência contra a mulher é constante e frequentemente acaba em tragédia. Existe uma história para contar por trás de cada feminicídio, em Pernambuco. O especial Uma por uma contou todas. Em 2018, o projeto mapeou onde as mataram, as motivações do crime, acompanharam a investigação e cobraram a punição dos culpados. Um banco de dados virtual, com os perfis de vítimas e agressores, além dos trágicos relatos que extrapolam a fotografia da cena do crime. Confira o especial Uma por Uma, sobre feminicídio.

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

Citação

As mulheres em distanciamento social, que vivem uma situação já abusiva com seu companheiro, estão mais sujeitas a ser vítimas de uma violência doméstica

Silvia Cordeiro
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A polícia não deve usar a desculpa da epidemia para não levar a sério a violência doméstica

Feng Yuan

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