BAHIA

Pescadores à deriva fizeram moqueca enquanto aguardavam resgate em Salvador

Os pescadores Antônio Moreira, 74 anos, e Raimundo Valério, 75, passaram quatro dias esperando socorro

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Do Correio para a Rede Nordeste

Publicado em 11/01/2021 às 17:25
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Era para ser mais um dia comum de trabalho. Antônio Moreira, 74 anos, o Mestre como é conhecido entre os colegas pescadores, preparou o material da pescaria, e separou algumas frutas, água e farinha. Ele e o amigo, Raimundo Valério, 75, zarparam da Ribeira, na Cidade Baixa, em Salvador, Bahia, às 9h45, na quinta-feira (7). Era uma manhã ensolarada. A intenção era voltar no dia seguinte com o barco abarrotado de peixes, mas os dois acabaram embarcando em uma aventura.

Antônio contou que estavam seguindo para a Baixada do Freitas, uma área rica em dentões, guaricema e outras espécies de peixes. O tempo estava bom e a viagem seguia tranquila até que por volta das 15h o motor da embarcação começou a fazer um barulho estranho. “A hélice parou de funcionar. Era um problema no reversor, uma peça no motor”, contou.

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Antônio atua há 40 anos como pescador e nunca havia passado por situação parecida - GIL SANTOS/CORREIO

Náufragos

Raimundo e Antônio são pescadores há mais de 40 anos. O Barco do Noé, como foi batizada a embarcação em que eles estavam, pertence a Raimundo e tem nove metros de comprimento. Os dois amigos são conhecidos do Lobato, no Subúrbio Ferroviário, e muito queridos entre os colegas barqueiros.

A primeira coisa que Antônio e Raimundo fizeram foi amarrar um pano branco na parte mais alta do barco para sinalizar para outros pescadores ou marinheiros que passassem pela região de que precisavam de ajuda, e em seguida começaram a racionar a comida.

Como a intenção era passar apenas uma noite no mar, eles não levaram muito alimentos. As frutas foram as primeiras a terminar. Eles fizeram um pirão com a farinha, e usaram os utensílios e o azeite que levaram, e os peixes que pescaram para fazer uma moqueca improvisada. Nesse momento, ainda havia água potável.

“Tinha outras coisa me preocupando. Eu tenho alguns problemas de saúde, sou diabético, e tinha esquecido de levar o remédio. Tenho que tomar um comprimido pela manhã e outro a noite, mas, graças a Deus, não senti nada. Nessas três noites que passamos no mar, eu fiquei bem”, contou Antônio.

Na tarde de sexta-feira, depois das primeiras 24horas à deriva, eles avistaram um barco. O pescador se aproximou para saber como eles estavam, foi informado do problema, mas não pode fazer muita coisa. A embarcação do visitante era pequena e não tinha condições de fazer o reboque. O barqueiro encontrou então outra forma de ajudar, ele emprestou o celular para Antônio ligar para a família, e deu certo.

 

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