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Devido coronavírus, ocupação de UTI supera 70% em Estados

Em Pernambuco e no Rio de Janeiro a taxa passa de 90%

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Publicado em 01/05/2020 às 12:40 | Atualizado em 01/05/2020 às 12:40
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Com o avanço da doença, governos correm para levantar hospitais de campanha e ampliar o número de vagas - FOTO: JAILTON JR./JC IMAGEM

A ocupação dos leitos de UTI para pacientes do coronavírus já é superior a 70% em ao menos seis Estados. A situação é registrada em Espírito Santo, Pará, Ceará, Amazonas, Pernambuco e Rio - nesses dois últimos, a taxa passa de 90%, considerada de saturação por especialistas. Com o avanço da doença, governos correm para levantar hospitais de campanha e ampliar o número de vagas. Médicos e gestores dizem que a pandemia ainda não teve seu pico no Brasil, o que deve elevar a pressão sobre os hospitais.

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Pernambuco 

Em 40 dias, Pernambuco abriu 348 leitos de UTI para pacientes com a doença, e, segundo a gestão estadual, dez novas vagas têm sido ofertadas por dia, em média. Mesmo assim, anteontem, a taxa de ocupação dos leitos abertos para covid-19 no Estado já era de 96%.

Secretário da Saúde de Pernambuco, André Longo atribuiu a saturação à falta de isolamento social. "Reconhecemos que a situação dos nossos serviços de saúde é muito difícil, porque as pessoas estão adoecendo ao mesmo tempo. Era um alerta que fazíamos desde o início. A falta de maior isolamento social, na casa dos 70%, tem feito pernambucanos adoecerem, procurarem os serviços de saúde ao mesmo tempo e isso tem levado à sobrecarga " Longo afirma ainda já haver fila por vaga em UTI. De acordo com ele, os "profissionais de saúde estão tendo de tomar opções sobre quem levar primeiro para terapia intensiva".

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Rio de Janeiro

Também sobrecarregado, o Rio abriu 287 leitos de UTI específicos para pacientes suspeitos ou confirmados. E quase todos (94,8%) já estão ocupados, segundo a Secretaria da Saúde. Considerando não só os leitos específicos para coronavírus, mas sim toda a rede de saúde estadual do Rio, a taxa de ocupação dos leitos de UTI já está em 85%, e vem crescendo rapidamente. Há pouco mais de duas semanas, diz a pasta, a taxa era de 63% e há uma fila de 369 pacientes (leia mais ao lado). O Rio prevê abrir, no início de maio, um hospital de campanha com 400 leitos no Maracanã - 80 de UTI. Outros 1,4 mil devem ser abertos gradualmente.

Amazonas 

Primeiro a ver seu sistema de saúde colapsar e cenário das centenas de enterros em valas coletivas, a Secretaria de Saúde do Amazonas informa não ter dados de leitos de UTI de toda a rede estadual - sintomático em um País que enfrenta larga subnotificação de casos. Em Manaus, 89% dos leitos para covid-19 estão em uso. O governador Wilson Lima (PSC) disse que iria endurecer as regras de isolamento social na tentativa de frear o surto.

Ceará e São Paulo

Com 87% de ocupação, o Ceará prevê a criação gradativa de 403 novas vagas, conforme a compra de equipamentos e disponibilidade de profissionais. Na região de Fortaleza, o cenário é ainda mais grave: 97%.

Em São Paulo, epicentro da doença no País, o índice de ocupação dos leitos destinados exclusivamente a pacientes da covid-19 é de 68,7% - na região metropolitana, o quadro é pior, com 89% de preenchimento e pacientes serão levados para o interior. Nas últimas semanas, o Estado abriu 1.881 leitos de UTI exclusivos para covid-19 no SUS. Também montou três hospitais de campanha no Pacaembu, no Anhembi e no Complexo do Ibirapuera, que será inaugurado nesta sexta-feira, 1. Juntos, eles somam 2.268 leitos, sendo quase todos de baixa e média complexidade.

Dentro dos Estados, a escalada na procura por leitos também cria desafios logísticos. "Pacientes que precisam de UTI estão sendo encaminhados para municípios de referência e já tem fila de espera", diz Wilames Freire, presidente do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde. "Eles ficam em leitos clínicos semi-UTI, UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) ou hospitais intermediários até sair a vaga."

Alerta

Professor de Gestão em Saúde da Fundação Getulio Vargas (FGV), Walter Cintra Ferreira classifica como "preocupante" o cenário. "Uma UTI com 90% de ocupação significa que está lotada. Quem tem 90% tem fila porque, quando sai um paciente, o leito tem de ser desinfectado e há um tempo para que seja ocupado. É preciso ter seriedade do governo, principalmente o federal. Não é uma situação que se resolve apenas aumentando leitos nem esperando medicamentos milagrosos."

Um leito de UTI, afirma ele, depende de equipes especializadas e compra de equipamentos, de modo que o foco deveria ser em evitar a propagação da doença e criar alternativas de rápido atendimento dos infectados. "As doenças não são combatidas no hospital, que é o último reduto. Quando chega ao hospital, já está com a batalha meio perdida. Temos de mobilizar a sociedade como um todo para conseguir medidas de contenção da transmissão e ter uma central única de leitos de UTI, públicos ou privados, e uma fila única", afirma Cintra. O Estado mostrou semana passada que a gestão Jair Bolsonaro não tem controle sobre o número de UTIs ocupadas no País.

Em situações normais, a ocupação de 95 a 100% das UTIs faz parte da rotina de hospitais, diz Gonzalo Vecina, professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP) e colunista do Estado. Mas isso deveria mudar na crise. "Trabalhar com ocupação plena dos leitos é normal, porque há rotação; é feito com programação. Na epidemia, nunca se sabe como será o momento seguinte. Estamos na fase ascendente da curva e não chegamos ao pico. Se não cair, será difícil não colapsar o sistema."

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O que é coronavírus?

Coronavírus é uma família de vírus que causam infecções respiratórias. O novo agente do coronavírus foi descoberto em 31/12/19 após casos registrados na China.Os primeiros coronavírus humanos foram isolados pela primeira vez em 1937. No entanto, foi em 1965 que o vírus foi descrito como coronavírus, em decorrência do perfil na microscopia, parecendo uma coroa.

A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida, sendo as crianças pequenas mais propensas a se infectarem com o tipo mais comum do vírus. Os coronavírus mais comuns que infectam humanos são o alpha coronavírus 229E e NL63 e beta coronavírus OC43, HKU1.

Como prevenir o coronavírus?

O Ministério da Saúde orienta cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir infecções respiratórias agudas, incluindo o coronavírus. Entre as medidas estão:

  • Lavar as mãos frequentemente com água e sabonete por pelo menos 20 segundos, respeitando os 5 momentos de higienização. Se não houver água e sabonete, usar um desinfetante para as mãos à base de álcool.
  • Evitar tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas.
  • Evitar contato próximo com pessoas doentes.
  • Ficar em casa quando estiver doente.
  • Cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar com um lenço de papel e jogar no lixo.
  • Limpar e desinfetar objetos e superfícies tocados com freqüência.
  • Profissionais de saúde devem utilizar medidas de precaução padrão, de contato e de gotículas (mascára cirúrgica, luvas, avental não estéril e óculos de proteção).

Para a realização de procedimentos que gerem aerossolização de secreções respiratórias como intubação, aspiração de vias aéreas ou indução de escarro, deverá ser utilizado precaução por aerossóis, com uso de máscara N95.

Confira o passo a passo de como lavar as mãos de forma adequada

 

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