Uma pesquisa fruto da parceria entre o Instituto Datafolha, a Fundação Lemann, o Itaú Social e a Imaginable Futures vêm realizando um acompanhamento de crianças e jovens do ensino público do país durante a pandemia do novo coronavírus. O estudo, que já está em sua terceira fase, tem como objetivo mostrar os impactos do isolamento social na vida deste grupo. A pesquisa "Educação não Presencial na Perspectiva dos Estudantes e suas Famílias", teve sua primeira fase em maio, e a segunda em junho.
Entre 7 e 15 de julho o Datafolha realizou 1.056 entrevistas por telefone com os responsáveis legais de 1.556 estudantes de 6 a 18 anos matriculados em escolas públicas de todo o Brasil. A partir dessas conversas, foi constatado que 51% destes alunos não se sentem motivados; 67% enfrentam dificuldades para manter a rotina; 41% deles sentem-se tristes e 48% irritados. Além disso, 74%, ao todo, sentem-se tristes, ansiosos ou irritados. A margem de erro é de 3 pontos percentuais, para mais ou para menos, e os resultados têm confiabilidade de 95%.
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O diretor-executivo da Fundação Lemann, Denis Mizne, revelou que o número dos alunos que recebem atividades remotas das escolas chegou a 82% em julho, e isto, provavelmente, pode estar causando efeitos colaterais. "No começo, achávamos que seriam dois ou três meses de isolamento, e a preocupação foi mobilizar os estados para criar sistemas de ensino a distância, o que foi bem-sucedido. Com o confinamento prolongado, a saúde mental passou a nos chamar a atenção. A fadiga chegou e está cobrando a conta", disse.
A psiquiatra Lee Fu I, coordenadora do Ambulatório de Transtornos do Humor na Infância e Adolescência do Hospital das Clínicas observou que muitas crianças desenvolveram problemas emocionais na pandemia, enquanto outras, que já enfrentavam dificuldades, pioraram bastante. O difícil cenário pode estar ligado com as situações traumáticas que muitas crianças passaram a vivenciar durante este período de crise sanitária, como a diminuição de renda dos pais, o isolamento social, a doença ou o luto por alguém querido. "Há crianças que pulam uma onda, depois outra e outra. Vão bem, até que derrapam no último mês do isolamento", completou a psiquiatra.
Com informações da Folha de S. Paulo.
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