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Maioria dos adultos brasileiros fazem parte de algum grupo de risco, diz pesquisa

São, ao total, 86 milhões de pessoas que apresentam ao menos um dos fatores que pode aumentar o risco de complicações

Do Correio para a Rede Nordeste
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Publicado em 13/05/2020 às 17:11 | Atualizado em 13/05/2020 às 17:15
FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
No Brasil, 47,5% das mulheres eram pouco ativas em 2019. Já os homens apresentaram uma taxa de 32,1% - FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

No início da pandemia do coronavírus, muito se falou que os idosos eram mais suscetíveis à doença. Entretanto, elementos como problemas no coração ou um acidente vascular cerebral (AVC) são fatores de risco tão grandes para a covid-19 quanto uma idade avançada.

Pegando todos os brasileiros que possuem algum fator de risco além da idade, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) chegou a conclusão de que mais da metade da população adulta do Brasil está dentro de algum grupo de risco.

São, ao total, 86 milhões de pessoas que apresentam ao menos um dos fatores que pode aumentar o risco de complicações, caso haja contaminação pelo coronavírus. Isso equivale a 41% dos brasileiros e 54% dos adultos, dos quais 30% deles têm ao menos um fator que pode causar o agravamento do quadro em caso de contaminação, 15% têm dois fatores, enquanto 9% têm 3 ou mais.

Foram considerados grupos de risco idosos (acima de 65 anos), portadores de doenças crônicas (doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão, doenças respiratórias crônicas (em particular doença pulmonar obstrutiva crônica), câncer e doenças cerebrovasculares (acidente vascular cerebral - AVC).

Também foram incluídos outros fatores de risco, provenientes de estudos mais recentes realizados nos Estados Unidos e na Europa, como doença renal crônica, obesidade, asma e tabagismo.

Menos instruídos têm mais fatores de risco


Considerando o grau de escolaridade, é possível perceber que adultos que não concluíram o ensino fundamental estão muito mais propícios a estarem nos grupos de risco, com 80%. Enquanto isso, a parcela da pesquisa que possui ensino superior e apresenta fatores que podem agravar o estado de saúde é de 46%.

Para Rezende, há duas causas principais para a diferença entre os índices. “Pessoas com menor escolaridade tendem a ter um menor nível socioeconômico e menos acesso a recursos básicos", disse.

“A prevalência de doenças é maior justamente na parcela da população mais vulnerável, que mora em locais onde o distanciamento físico é difícil, tem vínculos empregatícios mais frágeis e menos acesso a serviços de saúde. É preocupante”, afirmou Rezende em entrevista ao G1.

Além disso, existe uma relação entre idade e nível de instrução. "Nas pessoas acima de 65 anos, 67% têm nível de escolaridade incompleto. Em pessoas abaixo dessa faixa, são apenas 15% tem o primeiro grau incompleto", completou.

Análise por estados


A pesquisa também retrata a proporção no grupo de risco por estados. Nesse caso, observa-se uma predominância de estados do Sul e Sudeste entre os que têm maior fatia da população nos grupos de risco, com Rio Grande do Sul (58,4%), São Paulo (58,2%) e Rio de Janeiro (55,8%) nas primeiras posições.

Por outro lado, Amapá (45,9%), Roraima (48,6%) e Amazonas (48,7%) são os estados com menor proporção de populações nos grupos de risco.

Para Rezende, a explicação também passa pelos fatores socioeconômicos. “Há duas possíveis explicações para essa diferença. Uma tem relação com a maior expectativa de vida nos estados do Sul e Sudeste, onde o nível socioeconômico da população é maior e, portanto, há mais idosos. A outra seria o menor acesso ao diagnóstico médico no Norte e Nordeste, que poderia ter enviesado os dados sobre a prevalência de doenças como diabetes e hipertensão, que, muitas vezes, são assintomáticas no início”, diz.

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