PEDIDO DE DESCULPAS

Padre que chamou Bolsonaro de "bandido" se desculpa, mas afirma que o mundo não gosta do presidente

Apesar do pedido de desculpas, durante a missa do último domingo (5), o padre Edson Tagliaferro frisou que não é apenas ele que não gosta de Bolsonaro

Carolina Fonsêca
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Carolina Fonsêca
Publicado em 06/07/2020 às 19:52 | Atualizado em 06/07/2020 às 19:52
REPRODUÇÃO/YOUTUBE
Vídeo em que padre chama Bolsonaro de "bandido" durante homilia viralizou. - FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE

Após viralizar em um vídeo onde chamou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de "bandido", o padre Edson Adélio Tagliaferro pediu desculpas, segundo o portal Congresso em Foco. De acordo bispo da Diocese de Limeira, Dom José Roberto Fortes Palau, o padre "reconhece que se excedeu em suas palavras e pede desculpas ao Sr. Presidente da República e a todos que se sentiram de algum modo atingidos". Na última quinta-feira (2), o padre Edson fez duras críticas a Bolsonaro durante a homilia de uma celebração. O momento foi registrado em vídeo, parou nas redes sociais e se espalhou rapidamente pela internet.

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Pároco da Igreja Matriz Nossa Senhora das Dores, da cidade de Artur Nogueira,no interior de São Paulo, Edson Tagliaferro afirmou, no último domingo (5), que sua fala foi "descontextualizada" e ressaltou ainda que, no dia missa, havia discutido com uma eleitora de Bolsonaro. "É bom que saibam reconhecer no padre um ser humano que também sofre as incoerências da vida, tem suas lutas interiores e desafios exteriores a enfrentar. Naquele dia específico, eu tive uma conversa acalorada com uma apoiadora do presidente da República. Isso talvez tenha sido decisivo para o ocorrido", afirmou.

Durante a homilia, o padre Edson fez duras críticas à postura do governo diante da pandemia do novo coronavírus. "Um país que já chegou a 60 mil mortos pela pandemia e não tem um ministro da Saúde, vocês querem que eu fale o que? Aquilos que todos falam, que ele não trabalha porque não deixam ele trabalhar? Não! É porque ele não presta. Bolsonaro não vale nada", disse. "Quem votou nele deveria se confessar, pedir perdão a Deus pelo pecado que cometeu, porque elegeu bandido para a Presidência", acrescentou.

Em nota, o bispo afirmou que o trecho da homilia "infelizmente ganhou repercussão midiática pelo uso de palavras inadequadas" que se referiam ao presidente Jair Bolsonaro. Dom José destacou ainda que "qualquer opinião pessoal e isolada não representa a posição da Diocese de Limeira". O bispo disse ainda que a Igreja Católica "não se identifica com nenhuma ideologia ou partido político". 

Também por meio de nota, Tagliaferro disse estar ciente das consequências de sua fala, embora não imaginasse que o teor dela pudesse sair dos limites de Artur Nogueira, sua cidade. Ele disse ainda que "mais que uma crítica política", fez uma provocação teológica", pois "quem comunga com o Evangelho não pode se associar ao reino da morte". "Seria bom ainda se perguntar por que um vídeo dizendo essas coisas se espalhou como fogo no capim seco? Há tantas pessoas que dizem isso na internet, não sou o primeiro. O que mudou? Talvez não seja somente eu a estar cansado e angustiado com tudo o que está acontecendo e esta voz acabou representando tantas vozes entaladas na garganta de muita gente", argumentou.

Apesar do posicionamento da Diocese e do próprio pedido de desculpas do padre Edson, ele afirmou, durante a missa do domingo, que "não é apenas ele" que não gosta do presidente. "Por fim, pegando um gancho com a liturgia de hoje, eu queria deixar claro que não sou eu que não gosto do Bolsonaro. O mundo não gosta dele. O mundo está preocupado e debochando do Brasil por causa do nosso presidente. Então, não se preocupem com o padre Edson", frisou.  

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