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Projeto Comprova: registro de número de mortes não diminuiu no Amazonas após visita do ministro da Saúde

O estado também registrou recorde de óbitos pela covid-19 em um único dia quando o ministro deixou a capital

Amanda Rainheri
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Amanda Rainheri
Publicado em 07/05/2020 às 19:50 | Atualizado em 07/05/2020 às 19:50
COMPROVA
Ao contrário do que afirma uma publicação no Twitter, não é verdade que o número de mortes causadas pelo novo coronavírus tenha reduzido no Amazonas depois da visita de Nelson Teich - FOTO: COMPROVA

Não é verdade que o número de mortes causadas pelo novo coronavírus tenha reduzido no Amazonas depois da visita do ministro da Saúde, Nelson Teich, ao estado.

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Uma publicação compartilhada nas redes sociais diz que, antes da visita do ministro, o governo registrava 140 óbitos diários, mas, com a chegada de Teich, o número caiu para 46, sendo apenas dois por covid-19. O conteúdo dessa mensagem é falso.

Ao contrário do que afirma a publicação, o Amazonas registrou recorde de óbitos em um único dia na última terça-feira (05), quando o ministro deixou a capital, Manaus.

Por que investigamos isso?


O Comprova monitora conteúdos duvidosos sobre o novo coronavírus e sobre a covid-19 compartilhados nas redes sociais e aplicativos de mensagens. A decisão pela checagem considerou três aspectos:

1- Muitos boatos têm sido compartilhados nas redes sociais com conteúdos enganosos que negam os números da pandemia, minimizam os efeitos da covid-19 ou que questionam as decisões de governadores que adotam medidas de isolamento social.


2- Nesta semana, o Brasil teve recorde de mortes pela por covid-19 em um único dia – foram 615, entre terça e quarta-feira. No Amazonas, o número de óbitos causados pela covid-19 também aumentou, e o Estado enfrenta um colapso do sistema de saúde e do sistema funerário. Medidas restritivas têm sido adotadas para diminuir a velocidade de contágio e, assim, reduzir a pressão sobre esses sistemas.


3- O Comprova verifica a veracidade de conteúdos suspeitos que tenham grande viralização. O texto verificado foi curtido e retweetado milhares de vezes pelo Twitter e apareceu no monitoramento do Comprova em publicações no Facebook e no WhatsApp.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma mentira.

Como verificamos?


O Comprova acessou dados do Ministério da Saúde sobre o número de casos de infecção pelo novo coronavírus no Amazonas. Também utilizamos dados relacionados ao repasse de verbas do ministério para o estado e entramos em contato com as assessorias de imprensa das secretarias de saúde do governo do Amazonas e da cidade de Manaus.

O Comprova ainda consultou matérias publicadas na imprensa sobre a situação da pandemia no Amazonas e tentou fazer contato com o responsável pela publicação, no Twitter.

Você pode refazer o caminho da verificação acessando os links que oferecemos nesta reportagem.

Recorde de mortes no Amazonas


Uma das primeiras publicações foi feita pelo perfil @GrimoaldoL, no Twitter, na tarde de terça-feira (05). A mensagem havia sido compartilhada por 1,6 mil pessoas e curtida por 4,2 mil até o dia 7 de maio, quando esta verificação foi concluída.

Na publicação, o autor afirma que no dia 4 de maio, quando o ministro da Saúde realizava visitas a hospitais de Manaus, 46 pessoas haviam morrido em todo Estado, sendo apenas duas delas por covid-19. Diz, ainda, , que no dia 5 de maio, quando a mensagem foi compartilhada, haviam sido registradas 39 mortes. A afirmação é falsa.

De acordo com dados divulgados pelo governo do Amazonas, no dia 4 de maio foram registradas 36 novas mortes só por covid-19 no Amazonas, sendo 22 delas em Manaus. Já no dia 5 de maio, o Estado bateu recorde diário no número de mortes registradas por coronavírus, com 65 óbitos — 41 na capital.

Outro trecho da mensagem que circula pelo Twitter afirma que, antes da visita do ministro, o governo de Manaus dizia que morriam 140 pessoas por dia no estado. A prefeitura da capital negou a informação. Por e-mail, o município disse que “o recorde de óbitos no sistema público funerário ocorreu no dia 26 de abril, quando 120 sepultamentos e duas cremações foram realizadas”. Além disso, “a média de sepultamentos e cremações no sistema público funerário nos cinco primeiros dias de maio segue muito acima da média diária de todo o ano de 2019, que foi de 28,3 sepultamentos”, informou a prefeitura.

O Comprova entrou em contato com o autor da publicação no Twitter, para saber a fonte das informações que divulgou. Ele respondeu que havia lido uma notícia sobre o assunto e que encaminharia o link da reportagem. Contudo, isso não foi feito até o momento da publicação desta checagem.

Uma outra versão do texto falso, que também circulou pela internet, dizia que houve redução de 1000% no número de mortes no Estado em dois dias, o que, além de não fazer sentido, matematicamente, não se confirma em nenhum aspecto. O Amazonas registrou um aumento de 38% no número de mortes entre o domingo (3) e terça-feira (5), período da visita do ministro ao estado.

Manaus é uma das cidades mais atingidas pela covid-19 no país, registrando um aumento de 60% no número de casos confirmados da doença na última semana. A taxa de mortalidade do coronavírus no Estado é a mais alta do país e já fez com que a Prefeitura de Manaus abrisse uma vala em um cemitério público da cidade para conseguir realizar todos os sepultamentos. Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde no dia 7 de maio mostram que o Amazonas registra 9.243 casos da covid-19 e 751 mortes.

A visita do ministro


O Amazonas é o primeiro Estado visitado pelo ministro da Saúde, Nelson Teich, durante a pandemia. Na visita, que durou dois dias, Teich conheceu hospitais em Manaus e anunciou a chegada de 267 profissionais de saúde para reforçar o enfrentamento ao coronavírus no estado. Ao todo, são 37 médicos, 118 enfermeiros, 57 técnicos em enfermagem, 26 fisioterapeutas, 12 farmacêuticos e 17 biomédicos, que vão atuar em todo o Amazonas.

Desde o início da pandemia, o Ministério da Saúde destinou R$ 68,8 milhões ao Estado para o fortalecimento da rede hospitalar e de vigilância, além do envio de 1,5 milhão de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e de 90 respiradores.

Contexto


Os dados sobre a dimensão da pandemia do novo coronavírus no Brasil vem sendo constantemente questionados por grupos contrários às medidas de isolamento social e podem ser prejudiciais no combate à doença no país.

O texto verificado sugere, de forma equivocada, que, com a presença do ministro da Saúde, dados que estariam inflados passaram a ser registrados da forma correta.

Alcance


A mensagem havia sido compartilhada por 1,6 mil pessoas e curtida por 4,2 mil, no Twitter, até o dia 7 de maio, quando esta verificação foi concluída.

O conteúdo desta verificação também foi checado por Aos Fatos.

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