Homicídio

Justiça quebra sigilo do celular de acusado de matar gamer "Sol"

Guilherme Alves Costa, de 18, é suspeito de ter assassinado a jogadora profissional de E-Sports Ingrid "Sol" Bueno com golpes de espada e faca

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JC

Publicado em 27/02/2021 às 22:05 | Atualizado em 27/02/2021 às 22:15
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A Justiça de São Paulo recebeu na última sexta-feira (26) a denúncia do Ministério Público de São Paulo contra um jovem de 18 anos suspeito de ter assassinado a jogadora profissional de E-Sports Ingrid "Sol" Bueno com golpes de espada e faca.

O crime ocorreu na casa do suspeito em Pirituba, Zona Norte de São Paulo, onde a vítima foi encontrada sem vida. O estudante teria fugido após o crime, e informado que iria cometer suicídio. No entanto, o irmão do suspeito conseguiu impedir. O suspeito se entregou à polícia. Ele confessou o assassinato e disse que escreveu um livro com os objetivos do crime.

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O juiz Adilson Paukoski Simoni, da 5º Vara do Júri do Foro Central Criminal, autorizou a quebra de sigilo do celular do jovem. A intenção é investigar se ele agiu por conta própria e também se ele visa outras vítimas. De acordo com a decisão, o acusado teria afirmado que era um "soldado de um exército".

Com a quebra, fica autorizado o levantamento do registro de ligações, fotos, além de troca de informações em redes sociais.

O estudante foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) Paulo Gilberto de Araújo, no bairro do Belém, na Zona Leste de São Paulo. De acordo com a polícia, até a esta sexta-feira ele não tinha apresentado um advogado.

Sol jogava profissionalmente Call of Duty: Mobile na equipe FBI E-Sports. Já o suspeito também joga profissionalmente, mas pelo time Gamers Elite.

Os dois teriam se conhecido pela internet. No dia do crime, o suspeito teria convidado Sol para jogar na residência dele. 

Segundo a Gamers Elite, o suspeito enviou um vídeo da jovem morte no grupo e que os responsáveis informaram "às devidas autoridades".

Blogueira recebeu e-mail

A professora da Universidade Federal do Ceará e blogueira Lola Aronovich, informou ter recebido um e-mail do rapaz. Fotos e vídeos do corpo da vítima também foram anexados.

Um livro de 52 páginas escrito pelo jovem também foi enviado na mensagem eletrônica. Em entrevista ao UOL Esporte, a professora afirmou ter observado uma misoginia explícita, rancor em relação ao pai e raiva da dependência da mãe na mensagem.

"Recebi o email na noite de segunda-feira, mas, como já havia desligado o computador, só li no dia seguinte. Não sei dizer se foi ele quem enviou ou se ele deixou pronto para que alguém enviasse. Não dei muita bola porque não é nada muito diferente das mensagens que eu costumo receber. Além disso, ele não foi claro, não explicava o que havia acontecido. Junto à mensagem, deixou quatro links, que, primeiramente, decidi não abrir. No fim do dia, começaram as primeiras notícias sobre o assassinato de Ingrid. Então, relacionei o email ao ocorrido", relatou a professora.

Ao analisar o livro, Lola observou que, apesar de demostrar ódio pelas mulheres, o garoto também destacou o ódio pela humanidade.

"Quando ele diz que se sente superior à metade da população, imagino que se refira às mulheres. Ele fica muito incomodado por depender financeiramente da mãe, ao mesmo tempo, diz que é obrigação dela sustentá-lo. É um discurso contraditório. Ele diz, no livro, que, se pudesse criar leis, criaria uma que puniria com prisão perpétua ou pena de morte quem abandonasse os filhos. Ele sente muito por não ter conhecido o pai biológico", afirma a professora.

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