O ministro da Saúde, Nelson Teich, que assumiu o comando da pasta no dia 17 de março, concedeu a primeira coletiva na tarde desta quarta-feira (22). Ao lado dos ministros Braga Neto (Casa Civil), Marcelo Álvaro Antônio (Turismo), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) e do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), Teich anunciou alguns dos próximos passos do Ministério da Saúde, que voltará às entrevistas coletivas com detalhes técnicos na próxima semana. Uma das medidas, será a divulgação de diretrizes sobre a flexibilização do isolamento social para estados e municípios.
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Segundo o ministro, a matriz das medidas de relaxamento já está pronta e deve ser entregue na próxima semana. Teich explicou que, devido ao tamanho do país, as diretrizes não serão as mesmas para todas os estados e municípios. "O Brasil é gigante e heterogêneo, não tem como não ser customizadas (as diretrizes) para as diferentes partes do país", comentou. O chefe do Ministério da Saúde disse que tais diretrizes "darão suporte" para que os governadores, prefeitos e secretários "criem as suas próprias estratégias".
Sem dar muitos detalhes, o ministro explicou que as diretrizes levarão em conta dados como número de casos novos que deverão surgir nas próximas semanas somado aos casos anteriores, recursos humanos, leitos hospitalares no total e quantos estão ocupados. "Vamos trabalhar as variáveis e o modelo será entregue para que os secretários possam usar como parâmetro, explicou.
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Integração aos outros ministérios
Teich informou também que o Ministério da Saúde irá trabalhar, de forma integrada, aos outros ministérios do atual governo, como a Casa Civil. O ministro explicou que a pasta conta com três pilares: informação, infraestrutura e criação de diretrizes para flexibilização do isolamento social.
Em relação à informação, o médico disse que "nós sabemos muito pouco da doença e quando se sabe muito pouco,o poder de decidir de forma mais estruturada é fundamental, quantos casos, quantos ficam no hospital, quantos vão para a UTI". Segundo ele, será criado um banco de dados com informações ligadas aos hospitais para consolidar os dados.
Teich citou também que, atualmente, os hospitais estão focados em atender ao coronavírus, mas que é importante olhar também para as outras doenças. "É fundamental que, por mais que foque na covid-19, a gente não esqueça as outras pessoas", comentou.
Critica às projeções
Durante a coletiva, Teich criticou as projeções realizadas sobre o novo coronavírus e disse que elas "são muito complexas" e que alarmam a população, fazendo menção à projeção de óbitos realizada pela Imperial College, em Londres, no Reino Unido. Segundo o estudo, 1 milhão e 150 mil pessoas morreriam no Brasil, mas com "algum tipo específico de cuidado" esse número cairia para 44 mil. "É impossível. Não tem medida que caia de 1 milhão e 150 mil para 44 mil", afirmou. "Não é que o modelo seja metodologicamente incorreto, mas ele tem as premissas que você coloca nele. Se você coloca um número errado, o resultado pode ser completamente desbaratado e vocÇe começa a comprar pessoas que fizeram projeções completamente diferentes. E o pior, você gera números muito alarmantes", completou.
Testes em massa
Em relação aos testes em massa para monitorar os casos do novo coronavírus, o ministro Nelson Teich que o país não adotará esse tipo de testagem. "Não tem fórmula mágica, não tem teste em massa. Se vocês imaginarem a Coreia do Sul, que é uma referência, eles fizeram 11 mil testes por milhão de pessoas. Isso não é teste da população. Isso não é teste em massa. O que você tem que fazer quando você usa o teste é mapear a população de tal forma para que a tua amostra reflita a população", comentou, e ainda citou a testagem na Itália, um dos países mais afetados pelo vírus. "A Itália, por exemplo, fez 25 mil [por milhão], mais que o dobro da Coreia, e a Itália foi aquele desastre", completou.
"Na verdade, o que importa não é você testar. O que importa é como é que você conduz de acordo com o que você tem a partir do teste", afirmou o novo ministro da Saúde.
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O que é coronavírus?
Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.
A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.
Como prevenir o coronavírus?
O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:
- Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
- Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
- Evitar contato próximo com pessoas doentes.
- Ficar em casa quando estiver doente.
- Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
- Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
- Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).
Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.
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