MEIO AMBIENTE

Incêndios no Pantanal podem fazer com que arara-azul volte à lista dos ameaçados de extinção, afirma bióloga

Ao sobrevoar áreas afetadas, a especialista encontrou um cenário devastador

Thalis Araújo
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Thalis Araújo
Publicado em 05/10/2020 às 19:17 | Atualizado em 05/10/2020 às 19:22
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Araras-azuis podem voltar à lista dos que se encontram em extinção - FOTO: REPRODUÇÃO

A maior especialista do País em araras-azuis, a bióloga Neiva Guedes, sobrevoou e fez visitas a campo no Pantanal em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, em setembro, para averiguar as consequências das queimadas sobre a espécie. Ela encontrou um cenário devastador, com áreas queimadas, perda de habitat, animais com fome e indícios do aumento da captura das aves para venda por traficantes de animais.

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Segundo Neiva, as araras-azuis podem retornar à lista dos animais que estão ameaçados de extinção.

Ela contou ao site G1 a sensação que teve ao sobrevoar as áreas e confessou que, talvez, nem tudo esteja perdido.

"Houve um misto de emoções ao sobrevoar o Pantanal por cinco dias. De início, a sensação é de desespero, de que tudo está perdido. É desolador. Mas, andando no campo, tivemos algumas surpresas. Sensações boas e outras ruins. Talvez nem tudo esteja perdido, porém, elas [araras-azuis] poderão voltar para a lista dos animais brasileiros ameaçados de extinção."

De acordo com a bióloga, que também é presidente do Instituto Arara Azul, a temporada pós-fogo trouxe muita fome, o que causou a perda de habitat para a espécie. No Pantanal de Mato Grosso, ela destaca a região do Barão de Melgaço, onde se localiza a maior população de araras-azuis livres na natureza.

Em Mato Grosso do Sul, Neiva fala da cidade de Miranda, na região Oeste do Estado. Lá se encontra o Refúgio Ecológico Caiman, que é tido como o maior centro de reprodução da espécie.

Pelo fato de as araras serem "especialistas" e comerem apenas frutos das palmeiras acuri e bocaiuva, o que sobrou como alternativa foram apenas os frutos queimados. Ainda de acordo com Neiva, isso causou lesões iguais a queimaduras na cloaca (local por onde as aves e alguns outros animais excretam seus resíduos orgânicos: fezes e urina). Outro agravante foi a perda de ninhos, por conta das árvores incendiadas.

Tráfico de animais

No âmbito criminal, o que preocupa os especialistas da espécie é a continuidade de tráfico destes animais. No dia 26 de setembro, por exemplo, a polícia interceptou dois paraguaios que tentavam atravessar a fronteira com uma arara-azul em uma sacola plástica. O objetivo deles era vender no mercado ilegal de aves.

"A PMA [Polícia Militar Ambiental] foi acionada, em seguida, e foi até Bela Vista. Nós percebemos que se tratava de um animal adulto, e eles [os criminosos] apontaram o local exato em que pegaram a arara, e nós a devolvemos em seu habitat", disse ao G1 o tenente-coronel da PMA, Ednilson Queiroz.

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