NOVO COMANDO

Novo ministro da Saúde, Nelson Teich fala em "alinhamento completo" com Bolsonaro, mas diz que não haverá "movimento brusco"

O médico oncologista Nelson Teich foi anunciado como novo ministro da Saúde nesta quinta-feira (16) após o anúncio da saída de Luiz Henrique Mandetta

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Publicado em 16/04/2020 às 17:41 | Atualizado em 16/04/2020 às 20:01
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Desafio para o novo chefe da Saúde. Brasil tem um dos menores níveis de testagens da população para o novo coronavírus entre os países mais afetados pela doença - FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE

O médico oncologista Nelson Teich foi anunciado como novo ministro da Saúde na tarde desta quinta-feira (16). Ao lado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Teich afirmou que as decisões a respeito da pandemia do novo coronavírus, principal impasse entre o governo e o até então ministro Luiz Henrique Mandetta, serão tomadas "de maneira técnico e científica", mas, segundo ele, os próximos passos serão dados "em alinhamento completo" com o presidente. 

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"Existe um alinhamento completo aqui, entre mim e o presidente e todo grupo do ministério (da Saúde), e que, realmente, o que a gente está fazendo aqui hoje é trabalhar para que a sociedade retome de forma mais rápido a uma vida normal. A gente trabalha pelo país e pela sociedade", comentou. 

No início do discurso, Teich abordou a questão da saúde e economia e afirmou que elas "não competem entre si". "Elas são complementares. Quando você polariza uma coisa, você começa a tratar como pessoa versus dinheiro, o bem versus o mal, emprego versus pessoas doentes. E não é nada disso", disse. Segundo ele, a economia é um dos fatores determinantes sociais da saúde. "Hoje em dia, a gente tem uma discussão a área da saúde que são os determinantes sociais da saúde. O que traz saúde para a sociedade? Um deles é o cuidado em saúde, mas a gente tem estabilidade econômica, educação, entre outros. Uma coisa importante do desenvolvimento econômico é que ele arrasta as outras coisas. Quanto mais desenvolvido economicamente um país, mais você investe em saúde mais você tem recurso para ajudar a sociedade", continuou. 

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Em relação ao isolamento social, abertamente defendido por Mandetta, o novo ministro da Saúde afirmou que não vai haver "qualquer definição brusca, radical", mas não explicou como a nova gestão da pasta irá tratar a quarentena. 

Bolsonaro fala em "divórcio consensual"

Antes do novo ministro se pronunciar, o presidente Jair Bolsonaro se posicionou sobre a saída de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde. O chefe do Executivo classificou a mudança na pasta como "um divórcio consensual" e comentou sobre a reunião com Mandetta, realizada antes do anúncio da exoneração. "Discutimos a situação atual do ministério, bem como da pandemia. Foi uma conversa bastante produtiva, muito cordial, onde nós selamos um ciclo selamos um ciclo no Ministério da Saúde", iniciou o discurso. Em seguida, o presidente voltou a abordar a questão da economia. "Quando se fala em saúde, nós falamos em vida, e não podemos deixar de falar de emprego", afirmou.

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Bolsonaro defendeu o ponto de vista usando o exemplo de um paciente que tem duas doenças. "Nós não podemos abandonar uma e tratar exclusivamente da outra, porque no final d alinha esse paciente pode perder a vida", argumentou. Ainda segundo o presidente, foi instalado "um clima quase de terror" na sociedade. "Uma pessoa que vive sob tensão num clima de histeria, é uma pessoa propensa a desenvolver novas doenças ou agravar aquela que já tem. Entendemos perfeitamente a gravidade da situação. Gostaríamos que ninguém perdesse a vida, não só por essa causa, mas por nenhuma outra", disse.

Em relação ao posicionamento de Mandetta sobre a economia, o presidente comentou que "não foi da forma que eu achava que deveria ser tratada", mas que "não condena, não recrimina e não critica" o médico ortopedista.

Mandetta deixa o comando do Ministério da Saúde

A demissão do médico ortopedista Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde já vinha sendo levantada há algumas semanas. Nos últimos dias, Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro vinham se posicionando de forma diferente a respeito do isolamento social causado pelo novo coronavírus e do uso da cloroquina em pacientes infectados. Enquanto que o médico defende abertamente o isolamento total da população e cautela no uso do medicamento, o presidente é a favor do isolamento parcial, ou seja, apenas para o grupo de risco, e também do uso da cloroquina nos pacientes.

O anúncio da exoneração foi feito no Twitter. "Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto da melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar. Agradeço a toda equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso País", comentou.


LUCIO BERNARDO JR/CÂMARA DOS DEPUTADOS
Mandetta enquanto deputado, em 2016 - FOTO:LUCIO BERNARDO JR/CÂMARA DOS DEPUTADOS

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