Quando começou o expediente especial do Projeto Comprova sobre o novo coronavírus, os checadores participantes se depararam com um desafio. Além de atender à precisão e ao rigor que as investigações propostas pela coalizão sempre exigiram, os jornalistas precisaram navegar em um cenário em que as informações sobre a pandemia mudavam rapidamente e a agenda de notícias falsas acompanhava as declarações e os posicionamentos governamentais.
À medida em que a comunidade científica se esforçava para produzir estudos em velocidade inédita e os órgãos de saúde de todo o mundo se organizavam para criar protocolos de enfrentamento à covid-19, o trabalho de separar os fatos das mentiras que circulam nas redes sociais se tornou ainda mais difícil.
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Além de mais desafiadora, a verificação passou a ter outro nível de importância. Nestes novos casos investigados pelo Comprova, a desinformação está diretamente relacionada à saúde das pessoas.
Boatos sobre curas milagrosas e métodos preventivos não testados podem trazer uma falsa sensação de segurança, que estimula o relaxamento de medidas de proteção que realmente funcionam — como a higiene das mãos e o distanciamento social. Mais perigoso ainda é o convite à automedicação, que pode trazer riscos reais à saúde. Sabemos que, ao desmentir desinformação sobre o novo coronavírus, estamos tocando em um dos temas mais delicados para os leitores: o medo de adoecer e de colocar as pessoas que amam em risco.
Ao longo dos 70 primeiros dias em que os veículos participantes do Comprova se dedicaram a monitorar, checar e explicar o conteúdo on-line sobre o novo coronavírus, a desinformação sobre o assunto seguiu tendências que acompanharam o debate público em torno da pandemia. Muitas das verificações publicadas abordaram temas semelhantes — sempre refletindo o que nas redes sociais era mais viral sobre a covid-19. Nos textos abaixo, separamos algumas das ondas de boatos que tivemos que navegar.
Problemas com dados
O recente apagão de dados sobre a covid-19 do Ministério da Saúde — a pasta mudou o horário de divulgação de estatísticas e deixou de informar o total de mortos e infectados pelo vírus — evidenciou a crença, por parte de integrantes do governo e do próprio presidente Jair Bolsonaro, de que os números da pandemia estavam exagerados.
Esse pensamento, que não tem base na realidade, também permeou vários dos conteúdos enganosos desmentidos pelo Comprova nos últimos 70 dias. Virologistas e epidemiologistas calculam que o número de vítimas da covid-19 é muito maior do que o registrado oficialmente e apontam um problema de subnotificação de casos. Um estudo adotado pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estima que o número real de infectados seja entre oito e dez vezes maior que o divulgado oficialmente.
Os boatos falsos sobre supernotificação se tornaram mais frequentes à medida em que os números de contágio pelo novo coronavírus se tornavam mais alarmantes. Entre as primeiras verificações publicadas pelo expediente especial do Comprova, ainda no final de março, estava a que explicava que na Itália ainda não tinham sido registrados óbitos de crianças e outra que esclarecia que a “etapa de máxima de infecção” pelo vírus no Brasil estava próxima. Naquela semana, o país tinha pouco mais de 4,6 mil pacientes da covid-19 e 165 mortos. Nesta terça-feira, 16, o número de casos é 196 vezes maior e o de óbitos, 270 vezes mais alto. São 904.734 casos e 44.657 óbitos, segundo levantamento do consórcio de veículos de imprensa com dados das secretarias estaduais de saúde.
Nas semanas seguintes, em que a curva epidemiológica brasileira se tornou cada vez mais íngreme, o Comprova identificou mais exemplos de conteúdos virais que buscavam minimizar a gravidade da pandemia. Entre os exemplos estão vídeos que mostravam leitos vazios; a acusação falsa de que o governo da Bahia estaria “inventando” casos de covid-19; e a distorção de dados de registros de óbitos em cartórios para negar a existência da pandemia.
Chama a atenção ainda que algumas das peças de desinformação desmentidas pelo Comprova tinham como objetivo negar a realidade de alguns dos estados com situação mais crítica de contágio pelo novo coronavírus.
Sobre São Paulo, a unidade da federação com maior número de casos, espalhou-se o boato falso de que o Hospital das Clínicas não teria pacientes da covid-19. Também viralizou a mentira de que o cemitério Vila Formosa, na capital paulista, teria covas vazias para simular o aumento no número de enterros. A respeito do Amazonas, estado com segunda maior taxa de casos por habitante, viralizou uma foto fora de contexto sobre caixões vazios, além de uma acusação sem fundamentos de fraude nos registros da covid-19.
O presidente Jair Bolsonaro tem repetidamente minimizado a gravidade da covid-19, à qual já se referiu como “histeria”, “gripezinha” e “resfriadinho”. Em 20 de abril, ao comentar o aumento no número de mortes pelo novo coronavírus, ele disse que não era “coveiro”. Em 28 de abril, o presidente voltou a desprezar a alta no registro de óbitos ao declarar: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?”.
Isolamento social
O isolamento social foi uma medida adotada por governadores dos estados para diminuir o contágio da covid-19. A ideia é que o máximo de pessoas possível fique em casa e evite aglomerações. Para possibilitar a medida, shoppings, bares e restaurantes foram fechados em várias partes do país. Só serviços considerados essenciais – como supermercados, farmácias, postos de gasolina e hospitais – continuaram funcionando.
O presidente Jair Bolsonaro não concorda com a ideia. Defende que a cura não pode ser pior que a doença e que a paralisação dos serviços resultará em uma recessão econômica. Acredita que a retomada das atividades econômicas é essencial para o reaquecimento da economia. Para o presidente, o isolamento deve ser feito de forma “vertical”, ou seja, apenas por pessoas idosas ou com comorbidades.
Em apoio às ideias de Bolsonaro, boatos falsos sobre o isolamento se propagaram pela internet. Em 15 de abril, o Comprova verificou uma notícia falsa sobre pesquisadores de Harvard concluírem que o isolamento poderia piorar a situação da pandemia.
Em 17 de abril, foi publicada uma verificação sobre uma possível mobilização nacional para a reabertura do comércio. O vídeo, que divulgava a “Semana Nacional de Reabertura do Comércio” e a “Semana Bolsonaro”, tinha informações enganosas sobre a retomada das atividades comerciais no país.
Em 1º de maio, a equipe apurou que outro vídeo usava informações falsas para dizer que o lockdown – medida mais rígida de isolamento – foi inútil e que o pico da covid-19 havia ficado para trás. Até hoje não se sabe com certeza quando o Brasil vai chegar ao pico das infecções.
As divergências de opiniões sobre o isolamento social foram uma das principais razões para o racha entre os Executivos federal e estaduais. A ruptura foi ainda mais visível com os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). Isso porque os dois políticos – que apoiaram Bolsonaro no 2º turno das eleições de 2018 – demonstram interesse em concorrer ao Planalto em 2022.
No vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, divulgado por determinação da Justiça, Bolsonaro disse que os governadores estão se aproveitando da pandemia da covid-19 para endossar o discurso contra o governo federal. Na ocasião, Bolsonaro chamou Doria de “bosta” e Witzel de “estrume”.
Ao entrar no foco das discussões sobre a medida, o governador de São Paulo virou tema de desinformação. Um boato usou uma frase de Doria para levantar dúvidas sobre a extensão da pandemia. Uma publicação com grande circulação no Twitter sugeria erroneamente que o governador tucano teria inventado o número de países afetados pela covid-19.
Em meio ao imbróglio com os governos estaduais, Bolsonaro se reuniu com os governos municipais para ouvir seus pleitos em troca de apoio. Em 22 de março, o presidente e o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta conversaram com os prefeitos sobre os pleitos municipais no tratamento do coronavírus. Dois dias depois, em 24 de março, o Comprova verificou um texto que dizia sem provas que governadores e prefeitos usam a pandemia para driblar as leis.
Boatos também seguiram agenda internacional
O Projeto Comprova checou, no período do expediente especial, 15 boatos que citavam entidades internacionais ou protocolos e situações epidemiológicas da covid-19 em outros países. A desinformação internacionalizada sobre a doença mobilizou uma em cada quatro publicações realizadas pela coalizão, em média. O surgimento dos boatos seguiu a agenda pública de evolução dos casos no exterior, a incorporação das medidas de restrição, além de ter sido impulsionado pela politização da pandemia.
Itália, Israel e China foram os países mais mencionados nos conteúdos inverídicos checados, ao lado da Organização Mundial da Saúde (OMS). Não à toa. A Itália foi o primeiro país do Ocidente a registrar de forma massiva casos de covid-19. Em março, quando o Projeto Comprova entrou na fase de investigação de conteúdos ligados ao novo coronavírus, o país era o segundo mais afetado pelo vírus no mundo, atrás da China, primeiro a registrar a enfermidade.
No dia 25 de março, em uma das primeiras postagens do expediente especial, o Comprova mostrou que o governo italiano não havia registrado óbitos de pessoas com menos de 30 anos até o dia 24 de março. A postagem que deu origem à verificação fazia uma correlação direta entre a realidade na Itália e um pronunciamento do presidente da República, Jair Bolsonaro, no qual ele minimizou a epidemia e sugeriu que os governadores descumprissem as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), entre elas a de fechar escolas e universidades. Na ocasião, Bolsonaro chegou a correlacionar os números da Itália à quantidade de idosos e ao clima do país.
Entre fevereiro e março, quando foram confirmados os primeiros casos e mortes por covid-19 no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro minimizou por mais de uma vez a pandemia e seus efeitos. Os posicionamentos acompanharam uma onda de desinformação sobre a origem do vírus. O Comprova, por exemplo, mostrou que uma reportagem da TV italiana RAI sobre vírus criado em laboratório chinês não tinha correlação com a pandemia de covid-19. A alegação verificada foi publicada no Twitter, em 25 de março, pelo ex-vice-premiê da Itália Matteo Salvini, e aparece em artigos e postagens compartilhados no Facebook, Twitter e YouTube.
As publicações eram enganosas. A reportagem em questão fala sobre um grupo de cientistas que criou uma versão híbrida de um coronavírus de morcego na China cinco anos atrás. Em março de 2020, o periódico Nature publicou um estudo que afirma não haver evidências de que esse experimento tenha relação com a pandemia atual.
A onda de desinformação sobre a origem do vírus foi embasada, entre outros fatores, em casos de xenofobia contra asiáticos, que motivaram publicações de autoridades brasileiras durante a pandemia, desencadeando uma crise diplomática com a China. No dia 18 de março, o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) publicou um tweet ligando a criação do novo coronavírus à China. Após a publicação, o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, repudiou a declaração e exigiu a retirada imediata e um pedido de desculpas ao povo chinês, também por meio do Twitter.
O perfil oficial da embaixada da China no Brasil, na mesma rede, classificou como “absurdas e preconceituosas” as declarações de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e emitiu uma nota oficial. As falas motivaram pedidos de desculpas do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O ministro das relações exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, chegou a emitir nota afirmando que as críticas de Eduardo Bolsonaro não refletiam a posição do governo brasileiro. A crise se estendeu até abril, quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, voltou a apontar o país asiático como origem do novo coronavírus, motivando mais um posicionamento da embaixada da China no Brasil.
No dia 3 de abril, o Comprova checou uma corrente afirmando que o novo coronavírus não chegou às grandes cidades chinesas, como Pequim e Xangai. O material apresentava uma série de dados falsos para tentar comprovar que o vírus é um “atentado terrorista” produzido pela China para “criar pânico no mundo”. O Comprova apresentou dados da OMS e da Universidade Johns Hopkins para mostrar a quantidade de casos nas duas cidades, além de atestar os impactos econômicos da pandemia no país e as mudanças provocadas por medidas de isolamento. Confirmando a onda de desinformação sobre a China, o Comprova verificou que eram descontextualizadas as postagens mostrando o prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) com a bandeira chinesa, bem como um áudio afirmando que a China teria contaminado máscaras.
Boatos sobre a Organização Mundial da Saúde (OMS)
A onda de desinformação aproveitando contextos internacionais mesclou boatos envolvendo a China e a OMS, também alvo de críticas de autoridades durante a pandemia. A conduta da entidade foi questionada, no dia 26 de março, pelo secretário de direitos humanos da Procuradoria-Geral da República (PGR), Ailton Benedito. Em artigo, Benedito acusou a OMS de crimes contra a humanidade e disse que a entidade era comandada por um “serviçal da ditadura comunista”. Apesar de não citar nomes, as acusações seguiram uma tendência de críticas ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
No dia 7 de abril, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, publicou críticas à entidade no Twitter, afirmando que ela era centrada na China. O Comprova checou, no dia 31 de março, um vídeo descontextualizado de uma fala do diretor-geral da OMS, usado para referendar a posição de Jair Bolsonaro sobre o enfrentamento à pandemia. Em sua colocação, Adhanom pediu aos governos para considerar os impactos econômicos de um lockdown para as pessoas mais pobres. A fala, no entanto, não significava que a instituição tivesse deixado de apoiar o isolamento social, o que foi esclarecido pelo diretor-geral. Em maio, o Comprova voltou a verificar uma declaração retirada de contexto do porta-voz da OMS, também dentro da agenda de críticas ao isolamento social.
Medidas tomadas por Israel também foram tema de desinformação
Ainda no que diz respeito às condutas internacionais para lidar com o contexto de pandemia, outro lugar alvo da criação de conteúdos inverídicos foi Israel. Em uma live no Facebook, do dia 19 de março, o presidente Jair Bolsonaro chegou a afirmar que em um mês Israel teria uma vacina contra o novo coronavírus. O país foi o segundo visitado por Bolsonaro, em viagens para diálogos bilaterais, depois que ele assumiu a Presidência. Desde então, o governo brasileiro tem demonstrado interesse em promover alianças entre as duas nações. A bandeira de Israel tem sido, inclusive, utilizada por apoiadores do governo brasileiro em protestos durante a pandemia.
No dia 27 de março, o Comprova publicou uma verificação desmentindo que o país do Oriente Médio tivesse controlado o novo coronavírus sem a necessidade de distanciamento social. Os boatos atribuíam a Israel “a melhor situação do mundo no controle do coronavírus”.
As mensagens que circularam no Whatsapp estavam amparadas em um vídeo em que o ministro da Defesa israelense, Naftali Bennett, apoia o isolamento prioritário de idosos. Contudo, desconsideram outras postagens subsequentes sobre as medidas adotadas. O Comprova mostrou um gráfico da evolução de casos em Israel, em que 3.035 casos de covid-19 tinham sido computados até o dia 27 de março. Da mesma forma, mostrou que Israel adotou medidas como o isolamento social por 14 dias de qualquer pessoa que tivesse voltado do exterior e determinou o fechamento de escolas e universidades.
Em maio, Israel voltou a ser tema de desinformação. Dessa vez, associado à onda de conteúdos inverídicos sobre a cura da covid-19. Um vídeo analisado pelo Comprova, cujo título confirmava que o país havia descoberto a cura para a doença provocada pelo novo coronavírus, na verdade fazia referência ao isolamento de um anticorpo que neutraliza o vírus, realizado por um laboratório ligado ao governo israelense. Na época, a instituição afirmou que o achado científico era um avanço, mas que ainda não significava uma vacina – o que foi reiterado pelo ministro da Defesa de Israel, Naftali Bennett.
Medicamentos e tratamentos
Com a corrida global para a descoberta de uma vacina ou um tratamento eficaz contra o novo coronavírus, boa parte das verificações realizadas pelo Comprova durante o expediente especial esteve diretamente ligada ao tema.
Um medicamento, em especial, foi assunto de inúmeros conteúdos falsos ou enganosos: a hidroxicloroquina (e a cloroquina). A menção constante à substância não é nenhuma surpresa, se considerada a aposta e a insistência do governo federal na sua utilização como a principal política de saúde diante da pandemia da covid-19.
Em março, a possibilidade de uso do medicamento foi apontada em um estudo conduzido pelo francês Didier Raoult e, após ganhar repercussão nas redes sociais e em alguns veículos de comunicação americanos, passou a ser defendida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Pouco dias depois, o presidente Jair Bolsonaro começou a fazer o mesmo e, em 26 de abril, chegou a falar sobre estudos que supostamente atestavam a eficácia da hidroxicloroquina durante uma reunião do G20. Em 06 de abril, o Comprova publicou a primeira verificação relacionada diretamente à substância.
De lá pra cá, outras 6 verificações – entre as 60 publicadas, ao todo, pelo Comprova — envolveram, diretamente, boatos e materiais enganosos sobre o uso da cloroquina. No Planalto, as menções ao medicamento também foram – e são – constantes. Bolsonaro anunciou que o Exército estava produzindo o medicamento, entrou em atrito com os dois últimos Ministros da Saúde por causa do tema – que acabou por contribuir para a queda de Nelson Teich à frente da pasta — e, recentemente, aceitou uma doação do governo Trump de milhões de doses da droga, que serão usadas de forma “preventiva”.
Para além do protagonismo da cloroquina, o conteúdo ligado aos tratamentos e medicamentos – mesmo que com base em outras drogas – seguiu duas tendências: a primeira, a tradução de estudos científicos sem reconhecimento dos pares, que atestavam a eficácia deste ou daquele método de combate à doença, ou a descontextualização desse tipo de pesquisa; a segunda, a divulgação de relatos e opiniões pessoais, muitas vezes de médicos, contrárias ao posicionamento oficial de órgãos que representam os especialistas e sem o devido embasamento. Foi nesse último tipo de conteúdo, baseado em experiências pessoais, aliás, que percebemos a maior relutância, por parte dos autores, em aceitar o resultado das verificações.
Por Alessandra Monnerat, Alice Souza, Ana Luiza Bongiovani, Karla Torralba e Mahila Ames
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