O Brasil é um dos países referência em produção mundial de vacinas, distribuindo 25 tipos diferentes gratuitamente através da rede pública de saúde e exportando para mais de 70 países. O desenvolvimento de uma vacina segue altos padrões de exigência de qualidade e protocolos de procedimentos éticos em todas as suas fases. O processo inclui pesquisas, testes em animais e em seres humanos e uma avaliação final dos resultados pelas agências reguladoras.
As vacinas são substâncias biológicas que têm por objetivo estimular o organismo a produzir anticorpos para proteger as pessoas de determinadas doenças. Com a imunização, é possível o desenvolvimento da chamada “memória imunológica”, uma produção antecipada de anticorpos especializados que reconhecem o invasor, caso a pessoa seja infectada por ele. Dessa forma, a resposta à infecção real será mais rápida e eficaz.
“O valor das vacinas é inquestionável. Junto com a água potável é a principal ferramenta que a gente conseguiu criar para diminuir tanto a morbidade quanto a mortalidade”, diz o presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Juarez Cunha. Os números são positivos quando se fala dos benefícios da imunização da população, segundo Cunha. “Se calcula que são evitadas em torno de 3 milhões de mortes por ano em todo o mundo através da vacinação. E é calculado que a expectativa de vida tenha sido aumentada em torno de 30 anos com a utilização das vacinas.”
Dentre as doenças que possuem vacinação no país estão hepatite, gripe, tuberculose e rubéola. Graças ao sucesso das campanhas de vacinação, a poliomielite, também conhecida como paralisia infantil, é considerada erradicada do Brasil desde 1989. Já a criação de vacinas para doenças causadas por vírus com alta taxa de mutação, como o HIV (causador da Aids), ainda é um desafio.
Segurança e eficácia: etapas de produção de uma vacina
Reações eventuais como febre e dor local podem ocorrer após a aplicação de uma vacina, mas os benefícios da imunização são muito maiores que os riscos dessas reações temporárias.
Desde que a pandemia do novo coronavírus teve início, nos primeiros meses de 2020, surgiu uma busca pela cura da covid-19, bem como uma corrida pelo desenvolvimento de uma vacina contra o Sars-Cov-2. Existem pelo menos 165 vacinas contra a covid-19 sendo desenvolvidas atualmente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A Rússia parece querer chegar na frente nessa corrida. O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que já foi feito o registro que confirma a aprovação de uma vacina desenvolvida no país e que pretende começar a vacinação em massa. No Brasil, uma comitiva paranaense em Brasília solicitou a testagem da vacina russa em 10 mil voluntários do estado.
O problema é que a vacina criada em Moscou só passou pela primeira fase de testes, em que é verificada a segurança, segundo a OMS. Faltaria ainda a segunda etapa, em que é verificada se há uma resposta do sistema imunológico, e, principalmente, a terceira, que garante se a vacina realmente protege contra uma doença.
Existem seis vacinas, das 28 que já são testadas em pessoas, que já chegaram até essa terceira e última fase. São elas:
Programa Nacional de Imunização
Muitas doenças comuns no Brasil e no mundo deixaram de ser um problema de saúde pública por causa da vacinação massiva da população. Poliomielite, sarampo, rubéola, tétano e coqueluche são só alguns exemplos de doenças comuns no passado. Mas, pela diminuição da cobertura vacinal, casos de sarampo voltaram a surgir no país e também em Pernambuco.
Uma das problemáticas, destacada pelo presidente da SBIm, Juarez Cunha, que pode comprometer a vacinação em massa, é o crescimento do movimento antivacina. Na última terça (1º), o Governo federal afirmou que ‘não vai obrigar ninguém a tomar a vacina’ contra o coronavírus. Tal afirmação pode trazer riscos, relata o presidente da SBIm. “Qualquer declaração que venha atrapalhar mais ainda a cobertura vacinal nos leva a problema e risco, porque a partir do momento que temos baixas coberturas vacinais, tem-se risco de muitas doenças voltarem a acontecer. E também não é uma decisão individual. Em termos de saúde pública nós temos que pensar o coletivo.”
O número de cobertura vacinal caiu durante a pandemia, e a Sociedade Brasileira de Imunizações, juntamente com a Unicef, está realizando uma campanha para que esses números voltem a crescer no Brasil.
Além das declarações a favor do movimento antivacina, a desinformação ligada à saúde é outra questão que preocupa, principalmente na atual situação de pandemia de covid-19. “O grande problema em relação à covid é que as vacinas estão sendo desenvolvidas de forma muito mais rápida. As vacinas que fazem parte do calendário de vacinação, do programa de imunizações, levaram no mínimo 4 anos de pesquisa e várias delas 10 a 15 anos”, explica Juarez Cunha. Por conta disso, é notável a desconfiança em relação às vacinas que estão sendo produzidas para combater o novo coronavírus.
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Toda a população pode se vacinar gratuitamente nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) de todo o Brasil. Basta comparecer a um posto de saúde e apresentar o cartão de vacinação.
A ausência da Caderneta de Vacinação não é um impeditivo para vacinar. Toda pessoa pode ser vacinada nos postos de saúde, onde recebe um registro de controle da vacinação (cartão), podendo atualizar mais tarde a Caderneta.
O Calendário Nacional de Vacinação contempla não só as crianças, mas também adolescentes, adultos, idosos, gestantes e povos indígenas, cuja proteção inicia ainda nos recém-nascidos, podendo se estender por toda a vida.
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