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Como descobrir se uma informação foi tirada de contexto

Você pode ter compartilhado uma notícia antiga que já não é mais verídica. Veja como detectar esse tipo de desinformação

Laís Arcanjo
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Laís Arcanjo
Publicado em 20/08/2020 às 10:00 | Atualizado em 09/12/2021 às 6:53
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Em poucos passos é possível identificar uma informação que foi tirada de seu contexto original a fim de enganar - FOTO: Unsplash/Reprodução

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Matéria produzida pelo projeto Confere.ai em parceria com o Jornal do Commercio. - confere.ai

Publicadas com a intenção de enganar, notícias fora de contexto se parecem muito com uma informação verdadeira. O resgate de links antigos compartilhados como se fossem novos é uma forma comum de desinformação, por vezes ocorrida por engano, mas também de forma proposital para receber cliques.

Para o professor, historiador e jornalista Raphael Kapa, mesmo sendo uma notícia retirada de seu contexto original, esse tipo de desinformação tem mais aderência entre os usuários de redes sociais. “Sabemos que algumas notícias mexem com a passionalidade das pessoas. Em épocas de tragédia, isso fica claro. Então, a viralização de uma informação fora do contexto acaba tendo bastante adesão por causa disso. O problema é quem recupera essas notícias e as divulga sabendo que estão fora do contexto e querendo mobilizar esses sentimentos das pessoas. Essa má-fé é que tem que ser combatida”, explica Kapa.

O conteúdo fora de contexto é apenas um tipo de desinformação. A jornalista Claire Wardle, do projeto de combate à desinformação First Draft, elencou sete categorias de desinformação que o público deve estar atento: sátira ou paródia, falsa conexão, conteúdo enganoso, falso contexto, conteúdo impostor, conteúdo manipulado e conteúdo fabricado.

 

Leia mais: Estudos mostram por que caímos em notícias falsas
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Entenda como detectar notícias que foram tiradas de contexto e se tornaram uma desinformação

Conteúdos fora de contexto podem confundir muito as pessoas porque usam uma base de verdade para passar uma mensagem distorcida. Por isso é preciso ficar alerta. Saiba como:

Verifique a data de publicação do conteúdo original

Muita gente acaba ajudando a espalhar uma desinformação porque lê apenas a manchete e logo depois compartilha. Acontece que a data da publicação na rede social, por exemplo, pode não ser a mesma do conteúdo original do link compartilhado.

O jornalista e checador do Projeto Comprova Paulo Veras complementa: “nos sites da imprensa, você sempre vai encontrar o dia, mês e ano em que a notícia foi publicada. Em muitos deles, você consegue saber até mesmo a hora e o minuto exato em que aquela notícia foi ao ar. Se fizer mais de um mês que aquela matéria foi publicada, vale a pena pesquisar um pouco mais para saber se há novidades sobre aquele assunto”.

Veja o autor e as fontes citadas na publicação

Verifique se há um link associado ao conteúdo e se esse link é de alguma página oficial ou de algum veículo de imprensa conhecido. “Mesmo que não tenha link, recomendo pesquisar as palavras-chave no Google e ver se aparecem matérias sobre isso. Se um fato real é muito importante ou tem uma repercussão muito grande, é bastante improvável que nenhum grande jornal ou canal de TV tenha falado sobre aquilo”, complementa Paulo.

Sites especializados em disseminar desinformação inventam nomes, cargos e até instituições para dar credibilidade ao que estão dizendo. Por isso, uma busca rápida por esses nomes afasta o perigo de compartilhar um conteúdo falso.

Desconfie de títulos com pontos de exclamação e frases apelativas

Algumas chamadas tendenciosas podem vir acompanhadas de muitos pontos de exclamação, contrariando os padrões jornalísticos convencionais. Frases apelativas também são bastante usadas, como “você não vai acreditar” e semelhantes. É necessário analisar mais a fundo para encontrar veracidade nessas manchetes.

Procure informações sobre quem está por trás da informação

Sites minimamente confiáveis costumam ter uma seção “quem somos” ou “sobre nós”. Na dúvida, confira a apresentação institucional do portal. Veja se há um expediente, um endereço fixo ou algum canal de contato com a redação.

Atenção também aos aplicativos de mensagens. Áudios forjados, vídeos antigos e informações falsas em geral já causaram grandes transtornos, como as filas quilométricas nas agências da Caixa para sacar o Bolsa Família, em 2013.

É importante conferir se a informação compartilhada pode ser encontrada em outros portais de notícias deveículos tradicionais ou órgãos oficiais (o site da Caixa, por exemplo), além dos sites das agências especializadas em checagem de fatos. “Se ainda ficar na dúvida se o conteúdo é verdadeiro, pesquisar em sites que desmentem informações falsas é outra dica. No Brasil, temos o Comprova, o Aos Fatos, Agência Lupa, Estadão Verifica, UOL Confere, Fato ou Fake, Boatos.org. Eles sempre trazem muita informação sobre conteúdos checados, inclusive sobre as informações que eles verificaram ”, comenta Paulo Veras.

Conheça o Confere.ai

O Confere.ai, uma ferramenta de checagem automática de notícias e de produção de conteúdos sobre desinformação desenvolvida pela startup Verific.ai e pesquisadores da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) junto ao Sistema Jornal do Commércio de Comunicação (SJCC). O projeto tem o objetivo de ampliar a cultura da verificação e criar mecanismos para ajudar a audiência a identificar de forma mais rápida e segura conteúdos falsos ou enganosos. Para acessar, basta entrar no site confere.ai ou buscar nas páginas iniciais dos sites do SJCC.

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Matéria produzida pelo projeto Confere.ai em parceria com o Jornal do Commercio. - FOTO:confere.ai

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